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Luciano Trigo

Luciano Trigo

Futurologia

Como será o Brasil sem Lula e Bolsonaro?

(Foto: Pedro Kauan Amorim Lima/Pixabay)

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Bom, é questão de tempo. Aqui não importam ideologias, torcidas, preferências pessoais, nem mesmo a avaliação que se faça dos governos de um e de outro. Pode ser mais cedo ou mais tarde do que se imagina (ou se espera), mas chegará o dia em que Lula e Bolsonaro terão que encerrar suas carreiras políticas. E aí, o que vai acontecer?

Perguntei ao ChatGPT como será o Brasil sem Bolsonaro nem Lula. Segue a resposta, intercalada por comentários meus:

ChatGPT:

“Um Brasil sem Lula e Bolsonaro representaria um momento de transformação política, com o surgimento de novas lideranças e mudanças nas dinâmicas de poder que dominaram o país nas últimas décadas. Ambos são figuras polarizadoras que moldaram a política brasileira desde os anos 2000: Lula, com seu foco em políticas sociais e de redistribuição de renda, e Bolsonaro, com sua agenda de direita, marcada por um discurso conservador e a defesa de um Estado menor.”

Comentário:

Falso, ao menos em um ponto importante. Bolsonaro só surgiu como liderança nacional após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, em parte como consequência da crescente insatisfação popular com os partidos tradicionais, envolvidos em recorrentes escândalos de corrupção, como o PT, o PSDB e o PMDB.

Paradoxalmente, o impulso decisivo a Bolsonaro aconteceu no ano seguinte, quando o sistema tentou, sem sucesso, derrubar Michel Temer. Não derrubou, mas quebrou as pernas de Temer – e pôs um freio nas reformas que ele vinha implementando. A consequência imprevista foi um sentimento de exaustão na sociedade, que levou a maioria do eleitorado a buscar um caminho diferente para o país.

Desconfio que o sistema se arrependeu de ter feito isso. Sem a tentativa de golpe contra Michel Temer em dezembro de 2017 – o episódio mais subestimado da nossa História política recente – é muito possível que Bolsonaro não se elegesse em 2018 – e consequentemente, que Lula não voltasse ao poder, em 2022. Para o bem e para o mal, estaríamos hoje em um Brasil muito diferente. (A respeito do golpe contra Temer, escrevi este artigo, em janeiro de 2022.)

ChatGPT:

“Aqui estão alguns possíveis cenários para o Brasil sem essas duas figuras:

Despolarização ou Reconfiguração Política: A ausência de Lula e Bolsonaro pode abrir espaço para uma maior diversificação do debate político. A polarização extrema entre a esquerda e a direita pode perder força, permitindo o crescimento de forças políticas mais moderadas ou alternativas, como o centrismo ou novos partidos que adotem posturas pragmáticas. Políticos que já demonstram um discurso mais conciliador, como Simone Tebet ou Marina Silva, poderiam ter mais destaque, assim como líderes regionais que estão ganhando projeção, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ou o ex-ministro Sérgio Moro.”

Comentário:

Faz algum sentido, mas dos exemplos citados apenas Tarcísio de Freitas terá chance real de se projetar como liderança nacional. Haverá quem diga que a despolarização prevista pelo ChatGPT será uma volta ao chamado “teatro das tesouras”. Pode ser.

Mas também é possível visualizar um cenário mais saudável, no qual a esquerda e a direita tenham candidatos mais programáticos e menos messiânicos – e com eleitores menos emocionados e passionais. Quem sabe até um Judiciário mais discreto e menos parcial, ou mesmo a volta da liberdade de expressão... Se não for sonhar demais.

Talvez a esquerda perca mais eleitoralmente, sem a presença de Lula, do que a direita perderá, sem a presença de Bolsonaro. O fracasso do PT nas eleições municipais, aliás, sugere que o eleitorado está amadurecendo, no sentido de votar mais com a cabeça e menos com o coração (ou o fígado, dependendo do caso). Até mesmo no Nordeste.

O Brasil sem Bolsonaro nem Lula terá a oportunidade histórica de superar a narrativa do “nós contra eles”, que há décadas divide e envenena a sociedade brasileira

ChatGPT:

“Mudanças no Padrão de Governança: A governança pode mudar dependendo de quem vier a ocupar o espaço político deixado por Lula e Bolsonaro. Um Brasil pós-Bolsonaro pode ver menos ênfase no discurso conservador e mais foco em políticas de longo prazo, como desenvolvimento sustentável e inovação tecnológica. Com a saída de Lula, o Partido dos Trabalhadores (PT) pode buscar se renovar ou até perder protagonismo, dando espaço para uma nova esquerda ou movimentos sociais mais modernos, como o PSOL.”

Comentário:

Como estamos no terreno da especulação, pode acontecer justamente o contrário: até a esquerda está se dando conta de que a sociedade brasileira é, em muitos aspectos, conservadora. Em um Brasil sem Lula nem Bolsonaro, políticos com pautas vistas como conservadoras (em relação a drogas, aborto, ideologia de gênero, etc.) podem ter mais espaço para crescer do que políticos com uma agenda woke.

Não creio que o eleitor dará mais importância a políticas de longo prazo, como o vago "desenvolvimento sustentável", ao contrário: cada vez mais o eleitor exigirá respostas rápidas e eficazes para problemas urgentes e concretos, como a segurança pública – bandeira, aliás, associada à direita.

Sobre a perda de protagonismo do PT: já está acontecendo há bastante tempo. Resta saber se aparecerá de fato uma nova esquerda – que não será, por óbvio, o PSOL. A direita, por sua vez, parece estar construindo diversas novas lideranças - o que é uma competência fundamental na política, a longo prazo.

ChatGPT:

“Impactos Sociais e Econômicos: A agenda econômica do Brasil sem esses líderes dependerá de quem assumir a liderança. Sem Lula, pode haver menos foco em políticas assistencialistas diretas, como o Bolsa Família, e uma maior busca por reformas estruturais. Sem Bolsonaro, pode haver uma tentativa de restabelecer o foco no meio ambiente e na sustentabilidade, setores que sofreram com o desmonte de políticas de proteção ambiental durante seu governo.”

Bom, acho que o ChatGPT precisa se informar melhor sobre as transferências de renda e, sobretudo, as reformas estruturais empreendidas nos dois governos. Mas, de fato, em um Brasil pós-Lula e pós-Bolsonaro, as reformas terão que ser retomadas. E as políticas assistencialistas terão que ser repensadas, de forma a integrar ao mercado de trabalho a imensa parcela da população que hoje depende delas. Um país em que a única ambição dos mais pobres é viver da ajuda do Governo não tem a menor possibilidade de dar certo.

ChatGPT:

“A polarização política poderia ser substituída por um debate mais técnico e focado em soluções, mas também há o risco de que outros populistas ocupem esse vácuo, mantendo o Brasil numa lógica de ciclos de polarização.”

Comentário:

Um debate menos tóxico e mais focado em soluções faria muito bem ao Brasil. Por outro lado, a superação do populismo faria mais mal à esquerda que à direita. Mas, mesmo que a política brasileira continue dominada pelo populismo, acho mais fácil visualizar a emergência de novos líderes populistas à direita que à esquerda. De novo, já está acontecendo. Basta pensar em Pablo Marçal, fenômeno sem equivalente na esquerda.

ChatGPT

“Relações Internacionais: Sem Lula, o Brasil pode perder um pouco de seu papel de liderança dentro da América Latina e de mediador em questões globais, já que ele é uma figura respeitada em diversas instâncias internacionais. Com Bolsonaro fora da cena, é provável que o Brasil busque reconstruir relações com grandes potências e priorize acordos multilaterais, especialmente nas questões ambientais, onde o governo Bolsonaro foi amplamente criticado.”

Jura, ChatGPT? Fica até difícil comentar. Talvez a expectativa da esquerda até fosse essa, mas a realidade está sendo bem diferente.  

ChatGPT:

“Em suma, um Brasil sem Lula e Bolsonaro é um país com potencial para se renovar politicamente, superando a extrema polarização e focando mais em propostas pragmáticas e soluções de longo prazo. No entanto, o cenário dependerá muito de quem assumir o protagonismo, e de como os partidos e eleitores responderão a essa nova fase política.

O Brasil sem Bolsonaro nem Lula terá a oportunidade histórica de superar a narrativa do “nós contra eles”, que há décadas divide e envenena a sociedade brasileira. É questão de tempo. A pergunta que fica é: quem está se preparando melhor para esse futuro, talvez não tão distante, a esquerda ou a direita?

Conteúdo editado por: Aline Menezes

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