No meu último artigo, observei que, poucos meses depois do 25º encontro do Foro de São Paulo, realizado em Caracas em julho de 2019, uma série de manifestações violentas eclodiu no Equador, na Bolívia no Chile e na Colômbia, sugerindo uma ação articulada com o objetivo de desestabilizar governos da América Latina. Vale lembrar que a estratégia de provocar instabilidade por meio de manifestações violentas disfarçadas de protestos “sociais” também foi adotada nos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd por um policial, o que serviu como gatilho para organizações supostamente pacíficas e “do bem”, como o Black Lives Matter dispararem uma onda de vandalismo e destruição por todo o país – que foi um fator fundamental para a derrota de Donald Trump na eleição de novembro passado, ao lado da pandemia de Covid-19 (antes de Floyd e da pandemia, a reeleição de Trump era tida como favas contadas).
Como lembra o cientista político espanhol Ramón Pérez-Maura: “Depois do assassinato de George Floyd em maio de 2020, ocorreram protestos simultâneos em mais de 100 cidades americanas, muitos deles violentos. O modus operandi dos manifestantes sugere que havia uma estrutura de comando central, com amplo financiamento. A semelhança entre os protestos nos Estados Unidos de 2020 e o vandalismo dos protestos de 2019 no Equador, no Chile e na Colômbia é evidente”.
A questão de fundo é que tudo isso jamais seria viável sem um fenômeno antecedente, o sequestro de bandeiras legítimas – como o combate à desigualdade social e ao preconceito contra minorias – por grupos que só estão interessados em usar essas bandeiras como ferramenta e escada para implementar sua agenda ideológica. Nada de bom pode vir daí.
Os seres humanos reais que esses grupos arregimentam e dizem defender – pobres, negros, mulheres, gays etc – são apenas massa de manobra, carne de canhão, combustível para a esquerda alcançar seus propósitos. Tanto isso é verdade que, quando um membro de uma minoria se recusa a aderir à esquerda e se opõe à sua agenda, é imediatamente linchado no tribunal das redes sociais. A cultura do cancelamento nada mais é que uma forma de perseguir e isolar todo aquele que não rezar segundo a cartilha do progressismo identitário, colocada a serviço de um projeto de poder.
Em vários países da América Latina, depois de chegar ao governo por meios democráticos, o método dos partidos socialistas foi tentar se perpetuar no poder modificando a Constituição, aparelhando as instituições e cooptando a mídia e as elites, além de comprar o voto dos mais humildes por meio de programas assistencialistas que matam a fome, mas pouco fazem para promover a real erradicação da pobreza. Nos casos da Venezuela e da Bolívia, o projeto bolivariano triunfou, com consequências bem conhecidas por todos. Em muitos outros países do continente, a ameaça permanece.
Como se isso tudo não bastasse, além do recurso à violência organizada, da suspeita de associação com o narcotráfico e da ampla violação de direitos humanos verificada naqueles países-membros onde a esquerda triunfou, o Foro de São Paulo também é suspeito de ter vínculos com o terrorismo islâmico. Relatórios do Center for a Secure Free Society (SFS) demonstram que a Venezuela já se converteu em um posto avançado na América Latina para o regime iraniano e para grupos como o Hezbollah. E, segundo reportagem publicada no portal israelnoticias.com, “por meio de redes que incluem atividades comerciais legais, o venezuelano Nicolás Maduro, o Hezbollah e outros atores nefastos, como os cartéis de drogas mexicanos e as Forças Armadas Revolucionárias Marxistas da Colômbia (FARC) se ajudam na arrecadação de fundos para expandir sua influência em escala mundial”.
Trata-se, evidentemente, de uma rede de poder informal, à qual recentemente se integrou outro braço: fundado em 2019, o Grupo de Puebla reúne políticos e intelectuais de esquerda como Rodríguez Zapatero, Pablo Iglesias, Alberto Fernández e López Obrador Trata-se de uma versão light e limpinha do Foro, cuja missão, formalmente, não é promover a revolução, mas “articular ideias, modelos produtivos, programas de desenvolvimento e políticas de Estado progressistas.” Ou seja, é o Foro de São Paulo em versão Nutella, mais moderada e palatável que a “esquerda-raiz” do original.
Conforme a tabela abaixo, extraída da Wikipedia, entre os 32 membros fundadores do grupo de Puebla destacam-se sete ex-presidentes, incluindo Lula e Dilma Rousseff. Há outros quatro brasileiros no grupo, incluindo Fernando Haddad e uma professora de Direito (e namorada de Chico Buarque, segundo a mídia especializada) que, em entrevista recente, classificou a operação Lava-Jato como “uma grande catástrofe para o país”.
Embora Maduro e as FARC não estejam representados – até porque já estava pegando mal, para muita gente, aparecer na mesma foto que o ditador Nicolás Maduro (que agora alguns progressistas, pasmem, alegam ser de direita!!! Não há limite para a desonestidade intelectual) – ninguém duvida que o Grupo de Puebla trabalha de forma articulada com o Foro de São Paulo, representando uma grave ameaça para as democracias do continente.
Por exemplo, Pedro A. Urruchurtu, dirigente do Vente Venezuela, de oposição à diutadura de Maduro, já declarou: “Você já ouviu falar do Grupo de Puebla? Preste atenção nesse nome, porque muito do que está acontecendo na América Latina com o disfarce de “protestos sociais” tem uma agenda muito sombria por trás: desestabilizar a região”.
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