| Foto: Reprodução Twitter
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Leio que a popularidade de Joe Biden, que completou seu primeiro ano de mandato na semana passada, vem caindo de forma firme e consistente. Não me surpreendo: o voto que fez a balança pender para o candidato democrata na última eleição americana foi resultado de uma situação anormal e desesperadora, provocada pela pandemia de Covid-19 – e foi um voto dado na esperança de que o novo presidente seria capaz de reverter rapidamente aquela situação.

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Passado um ano, a prometida “volta à normalidade” não aconteceu; ao contrário, a situação piorou – e a frustração aumentou. Os americanos – como, aliás, os brasileiros – estão exaustos com a pandemia e seu impacto na economia. Por conta dessa exaustão, já é palpável o risco de o Partido Democrata perder a maioria no Congresso, nas eleições legislativas que acontecerão em novembro. Com os republicanos no controle da Câmara dos Deputados e do Senado, Biden ficará imobilizado.

Mas o presidente ancião (79 anos completados em novembro) parece meio alienado, dando razão a quem lhe atribui distúrbios cognitivos. Um ano depois da posse, Biden teima no discurso baseado em promessas, de quem ainda está em campanha: nesses dias mesmo ele prometeu, em uma de suas raras entrevistas, disponibilizar 1 bilhão (?) de testes de Covid, que serão enviados gratuitamente às residências dos cidadãos americanos. Vai sobrar teste.

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Fonte: BBC

Enquanto isso, o número de novos casos não para de aumentar, a pandemia está longe de acabar e a média móvel de óbitos está pior que em julho de 2020, quando Donald Trump era acusado pelo então candidato Biden de não saber lidar com a pandemia. Deve-se levar em conta que Biden fracassou mesmo contando com o apoio maciço da mídia, ao contrário de Donald Trump, que enfrentou uma oposição destrutiva não apenas dos jornalistas como também da burocracia, do Pentágono e das agências de inteligência.

Cabe ressaltar que mais americanos morreram de Covid em 2021 (cerca de 418.000), primeiro ano do Governo Biden, do que em 2020, último no do Governo Trump (cerca de 385.000). A incompetência demonstrada por Biden para enfrentar os desafios das novas variantes da Covid-19 mostra, no mínimo, que é muito mais fácil acusar e prometer do que efetivamente governar e resolver os problemas.

Mas a persistência da pandemia não é o único problema de Biden: a inflação nos Estados Unidos em dezembro de 2021 foi a mais alta em quase 40 anos: desde o governo de Jimmy Carter não se via nada parecido. A prometida volta da prosperidade não aconteceu, ao contrário: os americanos estão mais pobres. Nesse terreno, os democratas estão provando do seu próprio veneno. Quando pediam lockdown, costumavam lacrar nas redes sociais com mensagens do tipo “a economia a gente deixa para ver depois”... Pois é.

Fonte: BBC
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(No Brasil aliás, acontece a mesma coisa: as mesmas pessoas que diziam para deixar para pensar na economia “depois” agora estão compartilhando fotos dos preços altos nas gôndolas dos supermercados, colocando no colo do “governo genocida” a culpa pela inflação. É muita falta de caráter.)

Na política internacional e na relação com os vizinhos, Biden também acumula derrotas. Ao fiasco histórico da retirada das tropas americanas do Afeganistão, que resultou na volta dos Talibãs ao poder, e à visível deterioração da relação com a Rússia e a China se somou a crise dos imigrantes ilegais na fronteira dos Estados Unidos com o México, onde a tensão só aumenta. Só em 2021, foram registrados pelos oficiais de fronteira quase 2 milhões de flagrantes de migrantes ilegais. Por fim, a Suprema Corte dos Estados Unidos bloqueou, no último dia 13, a decisão de Biden de tornar obrigatória a vacinação nas empresas com mais de cem funcionários.

Também chamou a atenção no primeiro ano do mandato de Biden a apatia da vice-presidente Kamala Harris, de quem se esperava um protagonismo maior no governo. Mas, pensando bem, esta é uma boa notícia, já que Kamala é sabidamente uma campeã da agenda lacradora que joga americanos contra americanos, impede a polícia de trabalhar e ensina aos estudantes que eles devem ter vergonha da História de seu país.