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Um rápido passeio pelo noticiário dos últimos dias sobre países da América Latina diz muito sobre o nosso continente.
Venezuela
“Governo distribui bonecos de Maduro para as crianças”.
O ditador Nicolás Maduro virou presente de Natal na Venezuela, neste final de ano. O Super Bigode e sua parceira, Super Cilita, a versão boneca de sua mulher, a deputada Cilia Flores, foram distribuídos para as crianças do país. Tudo pago com dinheiro público, naturalmente, enquanto parte da população está se alimentando de carne de cachorro.
“Neste Natal, quase 13 milhões de brinquedos estão sendo entregues pelo governo bolivariano para nossas crianças. Mais um gesto de profundo amor do presidente Nicolás Maduro para com o nosso povo”, escreveu a vice-presidente.
Além disso, desde dezembro de 2021 a TV estatal venezuelana exibe um desenho animado intitulado “Super Bigote”, com um super-herói de visual inspirado no ditador.
A esquerda acha bonito. Assista a um episódio da série de animação no vídeo abaixo:
Argentina
“Messi lidera pesquisa para presidente”
Uma pesquisa realizada nesta semana mostra que os argentinos querem Messi presidente do país. A pesquisa foi feita pela empresa de consultoria Giacobbe e colocou o jogador com grande aprovação por parte da população.
Messi liderou uma hipotética disputa com políticos profissionais, como o atual presidente Alberto Fernández e os ex-presidentes Maurício Macri e Cristina Kirchner: o atacante teve 36,3% dos votos, contra 11,3% de Cristina e 1,3% de Fernandez.
Fernandez, aliás, desacatou recentemente uma decisão da Suprema Corte argentina, relacionada à divisão de recursos do Orçamento. Por causa disso, a oposição já entrou com um pedido de impeachment.
Um detalhe interessante é que apoiadores de Fernandez alegam que ordens ilegais não devem ser cumpridas – o que revela que, no fundo, tudo se resume a uma questão de saber de que lados estão o presidente e a Justiça de um país.
Chile
“Universidade pública aprovou teses que fazem apologia da pedofilia”
Duas teses escritas por estudantes da Universidad de Chile – “Pedófilos e infantes: pliegues y repliegues del deseo” e “El deseo negado del pedagogo: ser pedófilo” contestam o “adultocentrismo” da sociedade capitalista e defendem abertamente o relacionamento de “criances” com adultos. A primeira tese é dedicada pelo autor “aos pedófilos de desejo culposo, para que exorcizem seu mal-estar e seus temores por amarem a quem amam”.
Fortemente criticada, a universidade respondeu afirmando que as teses “cumpriram os requerimentos do processo de formação acadêmica”. Mas um grupo de acadêmicos já se mobilizou para exigir que sejam tomadas “as mais enérgicas medidas, para que não se siga confundindo a liberdade de expressão na investigação acadêmica com a justificação e a apologia de condutas aberrantes”.
Bolívia
“Polícia da Bolívia prende político opositor ao governo federal”
O governador de Santa Cruz de La Sierra, Luis Fernando Camacho, foi detido enquanto voltava para casa após compromissos oficiais. Camacho ganhou notoriedade em 2019, ao liderar os protestos em Santa Cruz por denúncias de suposta fraude eleitoral em favor do então presidente Evo Morales nas fracassadas eleições gerais daquele ano.
Cuba
“Milhares de cubanos migram para os EUA no maior êxodo da história da ilha”
Ao longo de 2022, cerca de 250.000 cubanos, mais de 2% dos 11 milhões de habitantes da ilha, emigraram para os Estados Unidos, segundo dados do governo americano. Mesmo para uma nação conhecida pelos êxodos em massa, a onda atual é notável — maior do que o êxodo do porto de Mariel na década de 1980 e a fuga de 1994 em jangadas, que até aqui eram os dois maiores eventos migratórios da ilha.
El Salvador
“Guerra às gangues é criticada pela imprensa e por ONGs de Direitos Humanos”
Desde março, o governo salvadorenho prendeu mais de 58.000 bandidos que integravam gangues de narcotraficantes e impunham terror à população. Mais de 10.000 militares participaram das operações. O número de assassinatos no país caiu brutalmente. A ONG Human Watch Rights denunciou detenções arbitrárias maciças e processos penais abusivos.
Nicarágua
“Nicarágua registra onda recorde de emigração em meio à pobreza e ao autoritarismo de Ortega”
A inflação crescente, o desemprego, os salários em declínio e a erosão da democracia sob um governo cada vez mais autoritário produziram um aumento drástico do número de pessoas que deixam o país.
Agora, pela primeira vez, a pequena nação de 6,5 milhões de habitantes é um dos principais contribuintes de migrantes que tentam cruzar a fronteira sul dos Estados Unidos. Mais de 180 mil nicaraguenses cruzaram a fronteira sul dos EUA este ano, um fluxo cerca de 60 vezes maior do que o registrado em 2020. “Só estão restando os idosos”, declarou um emigrante. “A Nicarágua vai ficar abandonada”.
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima