O recente atentado a Donald Trump serviu para demonstrar, entre outras coisas, o suicídio do jornalismo. Desnecessário recapitular o comportamento vergonhoso da velha mídia ao noticiar o episódio, tanto nos Estados Unidos como no Brasil.
“Trump cai do palco durante comício” foi apenas uma das manchetes que atestaram a falta de caráter dessa gente. Não que ainda houvesse alguma dúvida sobre a parcialidade da mídia; só não se imaginava que chegariam a esse ponto, perdendo a noção do ridículo.
Mas o atentado serviu, principalmente, para demonstrar o ódio irracional que a esquerda sente por Trump, ódio cultivado diariamente – e metodicamente – ao longo dos últimos oito anos. Ódio materializado em uma perseguição jurídica implacável e na satanização inclemente fomentada por jornalistas, artistas, professores universitários e outros formadores de opinião. Os quais hoje se fazem de surpresos com a consequência da campanha que eles próprios promoveram.
Pior: ainda tentam se esconder atrás de manifestações de vaga rejeição à polarização na política, como se houvesse equivalência moral entre a vítima e o agressor, que seriam igualmente responsáveis. Ou usar a quase-tragédia como pretexto para desarmar a população, como se o problema estivesse nas armas, e não nos criminosos. Em todo caso, por uma questão de coerência, deveriam defender igualmente a proibição da venda de facas, já que elas também são usadas em atentados políticos.
Ainda há muitas coisas a esclarecer sobre o atentado. Mas, qualquer pessoa dotada de um mínimo de honestidade moral precisa reconhecer: o jovem inexpressivo que apertou o gatilho do fuzil AR-15 – que quase explodiu a cabeça do provável próximo presidente da maior democracia do mundo – não foi o único responsável pelo crime.
O atentado foi encomendado, ao longo dos anos, por todos os falsos democratas que pintaram um alvo na cabeça de Donald Trump. Com reiteradas mentiras e mensagens de ódio vendidas como virtude, eles são tão responsáveis quanto Thomas Matthew Crooks. São os autores morais do crime.
Mas de onde vem tanto ódio? Para responder de forma honesta, é preciso examinar quais são as propostas de Trump como candidato a presidente. O que ele fará, se for eleito? A sua plataforma eleitoral, um documento de 16 páginas, é muito clara e objetiva.
O atentado foi encomendado, ao longo dos anos, por todos os falsos democratas que pintaram um alvo na cabeça de Donald Trump: são os autores morais do crime
O documento começa com um preâmbulo que prega um retorno ao senso comum:
“Em 2016, o presidente Donald J. Trump (...) reacendeu o Espírito Americano e nos convocou a renovar nosso Orgulho Nacional. Suas políticas estimularam um histórico crescimento econômico, a criação de empregos e o ressurgimento da indústria. O presidente Trump e o Partido Republicano tiraram a América do pessimismo produzido por décadas de liderança fracassada. No entanto, depois de quase quatro anos da administração Biden, a América está agora abalada por uma inflação violenta, fronteiras abertas, crime desenfreado, ataques às nossas crianças, conflito global, caos e instabilidade. Tal como os heróis que construíram e defenderam esta Nação antes de nós, nunca desistiremos. (...) Seremos uma nação baseada na verdade, na justiça e no senso comum.”
Resumindo o documento:
Na economia, no plano doméstico, Trump propõe a redução de impostos para pessoas físicas e jurídicas a fim de estimular o crescimento econômico. Defende, também, a redução de regulamentações, para aumentar a competitividade entre as empresas e eliminar barreiras de entrada a novos empreendedores.
Em função das políticas públicas adotadas por Joe Biden, os Estados Unidos vivem hoje um caos migratório, que também afeta a economia. Trump propõe aumentar a segurança das fronteiras e reduzir a imigração ilegal (frise-se, ilegal). Além da adoção de controles mais rigorosos, incluindo deportações de criminosos e restrições de asilo.
Na saúde, Trump pretende revogar e substituir o chamado "Obamacare" por um sistema mais eficaz, transparente e acessível, com menos complexidade e burocracia, acompanhado de uma política de redução de preços de medicamentos. Trump é contra políticas de saúde afirmativas de gênero para menores e propõe a proibição do uso de fundos federais para esses serviços.
Na política externa, como explicita o slogan “America First”, Trump prioriza os interesses americanos nas relações internacionais. Na OTAN, cobra dos aliados uma participação maior nos gastos militares. Ele também defende uma abordagem mais dura em relação às práticas comerciais da China e a questões de propriedade intelectual.
Na Justiça, Trump prega uma reforma do sistema judicial e, naturalmente, pretende nomear juízes conservadores para a Suprema Corte e outros tribunais federais. Na segurança pública, apoia o fortalecimento das forças de segurança e a adoção de medidas mais severas contra o crime.
No meio-ambiente, Trump defende a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas, desfavorável à economia americana, e a flexibilização de restrições à exploração de combustíveis fósseis, incluindo petróleo, gás e carvão.
Ora, qualquer um tem o direito de discordar de algumas ou de todas essas propostas de Trump e do Partido Republicano. Mas não são, de forma alguma, propostas absurdas, muito menos fascistas ou antidemocráticas. Elas refletem uma visão de mundo legítima, com direito à existência tanto quanto a visão de mundo da esquerda e do Partido Democrata.
O sujeito pode preferir pagar mais impostos e abrir às fronteiras de seu país à imigração desenfreada. Pode defender o aborto e a ideologia de gênero; é um direito seu.
Mas ninguém tem o direito de pregar o extermínio e o aniquilamento de quem pensa de forma diferente. Porque, ainda que simbólica, a mensagem de extermínio e aniquilamento dos adversários – mensagem que também vem sendo disseminada no Brasil de forma preocupante – pode levar a consequências bastante concretas, como o atentado do sábado passado. Mais um dia da infâmia na história dos Estados Unidos.