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Você tem medo de dizer o que pensa? Acha que pode ser punido por fazer uma crítica, dar uma opinião ou divulgar uma informação que não agrade? Sente que não existe mais liberdade de expressão no Brasil?
Você não está sozinho. O Instituto Paraná divulgou esta semana uma pesquisa assustadora: somente 32,4% dos entrevistados acreditam que podem falar ou escrever o que pensam; 61% acham que podem ser punidos por algo que digam ou escrevam; e 6,6% não quiseram opinar (parte deles, seguramente, por medo de dar uma opinião). Foram ouvidos 2.020 eleitores em 160 municípios.
A liberdade de expressão, que inclui o direito de buscar e compartilhar livremente informações e opiniões, é um dos pilares da democracia. Se menos de um terço da população se sente à vontade para falar o que pensa, a conclusão necessária é que cerca de dois terços dos brasileiros consideram que já não vivem em um regime democrático.
Outra conclusão possível e preocupante da pesquisa é que talvez seja este, hoje, o real tamanho do apoio ao governo: 32,4%. Porque, obviamente, quem apoia o governo não tem motivo algum para ter medo de ser punido de dizer o que pensa.
Em qualquer democracia digna do nome, uma pesquisa assim causaria escândalo. Faria o governo colocar as barbas de molho. Provocaria um enorme debate na mídia. Estes são números que só fazem sentido em regimes ditatoriais, que inoculam o medo na população porque não toleram a crítica, a discordância e a divergência.
Sem liberdade de expressão não existe democracia. São as ditaduras que não toleram a pluralidade. São as ditaduras que enxergam adversários políticos como inimigos que precisam calar, esfolar, prender e abater.
Diante dos números acachapantes da pesquisa, de pouco adianta alegar que existe, formalmente, liberdade de expressão no Brasil, ou que a nossa Constituição proíbe a censura.
De nada adianta, tampouco, o apoio incondicional da grande mídia e dos bilionários progressistas – movidos sabe-se lá por quais interesses. O que importa é que, para a imensa maioria dos brasileiros comuns, não existe mais liberdade de expressão. Ponto.
O medo, imposto pela intimidação e pelo constrangimento, é hoje um sentimento amplamente disseminado na sociedade brasileira. Determinadas opiniões não podem ser dadas. Determinados assuntos não podem ser debatidos. Determinadas autoridades não podem ser criticadas.
Dois terços dos brasileiros se sentem hoje sob ameaça de censura e sob a vigilância de um Estado opressor. Com pequenas variações, segundo a pesquisa do Instituto Paraná, o medo está presente em todas as faixas etárias. Este medo não existia nem mesmo nos outros governos do PT. Algo mudou, e foi para pior.
O medo é hoje um sentimento disseminado na sociedade brasileira. Determinadas opiniões não podem ser dadas. Determinados assuntos não podem ser debatidos. Determinadas autoridades não podem ser criticadas.
Há diferentes maneiras de reagir a isso. Seguramente, a pior de todas será dobrar a aposta, perseguir democraticamente ainda mais, cancelar democraticamente passaportes e contas nas redes sociais.
Será cassar democraticamente a voz dos dissidentes, congelar democraticamente contas bancárias. Será abrir democraticamente novas investigações sigilosas contra jornalistas e brasileiros comuns que insistam em discordar, criticar e questionar.
Será mandar prender democraticamente todos aqueles que não se calarem e teimarem em se comportar como se ainda vivessem em uma democracia. Será mandar censurar democraticamente, digo, regular democraticamente todas as redes sociais, para que só os que concordam tenham voz.
Será, por fim, proibir democraticamente pesquisas que mostrem que os brasileiros têm medo de dizer o que pensam – por se tratar, evidentemente, de fake news.
Porque, para salvar a democracia, será preciso convencer democraticamente mais de 100 milhões de brasileiros que eles estão errados, que eles só sentem medo porque são vítimas de fake news.
Por este raciocínio, somente quando toda e qualquer oposição real for exterminada haverá liberdade de expressão plena no Brasil. Será a democracia tutelada, a democracia na marra, sem direito a qualquer contraditório.
Tem como dar certo? Ou isso só servirá para transformar o país em uma panela de pressão, que alguma hora vai explodir?
O medo pode servir para calar, jamais para convencer. Isso foi entendido até mesmo pela revolucionária de esquerda Rosa Luxemburgo, que escreveu: “A liberdade apenas para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade. A liberdade será sempre a liberdade para aqueles que pensam diferente de nós.”
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Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima