Os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já torraram R$ 1,6 milhão neste ano com jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB). Teve até “Uber aéreo”. Lira lidera disparado os gastos com um total de R$ 1,26 milhão – metade dos voos de ida ou volta de Maceió. Só a viagem para Nova York, no início de maio, custou R$ 340 mil. Com diárias e passagens para seguranças e assessores nas suas viagens, ele gastou mais R$ 346 mil.
A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, quebrou a tradição de gastança dos presidentes anteriores, Luiz Fux e Dias Toffoli, e fez despesas de apenas R$ 157 mil com jatinhos. Mas ela manteve uma prática dos antecessores: o sigilo de voos de ministros em aviões de carreira. Essa medida começou em janeiro de 2019, no início da gestão de Toffoli. Em fevereiro de 2023, na gestão de Weber, tiveram início os voos secretos de ministros do STF em jatinhos da FAB, para evitar as hostilizações que eles vinham enfrentando nos aeroportos.
Os presidentes dos três poderes utilizaram eventualmente o “Uber aéreo” da FAB. No dia 2 de janeiro, segunda-feira, Pacheco voou de Brasília para São Paulo com apenas dois passageiros na aeronave oficial. Ele já tinha voado de São Paulo para Brasília no dia 30 de dezembro, sexta-feira com apenas dois passageiros a bordo. Em 9 de janeiro, mais uma viagem de São Paulo para Brasília com dois passageiros na aeronave oficial.
Lira foi a São Paulo no dia 12 de janeiro, quinta, e retornou no dia seguinte com apenas dois passageiros no jatinho. Rosa Weber não utilizou o “Uber aéreo”, mas alguns ministros, principalmente Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, têm viajado a São Paulo nos finais de semana com apenas 1 passageiro a bordo.
“Sugar Banquet” e jantar de gala em Nova York
Lira voou 19 horas num jatinho da FAB para participar da Conferência sobre Açúcar e Etanol, em Nova York. As despesas ficaram em R$ 220 mil. Mas ele também foi acompanhado de um assessor diplomático e de dois policiais legislativos. O assessor recebeu 8,5 diárias no valor total de R$ 24,3 mil. Cada policial contou com 10,5 diárias no valor de R$ 30 mil – cada um. A diária tem o valor de R$ 2.8 mil. As despesas com diárias e passagens somaram R$ 94 mil.
No dia 4, Lira esteve na conferência e no jantar de gala “Sugar Banquet”. No dia seguinte, participou de reunião promovida pelo Citibank. No dia 9, esteve no Fórum Lide Brasil Investiment e em reunião com executivos promovida pelo BTG. No dia seguinte, foi ao jantar de gala “Person of the Yer”, promovido pela Câmara de Comércio Brasil – EUA.
Mas a maior parte das despesas com as viagens de Lira ocorreu no Brasil. Do total de R$ 1,26 milhão gasto com jatinhos, R$ 1 milhão resultou das viagens nacionais. As diárias e passagens para seguranças e assessores no país custaram mais R$ 252 mil. O presidente esteve em 12 cidades. A Câmara não divulga os gastos dos servidores feitos com cartões corporativos durante os deslocamentos.
Metade dos voos de Lira foram de ida ou de volta para Maceió, sua base eleitoral. Em 3 de abril, pelas redes sociais, Lira relatou uma das suas andanças em Alagoas: “Participei em Penedo da entrega de três retroescavadeiras que irão contribuir para o desenvolvimento da região. Duas serão usadas nos projetos de irrigação de Itiúba (Porto Real do Colégio) e de Boacica (Igreja Nova). Podem sempre contar comigo!”
As andanças de Pacheco e Veneziano
As despesas de Pacheco com jatinhos somaram R$ 390 mil. As despesas com diárias e passagens do senador a Pequim e Londres ficaram em R$ 29 mil. As diárias e passagens dos assessores nessas “missões oficiais” custaram mais R$ 70 mil. Ele integrou a delegação do presidente Lula na viagem à China, de 12 a 16 de abril, e viajou a Londres, para participar da Lide Brazil Conference London, de 18 a 24 daquele mês.
Além de gastar bem menos do que Lira com viagens, o presidente do Senado divulga os valores pagos com cartões corporativos dos seus seguranças e assessores. Em nove viagens até abril, eles gastaram R$ 47 mil – quase a totalidade em despesas com locomoção.
Durante os afastamentos de Pacheco do país, a presidência do Senado foi assumida interinamente pelo 1º vice-presidente, Veneziano Vital do Rego (MDB-PB). Ele assumiu também o jatinho do presidente. No dia 8 de janeiro, voou de João Pessoa para Brasília, às 23h, com apenas dois passageiros na aeronave oficial. Foi o dia da invasão e depredação das sedes do Congresso, Presidência da República e STF.
No dia 13 de abril, uma quinta-feira, voou de Brasília para Campina Grande (PB). No dia 21 de abril, véspera de feriadão, voou de jatinho para Campina Grande, retornando na segunda-feira, sempre nas asas da FAB. Mas não tem viagem grátis. Os voos do presidente interino custaram R$ 109 mil.
Veneziano fez também uma viagem internacional, para Washington e Baltimore (EUA), de 31 de março a 7 de abril, para participar de uma “missão oficial internacional” em Baltimore (Maryland). As passagens e diárias para ele e um assessor custaram R$ 43 mil.
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