A renovação na Câmara dos Deputados foi a mais elevada nos últimos 20 anos – 47,3%. Foram eleitos 243 novos deputados federais. Mas esses números poderiam ter sido ainda maiores se os próprios parlamentares não tivessem criado o Fundo de Financiamento de Campanha. O número de deputados reeleitos chegou a 251. Outros 19 são ex-deputados de legislaturas anteriores. Levantamento feito pelo blog mostra que os deputados reeleitos receberam R$ 280 milhões do fundo de financiamento público. Mais 16 deputados que se elegeram senador contaram com R$ 26 milhões.
O total gasto com o financiamento público das campanhas dos atuais deputados federais ficou em R$ 504 milhões, como mostrou reportagem do blog publicada no último dia 2. Mas nem todos se reelegeram. Os senadores que se candidataram à reeleição, a deputado federal ou a governador consumiram mais 110 milhões. Tudo isso foi bancado com dinheiro do contribuinte.
Entre os deputados que disputaram vagas na Câmara e no Senado, Mara Gabrilli (PSDB-SP) recebeu a maior bolada do Fundão: R$ 5,15 milhões (96,8% do total do seu caixa eleitoral). Ela foi eleita senadora por São Paulo com 6,5 milhões de votos – 18,6% do total. Ficou atrás apenas do campeão de votos Major Olímpio (PSL-SP), que surfou na onda de Jair Bolsonaro e fez 9 milhões de votos. Ele recebeu apenas R$ 136 mil do fundo público.
LEIA TAMBÉM: Candidatos ricos gastam R$ 338 milhões na eleição, mas resultado decepciona
Na segunda posição vem o deputado Jorginho Mello (PR-SC), que também se elegeu senador, com R$ 3 milhões bancados com dinheiro público (97% do total da campanha). A deputada Iracema Portella (PP-PI), mulher do presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira, contou com R$ 2,4 milhões do fundo de campanha. Foi a sexta colocada na disputa pela reeleição. Ele recebeu R$ 2,1 milhões e foi reeleito senador.
Ex-mulher do senador Jader Barbalho (MDB-PA), Elcione Barbalho (MDB-PA) também não foi esquecida. Sua campanha foi recheada com R$ 2 milhões de dinheiro público (96,5% do total).
Derrotados
Em alguns casos, nem o dinheiro público foi capaz de assegurar a reeleição. O ex-presidente nacional do MDB, senador Valdir Raupp (RO) conseguiu R$ 2,3 milhões para a sua campanha de reeleição e a mesma quantia para a campanha da sua mulher, a deputada Marinha Raupp (MDB-RO), candidata a deputado federal. Ele ficou apenas na sexta posição, com 6% dos votos. Ela ficou na 16ª posição, mas havia só oito vagas.
LEIA TAMBÉM: Como se saíram nas urnas os protagonistas do impeachment de Dilma
O deputado Alfredo Nascimento (PR-AM), ex-ministro dos Transportes no governo Dilma Rousseff, contou com um reforço de R$ 2,5 milhões no seu caixa de campanha na tentativa de voltar ao senado. Mas ficou apenas na quarta posição.
Outro ex-ministro dos Transportes, o deputado Maurício Quintella Lessa (PR-AL) contou com R$ 2,8 milhões de recursos públicos (99,97% do total). Ficou na terceira posição e sem mandato.
Os R$ 2,5 milhões do fundo público (99,97%) do total também não asseguraram a eleição do deputado André Moura (PSC-SE), ex-líder do governo Temer, para o Senado Federal. Ele ficou na terceira posição.
Partidos
Na divisão do bolo por partidos, o mais eficiente foi o PP. Com uma ajuda de R$ 46 milhões do fundo de campanha, 24 deputados garantiram a reeleição. Outros dois, Luís Carlos Heinze (RS) e Esperidião Amin (SC), conseguiram uma vaga no Senado.
LEIA TAMBÉM: Desmonte da AGU no impeachment de Dilma reduziu recuperação de dinheiro desviado
Os 26 deputados do MDB que asseguraram uma vaga no Congresso receberam um total de R$ 41 milhões. O deputado Jarbas Vasconcelos (PE) vai agora para o Senado.
O PSL de Jair Bolsonaro usou apenas R$ 2,4 milhões do fundo público para financiar seus deputados. O candidato a presidente da República utilizou R$ 60 mil.