O presidente Jair Bolsonaro seguiu o seu roteiro de homenagens e visitas a obras públicas pelo país e gastou mais R$ 915 mil com cartões corporativos em outubro. O blog já havia informado que nos dois meses anteriores as despesas pagas com os cartões haviam somado R$ 2,1 milhões. Segundo a Presidência da República, o aumento do valor das faturas deve-se “ao maior número de deslocamentos presidenciais no território nacional”. O presidente já gastou R$ 7 milhões com cartões este ano, quase o mesmo valor gasto em todo o ano passado: R$ 7,5 milhões.
Na última quinta-feira (3) o blog também informou que, nos primeiros sete meses da pandemia de Covid-19, até setembro, o presidente Jair Bolsonaro fez 23 viagens pelo país, promovendo aglomerações, muitas vezes sem usar máscara de proteção. O blog teve acesso aos custos de cada uma dessas viagens, que somaram R$ 1,9 milhão. Incluindo o mês de outubro, já são R$ 2,8 milhões gastos com deslocamentos em plena crise sanitária. Os cartões também cobrem despesas pessoais do presidente e de seus familiares, no Palácio da Alvorada ou em viagens particulares.
No dia 1º de outubro, Bolsonaro e sua comitiva estiveram em São José do Egito (PE) para inaugurar a primeira fase da segunda etapa do Sistema Adutor do Pajeú, uma obra que abastecerá quase 100 mil pessoas. Ele aproveitou para criticar governadores que adotaram o distanciamento social durante a pandemia e voltou defender o uso da hidroxicloroquina: “Deus nos foi tão abençoado que nos deu até a hidroxicloroquina para quem se acometeu da doença. E quem não acreditou, engula agora”.
Beija-mão e ministro pastor evangélico
Na semana seguinte, dia 5, o presidente foi a São Paulo para o culto em ação de graças pela vida do pastor Wellington Bezerra da Costa, líder da igreja evangélica Assembleia de Deus. Posou para fotos ao lado de religiosos e políticos, mais uma vez sem máscara de proteção. Lembrou que havia prometido nomear um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal, o que acabou não ocorrendo. Mas fez nova promessa: “A segunda vaga, que será em julho do ano que vem, com toda certeza, mais que um terrivelmente evangélico, se Deus quiser, nós teremos lá dentro um pastor”.
Três dias depois, Bolsonaro já estava em Breves (PA), para uma visita à agência-barco da Caixa na Ilha do Marajó. Na manhã de sexta-feira, atuou como atendente da agência, ao lado do presidente do banco, Pedro Guimarães. Os dois não usavam máscaras de proteção.
A liberdade e a “boiolagem”, segundo Bolsonaro
No dia 16, o presidente participou da inauguração da Planta de Biogás – Raízen, em Guaribas (SP), e logo partiu para mais uma cerimônia militar, a entrega de espadim aos cadetes da turma “Centenário da Missão Militar Francesa no Brasil”. Aos cadetes, afirmou que a liberdade dos brasileiros deve “ser preservada a qualquer preço. Mesmo com o sacrifício da própria vida”.
E fez um discurso cifrado sobre adversários latinos: “Hoje assistimos um país mais ao norte [Venezuela] onde as Forças Armadas resolveram enveredar por outro caminho. A liberdade, aquele povo, nosso irmão, perdeu. Mais ao Sul, outro país [Argentina] parece querer enveredar pelo mesmo caminho”.
Foi a Campinas no dia 21 para visitas ao Laboratório de Geração de Energia Nucleoelétrica, ao Laboratório de Enriquecimento Isotópico e à cerimônia de abertura da primeira linha de luz do Sirius. Divulgou fotos em ambiente fechado sem o uso de máscara.
Encerrando o mês de visitas, dia 29, participou da inauguração de trecho da BR-135/MA, em São Luís. Após a cerimônia, num bar em Bacabeira, tomou um refrigerante de cor rosa fabricado no estado. Divertiu os presentes com um comentário, segundo registro do site G1: “Agora virei boiola, igual maranhense, é isso? Quem toma esse guaraná vira maranhense. Que boiolagem isso aqui”.
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