O presidente Jair Bolsonaro continua batendo recordes de gastos com os cartões corporativos. Foram R$ 9,6 milhões neste ano e R$ 14,5 milhões nos últimos 12 meses. A maior parte foi gasta com viagens pelo país, no período de pré-campanha eleitoral, inaugurando e visitando obras e participando de cultos e cerimônias evangélicos. Tudo pago pelo contribuinte. Foram 12 eventos com evangélicos – sua principal base eleitoral – em apenas três meses, de maio a julho.
O maior roteiro religioso-eleitoral ocorreu em julho. No dia 2, uma sexta-feira, Bolsonaro viajou para o Rio de Janeiro, onde permaneceu por apenas duas horas, para participar do Louvorzão 93 FM. No dia 13, foi a Imperatriz (MA) para prestigiar a Abertura da Assembleia Geral da Convenção dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleias de Deus. No dia seguinte, esteve no Congresso de Estadual das Missionárias e Dirigentes de Círculo de Oração das Assembleias de Deus, em Vitória do Mearim (MA).
No dia 15, sexta-feira, foi ao culto por ocasião da Convenção Estadual das Assembleias de Deus em Juiz de Fora (MG). No sábado, em Natal, esteve na Marcha com Jesus pela Liberdade. Partiu às 16h para Fortaleza, onde participou da cerimônia alusiva à Marcha para Jesus 2022. Uma semana depois, viajou para a Marcha para Jesus em Vitória. No final de junho, Bolsonaro participou da Marcha para Jesus em Balneário Camboriú (SC).
Agro, militares e obras
O presidente também prestigiou eventos do agronegócio – outro setor importante da sua base eleitoral. Em maio, esteve na Feira Nacional da Soja, em Santa Rosa (RS); na 48ª Edição da Expoingá, em Maringá (PR); na Feibanana, em Pariquera-Açu (SP); na Bahia Farm Show, em Luís Eduardo Magalhães (BA); e na cerimônia de abertura do Global Agribusiness Fórum 2022, no Rio de Janeiro.
Bolsonaro não esqueceu de outro reduto eleitoral de peso: os militares. Prestigiou a formatura do curso especial de Habilitação para Promoção a Sargento, no Rio; na Entrega de Espadins aos Cadetes da Força Aérea Brasileira, em Pirassununga; e na Brevetação da Brigada de Infantaria Paraquedista, no Rio.
Mas o apelo eleitoral mais forte está na inauguração de obras. Em maio, o presidente esteve na inauguração da duplicação de trecho da BR-101/SE e na conclusão dos acessos à ponte sobre o Rio São Francisco, em Propriá (SE); na entrega do Residencial Buritis, em Coronel Fabriciano (MG); e visitou as obras da ponte sobre o Rio Claro e do Anel Viário de Jataí (GO). Em junho, entregou trecho da Estrada Boiadeira, em Umuarama (PR); visitou as obras da Ponte da Integração Brasil-Paraguai, em Foz do Iguaçú (PR); e entregou o Residencial Jardim Canguru, em Campo Grande. Ali, em 30 de junho, aproveitou para fazer mais uma motociata. Mas também houve tempo para festas de São João em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB).
Quando não tem obra pronta, o presidente visita as obras. A inauguração de trechos de rodovias também funciona bem eleitoralmente porque rende vários eventos. Em julho, Bolsonaro voou para Feira de Santana (BA) para a cerimônia alusiva à visita às obras do Rodoanel. Dali, foi direto para Visita ao Estaleiro Enseada, em Maragogipe. No final de julho, Bolsonaro lembrou também de um eleitorado mais arredio – esteve no Almoço Brasil de Ideias MULHER, no Rio de Janeiro.
Gasto mensal de R$ 1,2 milhão
O Portal de Transparência da Presidência da República expõe os gastos com os cartões corporativos do presidente. Em agosto, os pagamentos de despesas feitas com os cartões somaram R$ 1 milhão. Esses números são relativos a despesas feitas em julho. Em julho os pagamentos (relativos a gastos de junho) chegaram a R$ 1,47 milhão. Em junho, os pagamentos somaram R$ 989 mil; em maio, R$ 1,5 milhão; em abril, R$ 1,4 milhão. A média mensal de gastos nos últimos 12 meses está em R$ 1,2 milhão.
Mas os valores não dizem respeito apenas a despesas com viagens. Os cartões também pagam os gastos com o Palácio da Alvorada, onde moram o presidente e seus familiares. Estão incluídas despesas com alimentação, limpeza, materiais. O detalhamento desses dados fica em sigilo durante o mandato do presidente. Em caso de reeleição, após o término do segundo mandato. Os gastos dos ex-presidentes Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer já estão disponíveis. Podem ser obtidos por qualquer cidadão por meio da Lei de Acesso à Informação.
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