O presidente Jair Bolsonaro já gastou R$ 7,5 milhões com viagens nacionais e internacionais até março. A mais cara delas foi para o Guarujá, onde passou o Carnaval desde ano – R$ 783 mil. Com mais essa despesa, ele já torrou R$ 9 milhões com viagens de férias e folgas durante o mandato. Mas a maioria dos deslocamentos neste ano foi para inaugurações, visitas a obras e lançamentos de pedra fundamental, todos eventos com forte retorno eleitoral.
O presidente desfilou em carro aberto pelas ruas de São José do Rio Preto (SP), em fevereiro, na inauguração da Travessia Urbana da cidade, ao lado do então ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que agora é pré-candidato a governador de São Paulo pelo Republicanos. A viagem custou R$ 281 mil.
No Rio Grande do Norte, Bolsonaro visitou e inaugurou obras ao lado do então ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PL-RN), agora pré-candidato ao Senado em apoio ao presidente. No dia 9 de fevereiro, pela manhã, ele visitou a Barragem de Oiticica, em Jucurutu, e anunciou investimentos para a região. À tarde, esteve na “cerimônia alusiva” à chegada das águas do Rio São Francisco ao estado. As duas visitas custaram R$ 706 mil aos cofres públicos.
Em 22 de março, a "cerimônia alusiva" à visita às obras de construção da Ponte de Xambioá (TO), com a presença de milhares de apoiadores, custou R$ 518 mil. A viagem a Rio Branco, em 18 de março, para a cerimônia de Regularização Fundiária e de Assentamentos e para o Encontro Estadual de Pastores e Líderes da “Fé é Cidadania”, das Assembleias de Deus no Acre, custou mais R$ 482 mil. As viagens de Bolsonaro para cultos ou cerimônias evangélicas já custaram R$ 3,5 milhões em três anos.
Quem informa as despesas das viagens
As despesas com as viagens do presidente foram fornecidas ao blog pela Presidência da República, em atendimento a pedido feito por meio da Lei de Acesso à Informação. Nas viagens nacionais, constam as despesas com cartão corporativos, transporte terrestre, passagem aérea, telefonia e diárias, no período de 1º de janeiro a 23 de março deste ano.
Nas viagens internacionais, constam as despesas com seguro viagem internacional, telefonia, comissária e aeroportuárias. As informações foram disponibilizadas pelo Gabinete Pessoal do Presidente da República.
As maiores despesas nas viagens internacionais, porém, como diárias, locação de veículos, hospedagem, dentre outras, não estão sob a responsabilidade da Presidência da República, mas sim do Ministério das Relações Exteriores.
As despesas pagas com cartões corporativos em janeiro, fevereiro e março somaram R$ 3,5 milhões, como mostram dados do Portal da Transparência do governo federal. Há uma aceleração nesses gastos. De janeiro a abril, totalizam R$ 4,8 milhões. Nos dois últimos meses disponíveis – despesas de março a abril –, foram R$ 2,9 milhões. Mas os cartões também pagam despesas do Palácio da Alvorada, onde moram o presidente e seus familiares.
“Não tem despesa aqui”, diz Bolsonaro
Acostumado a tirar férias e folgas no Guarujá, o presidente Bolsonaro foi questionado no programa Pingo nos Is, da Jovem Pan, no final de março, sobre o custo da sua estada no Forte dos Andradas, um hotel de trânsito do Exército. “Eu estou aqui num quarto no quartel do Exército no Guarujá. Não tem despesa nenhuma aqui”. Na época, fora divulgado que a despesa teria sido de R$ 900 mil.
O presidente disse desconhecer a informação e afirmou que, se o valor fosse verdadeiro, seria um absurdo e iria “pegar no cangote de alguém”. E completou: “Se achar que eu não devo sair mais de folga, se eu virar candidato à reeleição, que não vote em mim”. Segundo a Presidência, o custo da viagem de Carnaval chegou a R$ 783.394,17.
Mas a gastança é antiga. No final de 2020, as férias no Guarujá e em São Francisco (SC), no Forte Marechal Luz, custaram R$ 2 milhões. Os gastos com cartões corporativos, sob sigilo, somaram R$ 1,2 milhão. São despesas como combustível de aeronaves, hospedagem, alimentação. Mas tem ainda as diárias.
No Forte Marechal Luz, o presidente foi acompanhado por uma equipe de segurança com 52 militares, incluindo 13 oficiais superiores. Só as diárias dos militares e assessores custaram R$ 66 mil. O custo total da estada do presidente na praia paradisíaca chegou a R$ 750 mil.
Dali, Bolsonaro rumou para o Guarujá, no dia 28 de dezembro. Ficou hospedado no Forte dos Andradas, numa área de preservação de Mata Atlântica, com um séquito de 73 militares. Havia 22 oficiais e 8 assessores da Presidência. As despesas com a equipe precursora e a comitiva presidencial somaram R$ 1,2 milhão. Os valores não foram atualizados.
Inaugurações, visitas, lançamentos
Em 2022, as 26 viagens de Bolsonaro pelo país tiveram um custo médio de R$ 260 mil. A seguir, os eventos mais caros, com o custo de cada um. Em 14 de janeiro, esteve no lançamento do Programa Norte Conectado, em Macapá (R$ 299 mil). Em 31 de janeiro, foi a São João da Barra (RJ), para o lançamento da pedra fundamental da Usina Termelétrica Gás Natural Açu II (R$ 320 mil). Em Porto Velho, em 3 de fevereiro, teve reunião com o presidente do Peru, Pedro Castillo (R$ 244 mil).
Em 8 de fevereiro, o presidente teve jornada dupla. Esteve em Salgueiro (PE), para a inauguração do Núcleo de Controle Operacional da Transposição do Rio São Francisco (R$ 274 mil); e em Jati (CE), na “cerimônia alusiva” à liberação das águas do Rio São Francisco para o Estado do Ceará (R$ 380 mil).
Nem sempre tem obra para inaugurar, mas os governantes são criativos. O “lançamento de pedra fundamental” já está muito batido. Assim, no dia 4 de março, Bolsonaro foi a São José dos Campos (SP), para a “cerimônia alusiva” ao início do novo contrato das Rodovias Presidente Dutra e Rio-Santos (R$ 203 mil).
Em 22 de março, o presidente foi a Porto Nacional (TO), para a cerimônia de lançamento do Programa “DNA do Brasil” (R$ 329 mil). No dia seguinte, em Recife, esteve na cerimônia de lançamento da pedra fundamental da Nova Escola de Sargentos do Exército, que durou apenas meia hora (R$ 265 mil). Partiu logo para Quixadá (CE), onde prestigiou a cerimônia de lançamento da Força Tarefa das Águas (R$ 417 mil).
Os custos das viagens internacionais são parciais, como explicou a Secretaria Geral da Presidência da República. Mas vale citar os dados disponíveis. A viagem à Moscou, às vésperas do início da guerra entre Rússia e Ucrânia, custou R$ 388 mil. Para a Hungria, mais R$ 216 mil. Para o Suriname e Guiana, R$ 160 mil.
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