Em quatro anos de mandato, o ex-presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 122 milhões com viagens nacionais e internacionais. As maiores despesas foram feitas em 2022, ano da campanha pela reeleição, num total de R$ 44 milhões. Durante os dois meses e meio de campanha oficial, as despesas somaram R$ 14,5 milhões. Mas as sete viagens mais caras, no valor total de R$ 7 milhões, foram feitas para Guarujá (SP) e São Francisco do Sul (SC), onde o presidente passava férias e folgas custeadas com dinheiro público.
A Presidência da República quebrou o sigilo do detalhamento das despesas com viagens. Até o final do governo Bolsonaro, eram divulgados apenas o valor total e o destino de cada viagem. Nas viagens nacionais, o maior gasto foi com veículos – R$ 50 milhões. As despesas pagas com cartões corporativos somaram R$ 32,6 milhões. Foram pagas diárias de seguranças e assessores no valor de R$ 20 milhões. As passagens para essa equipe de apoio custaram mais R$ 10,4 milhões. Todos os valores foram atualizados pela inflação. Os dados foram obtidos pelo blog por meio da Lei de Acesso à Informação.
Na gastança durante a campanha eleitoral, a maior despesa foi com veículos – R$ 6,3 milhões. São usados pela comitiva presidencial e por seguranças e assessores do presidente. Os gastos com cartões corporativos chegaram a R$ 3,4 milhões. As diárias e passagens da equipe de apoio somaram R$ 4,7 milhões. Bolsonaro intensificou as viagens para inauguração ou visitas a obras em andamento a partir do início do ano. Sempre com grande público, esses eventos têm forte apelo eleitoral.
Todas as viagens para Guarujá e São Francisco do Sul custaram R$ 11,2 milhões. Quase a metade – R$ 5,5 milhões – foi gasta com cartões corporativos. As despesas com veículos ficaram em R$ 3,7 milhões. O presidente viaja para descansar nesses lugares paradisíacos, mas também costuma passear de moto e de jet ski nas proximidades dos seus retiros, sempre seguido pelos seus seguranças.
No final de 2020, Bolsonaro foi para o Guarujá. Gastou R$ 377 mil com veículos e fez pagamentos de R$ 869 mil com cartões corporativos, entre outras despesas. A conta fechou em R$ 1,4 milhão. No ano seguinte, preferiu descansar no Forte Marechal Luz no reveillon, em São Francisco do Sul. As diárias da equipe de apoio somaram R$ 150 mil. As despesas com veículos, R$ 327 mil; com cartões corporativos, R$ 862 mil. Mais R$ 1,4 milhão na conta do contribuinte.
A Caixa-preta das viagens internacionais
As viagens para o exterior continuam uma “caixa-preta”. O valor total desses deslocamentos ficou em R$ 8,5 milhões. A Presidência da República informa apenas os valores das diárias, passagens e despesas aeroportuárias. As despesas como hospedagem, alimentação, aluguel de veículos, são contratadas e pagas pelas embaixadas brasileiras no exterior. Esses dados sempre foram mantidos em sigilo pelo Ministério das Relações Exteriores, por questões de segurança.
A missão internacional mais dispendiosa foi para o Oriente Médio, em novembro de 2021 – R$ 1,43 milhão. Durante uma semana, esteve em Dubai (Emirados Árabes Unidos), Manama (Bahrein) e Doha (Catar), em busca por investimentos. A missão para o Sudeste Asiático, em novembro de 2019, custou R$ 1,25 milhão. A viagem para a Itália, em novembro de 2021, mais R$ 825 mil.
Bolsonaro também viajou muito para prestigias cerimônias de militares e evangélicos, que formam a base mais sólida dos seus eleitores. Até o final de 2021, ele já havia gasto R$ 14 milhões com esses deslocamentos para formaturas, trocas de comando, entrega de equipamentos militares e cultos evangélicos.
Em agosto de 2020, por exemplo, o presidente esteve na inauguração de escola cívico militar e na cerimônia de brevetação de novos paraquedistas no Rio de Janeiro. A viagem custou R$ 580 mil, sendo R$ 240 mil com cartões corporativos e R$ 212 mil com veículos. Em dezembro daquele ano, ele esteve na declaração de aspirantes da Aman, em Resende (RJ). O deslocamento custou R$ 337 mil, sendo R$ 160 mil com veículos.
Em setembro de 2019, Bolsonaro esteve em culto no Tempo de Salomão, em São Paulo. Mais uma despesa de R$ 235 mil, sendo R$ 98 mil com veículos. Em junho de 2019, o presidente participou da Marcha para Jesus, em São Paulo, gerando um gasto de R$ 262 mil, incluindo R$ 103 mil com veículos.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS