O presidente Jair Bolsonaro gastou R$ 4,5 milhões com cartões corporativos no auge da campanha eleitoral, de agosto a outubro. A maior gastança ocorreu em setembro, quando torrou R$ 1,86 milhão. Foram gastos mais R$ 3,3 milhões com diárias e passagens de seguranças e assessores nas viagens do presidente. Tudo pago pela Presidência da República. Não estão incluídas nesse cálculo as doações de campanha.
As despesas pagas com cartões corporativos somam R$ 12,9 milhões em 10 meses de 2022. Em quatro anos de mandato, já são R$ 47 milhões. Os cartões pagam despesas aeroportuárias, telecomunicações, hospedagem, alimentação. Além os gastos de viagens, pagam também as despesas do Palácio da Alvorada, onde moram o presidente e seus familiares. Os detalhes desses pagamentos serão conhecidos após o término do mandato do atual presidente. O blog já mostrou despesas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
As despesas com o transporte oficial do presidente e sua comitiva, em campanha eleitoral, são responsabilidade do seu partido político. Mas as despesas com a segurança do presidente da República são pagas pela Presidência da República. A Resolução Tribunal Superior Eleitoral 23.610/2019 diz que, “no transporte do presidente em campanha ou evento eleitoral, serão excluídas da obrigação de ressarcimento as despesas com o transporte dos servidores indispensáveis à sua segurança e atendimento pessoal”.
Quanto custam os seguranças
As despesas com diárias e passagens de seguranças que acompanham o presidente são divulgadas no Portal da Transparência da Presidência. Em 18 de agosto, Bolsonaro realizou o seu primeiro evento oficial de campanha. Visitou o Parque Tecnológico São José dos Campos em companhia do candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freiras (Republicanos), com direito a motociata. As diárias e passagens dos 15 seguranças custaram R$ 110 mil.
No dia 24, o presidente esteve em Betim (MG) e Belo Horizonte. Afirmou aos policiais presentes que, com o novo parlamento, conseguiria aprovar o excludente de ilicitude. E completou: “Eu não tenho medo de armar o cidadão de bem”. As despesas da viagem somaram R$ 65 mil. Dois dias mais tarde, passou por São Paulo e terminou o dia em Barretos, na Festa do Peão. Deu duas voltas a cavalo e rezou no centro da arena. Mais uma despesa de R$ 115 mil.
No dia 17 de setembro, esteve em Caruaru e Garanhuns (PE), em busca dos votos dos nordestinos. Manteve o discurso conservador. Disse ser um presidente que “não quer liberar as drogas e não quer a ideologia de gênero para nossos filhos e netos”. As diárias e passagens dos seguranças custaram R$ 190 mil.
Em seguida, viajou para as cerimônias de sepultamento da Rainha Elizabeth II. Porém, na sacada da residência oficial do embaixador do Brasil em Londres, em frente a apoiadores muito animados, retomou a campanha: “Não tem como a gente não ganhar no primeiro turno”. O ato criou constrangimentos. O TSE proibiu o presidente de utilizar essas imagens no seu programa eleitoral.
Dali, seguiu para Nova York, onde defendeu, na Assembleia Geral da ONU, as suas medidas de enfrentamento à Covid 19, que foram muito atacadas pelos seus adversários durante a campanha eleitoral. As duas viagens custaram R$ 1,1 milhão em diárias e passagens para seguranças e assessores.
A romaria de “Sírio”
No dia 22 de setembro, foi a Manaus para participar do Seminário Manaus 5G. Mas também esteve no comício do governador Wilson Lima (União), seu aliado no estado. “Aqui é a terra mais rica do mundo”, afirmou. As despesas com a equipe de segurança somaram R$ 136 mil. Em 27 de setembro, fez motociata e carreata em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Fez fotos montado num touro. A conta da viagem fechou em R$ 90 mil.
No segundo turno, Bolsonaro retornou a Belém para prestigiar os católicos na Romaria Fluvial do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Permaneceu quatro horas na cidade, acompanhado por 21 seguranças e 1 assessor, ao custo de R$ 98 mil em diárias e passagens. Mas cometeu uma gafe: nas redes sociais, referiu-se à festa como “Sírio” de Nazaré.
Em 22 de outubro, esteve em outro evento religioso em São Paulo, na Zona Leste, onde estava mais à vontade. “Conseguimos colocar lá no STF um irmão nosso como ministro. Um terrivelmente evangélico”, lembrou o presidente. A viagem custou R$ 104 mil.
Na reta final da campanha, fez um roteiro por três cidades mineiras – Uberlândia, Teófilo Otoni e Governador Valadares – e ainda esteve em Belo Horizonte um dia antes do segundo turno, fazendo mais uma despesa de R$ 108 mil. Esperava virar a eleição em Minas.
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