O candidato ao governo do Distrito Federal pelo MDB, Ibaneis, colocou R$ 3,34 milhões na própria campanha – o que representa 99,4% do total do seu caixa eleitoral e 3,5% do seu patrimônio, avaliado em R$ 94 milhões. Ficou em primeiro lugar no primeiro turno, com 634 mil votos – mais de três vezes a votação do segundo colocado, Rodrigo Rollemberg, o atual governador. Candidatos milionários, como Ibaneis, gastaram um total de R$ 338 milhões nas próprias campanhas nesta eleição. A maioria não obteve bons resultados nas urnas.
Levantamento feito pelo blog nas 100 maiores autodoações declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apurou um total de R$ 152 milhões. Pouco comparado com o patrimônio desses milionários – R$ 4 bilhões. Dos 100 maiores, apenas 45 foram eleitos, com a injeção de R$ 49 milhões em recursos próprios. Predominaram em 2018 as doações com recursos públicos – financiadas pelos contribuintes –, que já superam os R$ 2,2 bilhões.
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O maior fracasso nas urnas dos milionários foi do candidato a presidente da República Henrique Meirelles (MDB). Com um patrimônio declarado de R$ 377 milhões, ele financiou 100% da sua própria campanha – R$ 54 milhões. Ficou apenas na sétima colocação, com 1,2% dos votos. Superou Marina Silva, da Rede, mas perdeu para o folclórico Cabo Daciolo, do Patriotas.
Outro milionário vitorioso foi Oriovisto Guimarães (Podemos), empresário paranaense que desbancou os ex-governadores Roberto Requião e Beto Richa na disputa por uma vaga no Senado. Ele colocou R$ 2,85 milhões no seu caixa eleitoral – pouco perto do patrimônio declarado de R$ 239 milhões. Ele foi um dos fundadores do Grupo Positivo, que tem negócios na área de educação e tecnologia. Fez 2,95 milhões de votos (29% do total). Ele ainda colocou mais R$ 1,75 milhão na campanha do candidato do Podemos a presidente, Alvaro Dias.
Candidato com o maior patrimônio declarado – R$ 667 milhões –, o empresário Fernando Marques (Solidariedade) bancou 98,7% da sua campanha ao Senado pelo Distrito Federal, colocando R$ 2,7 milhões do próprio bolso. Ficou apenas na nona posição, com escassos 4,7% dos votos. Ficou longe da candidata mais votada, a Leila do Vôlei. Dono do laboratório União Química, Marques também fez doações de R$ 300 mil para Cristovam Buarque (PPS), que também foi derrotado na disputa pelo Senado, e R$ 900 mil na campanha do candidato a governador Rogério Rosso (PSD).
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Suplentes e vices bancam campanhas
O ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB) colocou R$ 1,44 milhão na própria campanha, que arrecadou um total de R$ 4,88 milhões. Mas a maior parte do seu caixa – R$ 2,2 milhões – veio do candidato a vice-governador, Oswaldo Stival (PSDB), grande produtor de carnes em Tocantins. Os bens declarados dos dois somam quase R$ 30 milhões.
Candidato ao Senado mais votado em Tocantins, Eduardo Gomes (Solidariedade) não declarou bens ao TSE. Mas o tribunal registra R$ 1,3 milhão de recursos próprios na sua campanha. Foram doados pelo 2º suplente da chapa, o empresário Ogari Pacheco (DEM), sócio do Laboratório Cristália, um complexo industrial farmacêutico. Com patrimônio de R$ 407 milhões, Ogari tem ainda participações societárias em duas empresas sediadas no Reino Unido, a Brest Internacional e a Buloke LP. Gomes foi eleito com 19,5% dos votos.
É prática comum no Senado que grandes empresários se candidatem a cargos de suplente e financiem parte expressiva da campanha. Depois, assumem o mandato quando o titular se licencia para ocupar algum cargo público, como ministro de Estado, ou mesmo se elege para outro cargo, como governador, nas eleições seguintes. Nesse caso, o suplente assume definitivamente a vaga, sem o desgaste de fazer campanha nas ruas.
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O deputado federal Izalci (PSDB) conseguiu a segunda vaga ao Senado pelo Distrito Federal, com 15,3% dos votos, desbancando o senador e ex-governador Cristovam Buarque (PPS). A campanha de Izalci foi reforçada com a doação de R$ 1,44 milhão (49,5% do total) feita pelo 1º suplente da chapa, Luiz Felipe Belmonte, empresário que declarou patrimônio de R$ 65 milhões.
O ex-governadora do Ceará Cid Gomes (PDT), irmão do candidato a presidente Ciro Gomes, foi o mais votado do país proporcionalmente para o cargo de senador, com 41,6% dos votos do estado. Ele recebeu uma doação no valor de R$ 1,3 milhão do 1º suplente da chapa, Prisco Bezerra, que tem bens no valor de R$ 64 milhões. O valor total da campanha de Cid foi de R$ 2,7 milhões.
Mário Covas Neto foi candidato ao Senado por São Paulo. Ficou apenas na sexta colocação, com 6% dos votos. A sua campanha recebeu R$ 1 milhão do 1º suplente, Raul Rothschild. O senador Edison Lobão (MDB), derrotado na disputa pela reeleição, recebeu a ajuda de R$ 1 milhão do seu 2º suplente, Antônio de Andrade.
Doria fechou o bolso
Na eleição para prefeito de São Paulo, em 2014, João Doria fez autodoações no valor de R$ 4,4 milhões, cerca de 35% do total arrecadado. Na campanha para o governo do estado, usou apenas R$ 600 do próprio bolso – cerca de 6,4% do seu caixa eleitoral. O valor representa 0,3% do patrimônio declarado por ele: R$ 189 milhões. Passou para o segundo turno.
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Outro milionário que contribuiu com pouco foi o candidato a vice-governador do Mato Grosso, na chapa liderada por Mauro Mendes (DEM), Otaviano Pivetta. Com patrimônio de R$ 379 milhões, ele doou apenas R$ 550 mil numa campanha que custou R$ 3,3 milhões. Mendes foi eleito no primeiro turno.
Na lista das 100 maiores autodoações, o maior valor individual foi do candidato a presidente Henrique Meirelles, com R$ 54 milhões. Os candidatos a deputado federal injetaram um total de R$ 40 milhões em suas próprias campanhas. Depois, vem os candidatos ao Senado, com R$ 26 milhões. Na disputa pelos governos, as doações com recursos próprios chegaram a R$ 17 milhões. Para deputado estadual, ficaram em R$ 15,6 milhões.
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