![No ano da pandemia, governo gastou R$ 1,3 milhão em carros novos para ex-presidentes ex-presidentes](https://media.gazetadopovo.com.br/2021/03/04193906/Planalto-isac-nobrega-pr-960x540.jpg)
No ano da pandemia da Covid-19, a Presidência da República pagou R$ 1,3 milhão por 12 carros oficiais novos destinados a ex-presidentes. Contando com outras mordomias, como assessores, diárias e passagens, e combustível, as despesas chegaram a R$ 6,8 milhões – dinheiro suficiente para comprar 136 mil vacinas contra o coronavírus. A maior despesa foi feita pelo ex-presidente Lula – R$ 1,33 milhão – incluindo os carros “chapa-branca”. O total de gastos já soma R$ 69 milhões nas duas últimas décadas. Tudo pago pelo contribuinte.
Medidas de segurança aprovadas por decreto preveem a entrega de dois veículos oficiais para atendimento exclusivo de cada uma dessas “autoridades”. Considerando que os carros foram “intensamente utilizados ao longo dos últimos anos”, tornando-se antieconômico pelo elevado custo de reparo e pelo baixo rendimento de consumo de combustível, a Secretaria-Geral da Presidência optou pela troca por carros “zero quilômetro”, ao custo unitário de R$ 108 mil, no final de 2019.
Mas a entrega e o pagamento da frota “chapa branca” ocorreu em 2020. As despesas com combustível, seguro e manutenção dos carros ficaram em R$ 81 mil, sendo R$ 70 mil com combustível. Os veículos dos ex-presidentes José Sarney e Fernando Collor são abastecidos na Presidência da República, enquanto os demais pagam o combustível com cartão corporativo do governo federal. Collor ainda conta com carro oficial pago pelo Senado Federal, com direito a combustível e motorista. Nos últimos oito anos, esses gastos somaram R$ 570 mil. Quem mais usufruiu da mordomia foi o ex-presidente Fernando Collor – R$ 269 mil.
Salários de assessores são carro-chefe
Haveria um corte de gastos em 2020, pela redução do número de viagens internacionais. O total de despesas ficaria em R$ 5,5 milhões. Em 2019, chegou a R$ 6,4 milhões. Mas o pagamento dos novos carros oficiais elevou os gastos para R$ 6,8 milhões no ano passado. Como em anos anteriores, a maior despesa em 2020 foi com a equipe de apoio, composta por assessores, seguranças e motoristas. Foram R$ 4,6 milhões. Uma pequena redução em relação a 2019 – R$ 5 milhões. Os valores de 2019 foram atualizados pela inflação.
A equipe do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso foi a mais cara – R$ 853 mil. Os servidores públicos à disposição da ex-presidente Dilma Rousseff custaram R$ 818 mil. A equipe do ex-presidente Michel Temer custou R$ 794 mil. A de Sarney, R$ 740 mil; a de Collor, R$ 730 mil. Lula foi o mais econômico nesse item, com uma folha de pagamento de R$ 693 mil.
Collor também contou com mais 55 assessores no seu gabinete no Senado, com uma folha mensal de R$ 466 mil. Ao longo de 2020, incluindo o 13º salário, a despesa ficou em R$ 6 milhões. Hoje, o assessor com maior salário no gabinete de Collor, um servidor efetivo, recebe R$ 39,5 mil bruto – acima do salário de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas ele sofre abate-teto de R$ 226. Com as mordomias de ex-presidente, sobrou dinheiro da cota para o exercício do mandato para o senador investir R$ 390 mil em assessoria de comunicação.
Viagens aumentam gastos de Lula
Os gastos com viagens foram reduzidos de R$ 1,3 milhão em 2019 para R$ 790 mil no ano passado. Isso que Lula viajou pouco em 2019 porque passou 10 meses preso em Curitiba. A liderança de Lula na soma dos gastos em 2020 resulta justamente das despesas com viagens. Embora tenha gastado menos com assessores, torrou R$ 418 mil com diárias e passagens para assessores, sendo R$ 355 mil pela Europa e Cuba.
A visita a Havana, onde acompanharia as gravações de um documentário sobre a América Latina, dirigido pelo cineasta americano Oliver Stone, custou R$ 163 mil em diárias e passagens para assessores e seguranças. Quase acabou em tragédia porque nove integrantes da comitiva foram infectados pela Covid-19. A estada em Havana durou 30 dias. Foi a viagem mais cara entre todos os ex-presidentes, como mostrou o blog. Ele também esteve em Roma, onde se encontrou com o papa Francisco; e em Paris, Berlim e Genebra.
Os R$ 224 mil gastos em viagens nacionais levaram Collor à segunda maior despesa geral: R$ 1,2 milhão. Dilma ficou em terceiro lugar no ranking da gastança, com R$ 1,15 milhão. Gastou muito com assessores e investiu R$ 108 mil em viagens. Esteve em Paris, prestigiando as homenagens de políticos e intelectuais a Lula, e em Cartagena, na Colômbia.
Fernando Henrique Cardoso, que fez as maiores despesas com assessores, gastou apenas R$ 2,7 mil com diárias de servidores em viagens nacionais. As despesas com combustível ficaram em R$ 2,8 mil, o que mostra que FHC cumpriu isolamento social. A sua conta fechou em R$ 1,07 milhão. As despesas de Temer somaram R$ 1,05 milhão, Sarney gastou R$ 980 mil.
E os gastos dos ex-presidentes são parciais
Os R$ 69 milhões torrados com os ex-presidentes são valores expressivos. Hoje, comprariam 1,4 milhão de vacinas. Mas são dados parciais. O rombo é ainda maior. Ao responder questionamentos do blog, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que, em relação à remuneração da equipe de apoio aos ex-presidentes, “só foi possível informar os valores de 1999 a 2019. Os dados relativos a anos anteriores não estão disponíveis para extração no SIAPE”.
Os gastos com combustível pagos com cartão corporativo estão disponíveis a partir do ano de 2004 e as despesas com diárias e passagens, a partir de 2003. Também não foram apresentados os dados relativos à manutenção de veículos e consumo de combustível ao período de 1986 a 2012.
Segundo a Secretaria-Geral, isso demandaria “prolongada pesquisa em processos administrativos que tramitaram fisicamente (em papel)”. Esses dados estão depositados no Arquivo Central da Presidência da República, ou foram destruídos conforme prevê a legislação.
-
Novo embate entre Musk e Moraes expõe caso de censura sobre a esquerda
-
Biden da Silva ofende Bolsonaro, opositores e antecipa eleições de 2026; acompanhe o Sem Rodeios
-
Qual o impacto da descriminalização da maconha para os municípios
-
Qual seria o melhor adversário democrata para concorrer com Donald Trump? Participe da enquete
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS
Deixe sua opinião