O presidente Lula gastou R$ 7,87 milhões com cartões corporativos até agosto. O valor representa 50% a mais do que Bolsonaro no mesmo período em 2019 – R$ 5,2 milhões (com valores já atualizados pela inflação). As maiores despesas de Lula aconteceram em maio – R$ 1,95 milhão, mas elas estão registradas em junho porque os valores publicados pela Presidência da República são relativos aos gastos do mês anterior.
Os cartões corporativos pagam despesas de viagens internacionais, como taxas aeroportuárias e despesas extraordinárias. Mas pagam também as compras de alimentos para o presidente, seus familiares e servidores, além dos banquetes oferecidos no Palácio da Alvorada. Reportagens do blog mostraram a gastança com bebidas caras e sofisticadas nos dois primeiros governos de Lula e de Dilma Rousseff.
O detalhamento dos gastos com os cartões corporativos fica em sigilo durante o mandato presidencial por questões de segurança, segundo afirma a Presidência da República. Os dados secretos são desclassificados e divulgados após o término dos mandatos. Tanto nos governos petistas como no governo Bolsonaro, os documentos liberados revelam o pagamento de hospedagem e alimentação para centenas de servidores da Presidência e para militares que fazem a segurança dos presidentes.
O fim do sigilo sobre os gastos com cartão corporativo de Lula, em 2019, revelou alguns hábitos de consumo da presidência durante o governo do petista. Garrafas de cachaça Havana chegavam a R$ 390 a unidade. Havia também picanha especial, filé mignon, bacalhau e muita rabada – o prato predileto dele. Também houve a compra de barbatana de tubarão.
Os gastos mês a mês
Os gastos de Lula no atual governo começaram moderados. Foram R$ 382 mil em fevereiro (relativos a janeiro). Em março, já estavam em R$ 857 mil. Em abril, superaram R$ 1 milhão pela primeira vez. Em maio, alcançaram R$ 1,5 milhão. No mês de junho, chegaram ao valor máximo – R$ 1,95 milhão. Naquele mês, foram pagas despesas das viagens para Roma, Paris, Japão e Londres, realizadas no mês anterior.
Bolsonaro iniciou o seu governo gastando muito. Foram R$ 805 mil (atualizados) em fevereiro de 2019, com despesas relativas a janeiro. Caiu nos meses seguintes, ficando em torno de R$ 500 mil. Em maio, os gastos chegaram R$ 750 mil. E foram subindo aos poucos, até chegar aos R$ 912 mil em agosto (relativos a julho).
Quem gastou mais no passado
No início deste ano, foram divulgados dados completos sobre os gastos com cartões corporativos. Jair Bolsonaro encerrou o mandato com um total de R$ 27,6 milhões. A mesa de Bolsonaro também era farta e sofisticada, mas não alcançou os valores de Lula e Dilma Rousseff, que gastaram R$ 62 milhões e R$ 43 milhões nos seus primeiros mandatos, em valores atualizados pela inflação em janeiro deste ano.
No segundo mandato, de 2007 a 2010, Lula torrou mais R$ 50 milhões (atualizados). Os dados da Presidência da República foram obtidos pelo blog por meio da Lei de Acesso à Informação. A maior despesa dos presidentes da República com cartões corporativos foi feita com hospedagem – R$ 104 milhões. Em segundo lugar, veio a despesa com gêneros de alimentação – R$32 milhões. Nos seus dois mandatos, Lula investiu cerca de R$ 44 milhões com hospedagem da comitiva presidencial, assessores e seguranças.
Bolsonaro sempre afirmou que procurava economizar nas viagens presidenciais se hospedando em instalações militares. Mas gastou R$ 13,7 milhões com hotéis. Ele gastou mais R$ 5,8 milhões com gêneros alimentícios. Torrou R$ 820 mil no sofisticado Mercadinho La Palma. Gastou mais R$ 380 mil na Peixaria Guará, onde as 20 maiores compras somaram R$ 60 mil.
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