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Lúcio Vaz

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O blog que fiscaliza o gasto público e vigia o poder em Brasília

Despesas de Bolsonaro em Orlando quase igualam os gastos de Lula em Washington

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Bolsonaro retorna ao Brasil com a proposta de liderar a oposição a Lula (Foto: Reprodução/ Twitter)

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O ex-presidente Jair Bolsonaro já torrou R$ 662 mil com diárias e passagens para seguranças e assessores nas intermináveis férias em Orlando (EUA), de 29 de dezembro de 2022 a fevereiro deste ano. O valor representa 94% das despesas da viagem do presidente Lula a Washington em fevereiro – um total de R$ 700 mil com diárias e passagens para 65 integrantes da comitiva presidencial. E ainda serão divulgados os gastos do ex-presidente em março. As despesas estão registradas no Portal da Transparência da Presidência da República.

Mas Bolsonaro teve mais despesas em janeiro e fevereiro. A remuneração de seis seguranças e assessores que estiveram em Orlando e cidades vizinhas custou mais R$ 249 mil, elevando a conta da estrutura de apoio do ex-presidente para R$ 911 mil em dois meses. A folha mensal do pagamento da equipe de apoio está em R$ 124 mil. As despesas com diárias no final de dezembro, quando ainda era presidente, somaram R$ 150 mil. Os gastos como ex-presidente, em janeiro e fevereiro, chegaram a R$ 512 mil.

Na comparação com ex-presidentes, a gastança de Bolsonaro em Orlando representa o dobro das despesas da ex-presidente Dilma Rousseff durante férias de 43 dias em Nova York, em 2019. Sua equipe consumiu R$ 209 mil em diárias e passagens, em valores atualizados pela inflação. Só as 96 diárias pagas a dois seguranças custaram R$ 174 mi. O curioso é que os ex-presidentes não trabalham, mas tiram férias por conta do contribuinte.

Os ex-presidentes têm direito a mordomias como diárias e passagens para seguranças e assessores, dois carros oficiais blindados, combustível, locação de veículos, telefonia e telecomunicações. Quando era deputado, Bolsonaro chegou a apresentar um projeto de lei para acabar com a Lei 7.474/96, que “concedeu privilégios para ex-presidentes”, como justificou. Depois de eleito, não tocou mais no assunto. Hoje, usufrui os privilégios.

A gastança em detalhes

Três integrantes da equipe de apoio de Bolsonaro receberam 87 diárias no valor de R$ 182 mil de 1º a 30 de janeiro. A despesa total, incluindo passagens, chegou a R$ 211 mil. A mesma equipe recebeu mais 48 diárias, no valor total de R$ 102 mil, para dar segurança e assessorar o ex-presidente em Orlando e Oklahoma (EUA) de 13 de fevereiro a 1º de março, com gasto total de R$ 125 mil.

Dois outros seguranças receberam mais 28 diárias, no valor total de R$ 55 mil, para dar apoio a Bolsonaro de 1º a 15 de janeiro, com despesa total de R$ 63,5 mil. A mesma dupla recebeu R$ 71 mil por 36 diárias no período de 29 de janeiro a 16 de fevereiro. O gasto total foi de R$ 84 mil. Outro segurança levou 11 diárias, de 5 a 16 de fevereiro, com despesa total de R$ 29 mil.

O Portal da Transparência informa que os seis integrantes da equipe de apoio receberam R$ 54 mil em janeiro. Mas esse é apenas o valor dos cargos comissionados que ocupam. Todos militares, eles têm renda bem maior. A maioria deles é do Exército. O coronel de reserva Marcelo Câmara tem aposentadoria de R$ 26,7 mil e ganha R$ 10,4 mil pelo cargo de assessor, recebendo um total de R$ 37 mil.

O capitão da reserva Sérgio Cordeiro tem aposentadoria de R$ 20,5 mil e cargo de assessor especial de R$ 13,6 mil, totalizando R$ 34,2 mil. O primeiro tenente Osmar Crivelatti tem cargo de assistente de R$ 2,2 mil e salário de R$ 19 mil, com renda total de R$ 22 mil. Um segundo sargento em renda de R$ 9 mil. Um suboficial da Marinha tem renda de R$ 16,7 mil e um subtenente da Polícia Militar do Rio de Janeiro recebe R$ 6,2 mil.

De férias com a ex

A viagem de Dilma era um recorde de gastança. Ela partiu de São Paulo para Nova York em 7 de janeiro de 2019, onde permaneceu até o dia 13. Dali, voou para Sevilha, onde participou de seminário sobre os 70 anos de aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dois anos antes, na mesma cidade, logo após o seu impeachment, ela tentou explicar a origem dos privilégios no país. Afirmou que o Brasil precisa da democracia para lutar contra a desigualdade: “fomos o último país a abandonar a escravidão. Portanto, somos um país que tem em seu gene a lógica do privilégio”.

Por falar em privilégio, no dia 17 de janeiro de 2019, a ex-presidente retornou de Sevilha para Nova York, onde ficou por mais 37 dias, até retorno ao Brasil. O valor total da viagem – R$  209 mil – foi muito elevado, comparando com os gastos dos demais ex-presidentes, mas não chegou à metade das despesas de Bolsonaro em Orlando.

Democracia Direitos Humanos e crise climática

Os presidentes do Brasil, Lula, e dos Estados Unidos, Joseph Biden, em declaração conjunta, após reunião em Washington, dia 10 de fevereiro, reafirmaram a “natureza vital e duradoura” da relação Brasil-EUA e ressaltaram que o fortalecimento da democracia, a promoção do respeito aos direitos humanos e o enfrentamento da crise climática permanecem no centro da agenda comum.

Biden e Lula se comprometeram a trabalhar juntos para fortalecer as instituições democráticas e saudaram a segunda Cúpula pela Democracia, a realizar-se em março de 2023. Os dois destacara que continuam a rejeitar o extremismo e a violência na política, condenaram o discurso de ódio, reafirmaram sua intenção de construir resiliência da sociedade à desinformação, e concordaram em trabalhar juntos nessas questões.

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