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A passagem de R$ 1,6 mil do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) para Fernando de Noronha – valor que ele promete devolver ao Senado – não foi a única despesa da viagem de lazer do parlamentar no feriado de Finados. O deslocamento dos policiais legislativos que fizeram a escolta do senador custou mais R$ 18 mil aos cofres públicos em diárias e passagens, como mostram os registros na página de Transparência do Senado Federal. O senador também foi acompanhado da mulher, Fernanda Antunes.
Os policiais Bruno Ribeiro Fonseca e Leonardo Rocha dos Santos receberam seis diárias – cada um – no valor total de R$ 6,5 mil, mais R$ 11,2 mil em passagens aéreas. Eles partiram de Brasília para Recife no dia 28. No dia seguintes, seguiram para Fernando de Noronha, onde permanecem até o dia 3. Retornam então para Recife e depois Brasília.
Flávio já esteve em Fernando de Noronha, de 28 de fevereiro a 3 de março, acompanhado de dois seguranças, dando mais uma despesa de R$ 11 mil ao contribuinte em passagens e diárias. O senador passeou de barco com amigos, visitou os principais pontos turísticos do arquipélago e postou nas redes sociais uma foto segurando uma cavala recém pescada, com uma legenda: “Pesca esportiva é uma das atividades que atraem muitos turistas para Fernando de Noronha”. Inclusive ele.
Entre os policiais, estava o chefe da segurança do senador, Bruno Fonseca. Ele também acompanhou Flávio Bolsonaro em viagem de férias a Nova York, no final do ano passado. Naquela viagem aos Estados Unidos, Fonseca recebeu 23 diárias, no período de 21 de dezembro de 2019 a 13 de janeiro deste ano, pela “missão oficial de proteção de parlamentar”, no valor total de R$ 42 mil. Teve também despesas de mais R$ 25 mil com passagens.
Escolta de filho de presidente
O senador tem escolta policial porque é filho do presidente Jair Bolsonaro. Após a publicação da reportagem, o gabinete do senador divulgou nota onde justificou a escolta de policiais legislativos durante a viagem a Noronha: "Com relação a proteção, o senador tem direito a segurança constante, à serviço ou não, sendo tal prestação objeto de ajuste entre o Senado Federal e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Afinal, a família já foi vítima de um atentado que quase provocou a morte do atual Presidente da República e, sabidamente, criminosos ou terroristas não fazem folga em finais de semana ou feriados".
A divulgação da compra de passagem de R$ 1,6 mil por Flávio Bolsonaro foi feita incialmente pelo site de Brasília Metrópoles. Até o sábado à noite (31), no site do Senado, os valores constavam como ressarcidos ao senador. Mas a sua assessoria afirmou que se tratava de um “equívoco” e que o senador havia pedido para a direção da casa cancelar tanto o reembolso pelas passagens aéreas quanto o pedido de diárias que havia sido encaminhado.
Na nota divulgada ontem, o gabinete do senador afirmou que ele, "consciente e previamente, optou por não solicitar diárias para a viagem à Fernando de Noronha. Sobre a restituição das passagens, vale ressaltar que a viagem deu-se à serviço, a partir de convite da Administração da ilha e da Embratur, conforme documentos anexados".
A nota acrescenta que, em face da existência de intervalos na agenda de trabalho, o parlamentar optou por levar a esposa e, por isso, não quis exercer seu direito de ressarcimento da própria passagem. Um erro administrativo, no entanto, gerou o pedido de reembolso. Com a identificação do ocorrido a partir da matéria publicada, foram adotadas as providências para a restituição do reembolso – o que já foi feito".