Com a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato conseguiram R$ 13,6 bilhões para tocar obras em países da África e da América Latina durante os governos petistas. Isso representa 93% do total financiado pelo banco estatal para exportação de bens e serviços. Só a Odebrecht ficou com 64% do total. Além de aeroportos, portos, rodovias e hidrelétricas, as empreiteiras também fizeram obras de saneamento e construção de casas populares, segundo informações obtidas pelo blog na base de dados do BNDES.
A obra de maior porte foi a construção da Usina Siderúrgica do estado de Bolivar, tocada pela Andrade Gutierrez, na Venezuela de Hugo Chavez, em 2010, no valor de R$ 865 milhões. A construção da Linha 2 do metrô de Los Teques, numa extensão de 12 quilômetros, de 2010 a 2015, custou R$ 862 milhões.
Em depoimentos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no início deste mês, o marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, afirmaram que receberam pagamentos de duas empreiteiras para a campanha eleitoral de Chavez na Venezuela, em 2012. Santana disse ter conversado com Lula sobre os pagamentos. O ex-presidente teria dito que Emílio Odebrecht iria procurá-lo.
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Angola
Na sua delação premiada, Emílio disse que pediu ajuda a Lula para ampliar a linha de crédito disponível pelo BNDES para Angola, país que estava com restrições orçamentárias em 2009. Teria sido aprovado um reforço de R$ 1 bilhão. Em contrapartida, o PT teria pedido uma contribuição de R$ 40 milhões, segundo depoimento do ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht.
Angola recebeu investimentos de R$ 3,99 bilhões para grandes obras a partir de 2007, sendo R$ 3,14 bilhões por intermédio da Odebrecht. Só a construção da hidrelétrica de Lauca, além da distribuição da energia, consumiu R$ 646 milhões. A construção do aeroporto internacional de Catumbela, na província de Benguela, também tocada pela Odebrecht, custou R$ 110 milhões.
A empreiteira tocou ainda o programa de saneamento básico para Luanda, no valor de R$ 145 milhões, e construiu 3 mil unidades habitacionais, além de implantar a infraestrutura para outras 20 mil unidades, ao custo total de R$ 281 milhões.
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República Dominicana
Na República Dominicana, a Odebrecht construiu uma usina termelétrica a carvão em 2015 – um investimento de R$ 656 milhões. A reconstrução e os melhoramentos na estrada Cibao Sur custaram R$ 200 milhões. O mesmo preço do Corredor Ecológico Pontezuela, em Santiago de Los Caballeros.
Nesta segunda-feira (29), o ministro da Indústria e Comércio dominicano, Juan Temístocles Montás, e mais nove pessoas foram detidos por suposto envolvimento em pagamentos de suborno pela Odebrecht naquele país. Segundo a delação dos próprios executivos, a empreiteira teria pago R$ 92 milhões em propina de 2001 a 2014 para conseguir vantagens em licitações do governo local. Integra o grupo o ex-senador e ex-presidente do Instituto Nacional de Águas Potáveis, Roberto Rodriguez.
No dia 10 de fevereiro deste ano, a Procuradoria Geral da República do Brasil recebeu procuradores de dez países que abriram investigações para apurar a ação da Odebrecht. Já solicitaram informações Argentina, Colômbia, Equador, México, Peru, República Dominicana e Venezuela. Em 20 de abril, a República Dominicana foi o primeiro país a receber as informações resultantes das delações premiadas dos executivos da empresa.
Na Argentina, a Odebrecht ficou com 91% dos recursos investidos pelo BNDES. A ampliação do gasoduto San Martin consumiu R$ 442 milhões. A expansão da malha de gasodutos troncais custou mais R$ 1bilhão. A Camargo Correa implantou redes de abastecimento de água em Avellaneda e Berazategui, com orçamento de R$ 45 milhões.
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