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Lúcio Vaz

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Dinheiro público

Quanto Bolsonaro já gastou com férias e folgas em plena pandemia

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As folgas e férias do presidente Jair Bolsonaro no Guarujá (SP) e em São Francisco do Sul (SC), durante a pandemia, custaram R$ 3,8 milhões aos cofres públicos. Considerando todo o ano de 2020, foram R$ 4,5 milhões porque contam mais duas viagens para o Guarujá em janeiro e fevereiro e o réveillon na Base Naval de Aratu (BA) no início do ano. Os novos dados surgiram porque a Presidência da República alterou a divulgação das despesas nas viagens presidenciais, incluindo os gastos com cartões corporativos e diárias a servidores.

Considerando todas as viagens nacionais no período da pandemia, para visitas a obras, cerimônias militares e lazer, as despesas do presidente somaram R$ 19,3 milhões até o início de março deste ano. No ano fechado de 2020, o valor é um pouco maior – R$ 19,5 milhões. Incluindo as internacionais, R$ 20,7 milhões. Bem mais do que o valor de R$ 10,7 milhões divulgado anteriormente. Todos os valores da reportagem foram atualizados pela inflação do período.

A maior despesa foi com as férias no Guarujá e em São Francisco – R$ 2 milhões, em dezembro do ano passado. Os gastos com cartões corporativos, sob sigilo, somaram R$ 1,2 milhão. São despesas como combustível de aeronaves, hospedagem, alimentação, telecomunicações e outras mordomias, como mostraram reportagens do blog sobre as viagens de Lula, Dilma e Temer. Mas a Presidência continua não detalhando os gastos. Como prevê a Lei de Acesso à Informação, as despesas do presidente da República são divulgadas somente após o final do seu mandato.

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Férias de Bolsonaro têm séquito de assessores e seguranças

Bolsonaro tirou férias a partir de 19 de dezembro e foi para São Francisco do Sul, onde ficou hospedado no Forte Marechal Luz, uma colônia de férias para militares. Foi acompanhado por uma equipe de segurança com 52 militares, incluindo 13 oficiais superiores, 20 sargentos e 8 praças. Só as diárias dos militares e assessores da Presidência custaram R$ 66 mil. O custo total da estada do presidente na praia chegou a R$ 750 mil.

Em seguida, o presidente rumou para o Guarujá, no dia 28 de dezembro, ficando hospedado no Forte dos Andradas, com um séquito de 73 militares. Havia 22 oficiais e 8 assessores da Presidência. As despesas com a equipe precursora e a comitiva presidencial somaram R$ 1,2 milhão. O forte está localizado no Morro do Monduba, uma área de preservação de Mata Atlântica.

Durante as férias, Bolsonaro participou de um jogo beneficente na Vila Belmiro, em Santos; fez o tradicional rolê de moto pelas ruas do Guarujá, escoltado por seguranças e policiais militares; e provocou aglomerações na praia. No dia 1º do ano, pulou de um barco e nadou até um grupo de banhistas próximos à praia.

Bolsonaro gostou tanto de São Francisco que retornou ao forte no Carnaval de 2021. Nos quatro dias de folga, andou de jet-ski pela praia, sem usar máscara de proteção, e provocou aglomerações, num momento em que o estado atravessava forte crise sanitária, com colapso em alguns hospitais. O passeio do presidente custou mais R$ 750 mil ao contribuinte.

A folga de Bolsonaro no feriado de Finados no Guarujá, em 2 de novembro, gerou uma despesa de R$ 530 mil. Mais uma vez, ele passeou de moto, esteve na praia e jogou uma pelada com os militares do forte e da sua equipe de segurança. No feriado de 12 de outubro, a passagem pelo forte havia custado R$ 455 mil. No Carvanal do ano passado , mais uma despesa de R$ 622 mil para o contribuinte. O ano de 2020 começou com duas viagens de férias emendadas – Base Naval de Aratu (BA) e Forte nos Andradas – ao custo de R$ 890 mil.

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As inaugurações e festas militares

Bolsonaro não gastou apenas com férias e folgas, é verdade. Ele também visitou ou inaugurou obras e prestigiou cerimônias militares. A viagem mais cara – R$ 820 mil – teve caráter sentimental. Foi para o Vale da Ribeira, onde passou a infância e a adolescência. Como não tinha o que inaugurar, apresentou projetos de pontes em Eldorado e Pariquera-Açu, onde reuniu 2 mil pessoas, em setembro, em plena pandemia da Covid-19.

A viagem conjunta para Sertânia e São José do Egito, em Pernambuco, no início de outubro, custou R$ 530 mil. Ele visitou as obras do Canal do Agreste, que vai receber as águas do São Francisco, e inaugurou a primeira fase da segunda etapa do Sistema Adutor do Pajeú. No mesmo mês, gastou R$ 570 mil para visitar a agência-barco da Caixa Econômica Federal em Breves, na Ilha do Marajó.

No final de julho, o presidente fez uma visita ao Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, e inaugurou o sistema de abastecimento de água em Campo Alegre de Lourdes, na Bahia. Todo o deslocamento custou R$ 340 mil.

Em 17 de dezembro, houve mais uma viagem dupla. Bolsonaro participou do lançamento da pedra fundamental para a implantação e pavimentação da BR-367, em Jacinto (MG). A pedra fundamental registra apenas que a obra teve início – uma tradição da “velha política”. No mesmo dia, esteve na cerimônia de assinatura de atos de apoio ao setor produtivo, em Porto Seguro (BA), onde chegou de helicóptero. O roteiro saiu por R$ 376 mil.

A inauguração do eixo central da Ponte do Rio Guaíba, em Porto Alegre, e a liberação de um trecho de 27 km da duplicação da BR-116 da capital a Pelotas, em 10 de dezembro, custou mais R$ 320 mil.

Entre as viagens para a participação em cerimônias militares, a mais cara ocorreu nos dias 14 e 15 de agosto, no Rio de Janeiro. Bolsonaro participou da Inauguração da Escola Cívico Militar e da cerimônia de brevetação dos novos paraquedistas. Mais uma viagem de caráter afetivo do capitão Bolsonaro, um ex-paraquedista. O capricho custou R$ 408 mil.

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