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Com despesas totais de R$ 30 milhões nas viagens internacionais até junho, o presidente Lula não dispensou a mesma atenção aos rincões do país no seu terceiro governo. Os gastos até agosto somam R$ 2,3 milhões – menos do que os R$ 2,8 milhões gastos pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, e apenas 60% a mais do que as despesas com as viagens dos seus filhos. No mesmo período em 2019, Jair Bolsonaro gastou R$ 3 milhões (em valores atualizados pela inflação).
Como o novo governo ainda não tem obras prontas, Lula viajou para visitar “início de obra”, “canteiro de obras”, “retomada” de trechos de rodovias e ferrovias, “relançamento” de programa antigos, como o Luz para Todos e o Novo PAC, além da retomada de grandes obras iniciadas e paralisadas em governos petistas. O governo divulga apenas os valores das diárias e passagens de servidores, sem informar os custos com hospedagem, alimentação e aluguel de veículos para o transporte terrestre da comitiva presidencial. As despesas com a aeronave presidencial também estão em sigilo.
A maior parte dos gastos de Lula com viagens nacionais foi para o Norte e Nordeste – R$ 1,3 milhão. Alckmin fez a maioria das suas viagens para São Paulo – capital e interior –, num total de R$ 1,4 milhão. O vice-presidente tornou-se um interlocutor permanente com o grande empresariado paulista.
Submarinos, Theatro e Coldplay
Em março, Lula fez a primeira extravagância – uma viagem de apenas um dia para o Rio de Janeiro. Ele fez “visitas” ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ), onde há um estaleiro de submarinos, e às obras de reconstrução do Museu Nacional; teve um “encontro” com a banda Coldplay e participou de um ato “Pelo Direito à Cultura", no Theatro Municipal. Com o apoio de 48 servidores, a viagem custou R$ 182 mil. Em 11 de agosto, comandou a cerimônia de lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), com investimento inicial do governo federal de R$ 65 bilhões. Foi uma festa sem povo, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mais R$ 198 mil na conta do contribuinte.
Em maio, num período de 9 horas, Lula participou de eventos e Fortaleza e Crato (CE). Na capital cearense, lançou o Programa Escolas de Tempo Integral. No Crato, inaugurou um centro de educação infantil e assinou a medida provisória que instituiu o Pacto Nacional pela "Retomada" de Obras da Educação Básica. A viagem custou R$ 150 mil.
No início de junho, foi a São Bernardo do Campo. Visitou as instalações da Universidade Federal do ABC e esteve ainda na inauguração e visita à nova linha de produção da fábrica da Eletra. Mais R$ 93 mil na conta.
Jantar oferecido por Lula e Janja
Em agosto, Lula esteve na Reunião dos Chefes de Estado e de Governo dos países signatários do Tratado de Cooperação Amazônica (TCA), em Belém. No centro de convenções, houve a Adoção da Declaração de Belém pelos países signatários do TCA. Na Estação das Docas, foi realizado o jantar “Uma experiência imersiva na Amazônia: sons, sabores e imagens, oferecido pelo presidente da República e pela senhora Janja Lula da Silva”, como registra a agenda presidencial. Mas quem pagou os R$ 355 mil da viagem foi o contribuinte.
Em março, Lula esteve em Recife para do Ato de “Relançamento” do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e para o evento “Diálogo: Políticas Públicas para as Mulheres Rurais”. Em junho, retornou à capital pernambucana para a cerimônia de lançamento do “novo” Programa Farmácia Popular do Brasil. As duas viagens custaram R$ 166 mil.
Por onde andou Alckmin
O vice-presidente Alckmin esteve no Rio Grande do Sul em agosto. Em Passo Fundo, prestigiou o lançamento da pedra fundamental da Usina de Etanol. Isso significa que a obra está iniciando. Em Porto Alegre, esteve no Encontro com Lideranças da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). A viagem ficou em R$ 142 mil.
Em Manaus, em julho, esteve Reunião do Conselho de Administração da Suframa (CAS) e na assinatura do Contrato de Gestão do Centro de Bionegócios da Amazônia. As diárias e passagens custaram R$ 127 mil.
Em São Paulo, em julho, visitou a Fábrica da Mercedes-Benz e esteve no Ato Solene à Primeira Grande Venda de Caminhões e Ônibus do Programa de Renovação de Frota do Governo Federal. Mais uma despesa de R$ 90 mil. Em maio, também na capital paulista, teve encontro com Jacyr Costa, diretor Financeiro da FIESP. No mesmo dia, participou de gravação em homenagem aos 60 anos do Programa Silvio Santos. A viagem custou R$ 111 mil.
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima