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Astronauta Marcos Pontes em sessão do Senado de 10/7/2024
Assessoria do senador Marcos Pontes justificou viagens ao exterior com “dependência de conhecimento sobre as legislações internacionais”.| Foto: Pedro França/Agência Senado

Oito senadores gastaram mais de R$ 100 mil – cada um – com viagens ao exterior até o fim de junho. As despesas já somam R$ 2,2 milhões, sendo R$ 1,2 milhão com passagens e R$ 1 milhão com diárias. O campeão da gastança foi o senador Laércio Oliveira (PP-SE), com R$ 154 mil, sendo R$ 81 mil com passagens. No ano passado, ele já havia torrado R$ 318 mil com suas viagens em “missão oficial”.

Em março, Laércio esteve em Washington para “participar de debates com o governo e o parlamento norte-americano” sobre o tema inteligência. A passagem aérea, na classe executiva, custou R$ 46 mil. Em maio, participou do Summit Valor Econômico, em Nova York, e prestigiou o Congresso Internacional de Municípios Promotores do Empreendedorismo, em Funchal (Portugal). Em junho, em Genebra, participou da Conferência Internacional do Trabalho. As suas diárias somaram R$ 73 mil.

O senador Jorge Seif (PL-SC) teve despesas de R$ 130 mil com duas viagens internacionais em março, sendo R$ 84 mil com passagens. Ele esteve em Dubai, em comitiva oficial. As passagens custaram R$ 49 mil. Dali, deu uma esticada a Portugal, onde visitou o estande da Secretaria de Turismo de Santa Catarina na Bolsa de Turismo de Lisboa. As diárias nos dois eventos custaram R$ 46 mil.

As despesas já somam R$ 2,2 milhões, sendo R$ 1,2 milhão com passagens e R$ 1 milhão com diárias

Na classe executiva

A senadora Mara Gabrilli gastou R$ 129 mil em duas viagens a Nova York. Em abril, participou do Fórum das Nações Unidas sobre Questões Indígenas. Em junho, esteve no Fórum da Juventude e na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

O senador Vital do Rego (MDB-PB), vice-presidente do Senado, gastou R$ 128 mil. Só as passagens custaram R$ 102 mil. A passagem para o evento Prodexpo e reuniões com autoridades de Moscou, empresários e especialistas, em fevereiro, custou R$ 48 mil, na classe executiva. A passagem para o 10.º Fórum Parlamentar dos Brics, no início de julho, chegou a R$ 53 mil.

Nelsinho Trad (PSD-MS) gastou mais R$ 112 mil com viagens internacionais. A maior parte custeou despesas com os deslocamentos a Montevidéu, onde participou das reuniões do Parlamento do Mercosul. Mas Trad esteve também na Bolsa de Turismo de Lisboa e na Feira Internacional de Turismo de Berlim. Ele marcou viagem para o Fórum Jurídico de Lisboa, no fim de junho, mas desistiu na última hora. O Senado está aguardando reembolso conforme regra tarifária do bilhete. No ano passado, Trad gastou R$ 292 mil com viagens internacionais.

O Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) fez quatro viagens ao custo de R$ 110 mil. Visitou o Mobile World Congress, em Barcelona; participou dos debates sobre Inteligência Artificial em Washington, da Competição Robótica em Houston (EUA) e do Seminário Luso-Brasileiro de Educação e Tecnologia em Aveiro (Portugal). As diárias das quatro viagens somaram R$ 83 mil.

Modelo para jogos e cassinos

O senador Irajá (PSD-TO) gastou R$ 110 mil com viagens. Em fevereiro, visitou a Prodexpo-2024 e participou de reuniões com autoridades de Moscou, empresários e especialistas. A passagem internacional, na classe executiva, custou R$ 44 mil. Em maio, prestigiou o Lide Brazil Investment Fórum e Valor Econômico em Nova York. No mesmo mês, participou do evento SBC Cassino Beats Summit, para conhecer o modelo regulatório para jogos e cassinos na cidade de Valeta (Malta), localizada no Mediterrâneo. Mas o senador está mais contido neste ano. Em 2023, as suas viagens internacionais somaram R$ 331 mil.

O senador Weverton (PDT-MA) gastou exatos R$ 100 mil com viagens internacionais. Em Buenos Aires, participou de seminário sobre a atualização do Código Civil Argentino. Em Nova York, esteve na Conferência Internacional da Síndrome de Down.

Para justificar as viagens de Marcos Pontes, a sua assessoria destacou que “estamos em um mundo cada vez mais globalizado e o processo legislativo está cada vez menos isolado, criando-se assim uma dependência de conhecimento sobre as legislações internacionais, sempre com o foco de melhorar a qualidade da legislação nacional”. A assessoria classificou o Mobile World Congress como “um dos mais influentes eventos no campo das comunicações móveis e tecnologias afins”. Destacou ainda que o senador é vice-presidente da Comissão Temporária sobre Inteligência Artificial no Brasil. Os demais senadores citados na reportagem foram questionados se não seria um exagero uma despesa de R$ 2,2 milhões com viagens num momento em que o país vive uma crise fiscal. Não houve resposta.

A assessoria da senadora Gabrilli afirmou que as suas viagens foram motivadas também por sua indicação, pelo governo brasileiro, para a sua eleição como perita no Comitê sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, cargo que não é remunerado e cujo mandato é custeado pela própria ONU. A senadora fez oitenta reuniões bilaterais e foi eleita para um mandato de 4 anos, a começar em 2025.

O valor apontado é referente às duas missões oficiais senadora. Ela acompanhou na sede da ONU, em Nova Iorque, os debates propostos no Fórum Permanente de Questões Indígenas e no Fórum da Juventude. Em ambos os debates, Gabrilli acompanhou as discussões com o intuito de trazer ao Brasil boas práticas adotadas por outros países.

Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campos
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