O governo Lula torrou R$ 45,7 milhões com cartões corporativos até agosto, enquanto o governo Bolsonaro gastou R$ 35 milhões no mesmo período em 2019, em valores atualizados. As despesas com cartões no governo Lula foram 31% maiores. Os dados consideram todos os ministérios. Os maiores pagamentos únicos em gastos diretos de Lula explodiram. Esses valores chegaram a R$ 149 mil, R$ 152 mil e R$ 169 mil. O maior pagamento em gastos diretos de Bolsonaro ficou em R$ 124 mil. Seria o quinto na era Lula.
As despesas diretas do presidente Lula com cartões corporativos somaram R$ 7,9 milhões até agosto. Os gastos mantidos sob sigilo chegaram a R$ 7,87 milhões – 99% do total. As despesas de Bolsonaro até agosto de 2019 foram de R$ 4,09 milhões. Os pagamentos sob sigilo somaram R$ 4,02 milhões – 98,3%. Presidentes adoram manter suas despesas sob sigilo.
Esses pagamentos são feitos pela Secretaria de Administração da Presidência da República. São despesas de viagens, como hospedagem, diárias, passagens, aluguel de veículos, ou despesas do Palácio da Alvorada, onde moram os presidentes e suas famílias. Os pagamentos são relativos a despesas feitas no mês anterior. Assim, o blog trabalhou com os pagamentos a partir de fevereiro, relativos a janeiro. Esses dados ficam em sigilo durante o mandato presidencial. Muitos sigilos já foram quebrados.
A maior despesa dos presidentes com cartões nos últimos 20 anos foi com hospedagem – R$ 104 milhões. Nos seus dois primeiros mandatos, Lula torrou cerca de R$ 44 milhões com hospedagem da comitiva presidencial, assessores e seguranças. No primeiro mandato de Dilma, as suas despesas com hospedagem somaram cerca de R$ 25 milhões. Bolsonaro sempre afirmou que economizava nas viagens presidenciais, com hospedagens em instalações militares. Mas gastou R$ 13,7 milhões com hotéis.
Mais sigilos
Considerando todo o atual governo Lula, as despesas sob sigilo representam 51,5% do total. A maior parte desses gastos ocorre no Ministério da Justiça, mais especificamente na Polícia Federal. Foram pagos R$ 9,14 milhões sob sigilo no departamento este ano. Mais do que o valor pago pela Secretaria de Administração da Presidência, que gerencia os gastos diretos com os presidentes – R$ 7,9 milhões. As despesas da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) somaram R$ 4,7 milhões – todas sob sigilo. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI), acusado pela oposição de ter sido leniente na defesa do Palácio do Planalto nos atos do dia 8 de janeiro, os gastos sigilosos ficaram em R$ 1,1 milhão.
Entre os ministérios de Lula, com gastos sigilosos e abertos, as maiores despesas com cartões foram feitas pelo Ministério da Justiça, comandado por Flávio Dino – R$ 11,9 milhões. A maior parte foi feita pela Polícia Federal – R$ 11,6 milhões. O maior pagamento, feito por Adriana Vieira, chegou a R$ 49,7 mil. O nome do favorecido não foi informado. Ela fez 62 pagamentos no valor total de R$ 122 mil, todos sem a informação do beneficiado. Luciara Souza fez 269 pagamentos às empresas aéreas Gol, TAM e Azul, no valor de R$ 512 mil. Faltou informar quem viajou.
No Ministério da Educação, foram pagos R$ 4,4 milhões com corporativos. As maiores despesas foram feitas pelas universidades – R$ 1,84 milhão – e pelos institutos federais de educação – R$ 1,9 milhão. No primeiro ano do governo Bolsonaro, até agosto, as despesas com cartões das universidades e institutos somaram R$ 3,4 milhões (atualizados).
Servidores comem picanha
Os gastos com cartões no Ministério do Planejamento somaram R$ 4,15 milhões, mas quase a totalidade da despesa – R$ 4,14 milhões – foi feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que realiza pesquisas de campo. Em 2019, no governo Bolsonaro, esses gastos ficaram em R$ 3,1 milhões. No Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, as despesas com cartões chegaram a R$ 1,7 milhão. No governo Bolsonaro, até agosto de 2019, foram escassos R$ 375 mil. As fiscalizações foram reduzidas.
Na campanha presidencial, Lula afirmou que os pobres voltariam a comer picanha nos finais de semana no seu governo. Pelo menos os servidores estão comendo. As despesas com churrascarias pagas com cartões corporativos já somam R$ 80 mil – mais do que o dobro dos R$ 35 mil gastos no mesmo período no governo Bolsonaro. A maior despesa com churrascarias foi do Comando do Exército – R$ 72 mil, com 162 refeições no valor médio de R$ 448.
O Comando do Exército afirmou ao blog que a utilização do cartão para pagamento de despesas "segue as disposições contidas no Decreto nº 93.872, de 23 de dezembro de 1986, e regulamentação complementar. Cabe ressaltar que a planilha informada na demanda apresenta o número de vezes em que os cartões foram usados e não ao número de refeições realizadas. Por fim, ressalta-se que todo o agente suprido que se utilizou do CPGF faz a devida prestação de contas, podendo ser responsabilizado pelo uso indevido do cartão".
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