Com os dois primeiros mandatos mais o atual, Lula torrou R$ 128 milhões com cartões corporativos. Bolsonaro gastou R$ 49 milhões no seu mandato. Dilma Rousseff gastou R$ 53 milhões no primeiro mandato mais o início do segundo, até sofrer o impeachment. Os dados foram atualizados pela inflação do período. As despesas dos presidentes com cartões de 2003 a 2023 somaram R$ 253 milhões.
A base de dados foi obtida pela Agência Fiquem Sabendo, especializada na Lei de Acesso à Informação (LAI), e trabalhada em parceria com o blog.
Lula gastou R$ 64 milhões com cartões no seu primeiro ano de mandato, de 2003 a 2006. No segundo mandato, até 2010, a despesa ficou em R$ 52 milhões. No atual governo, Lula gastou mais R$ 12 milhões com cartões corporativos até dezembro de 2023. No primeiro ano do primeiro mandato, em 2023, a gastança chegou a R$ 17 milhões.
No primeiro ano do seu mandato, em 2019, Bolsonaro gastou R$ 9,8 milhões com cartões. No ano seguinte, foram R$ 11,7 milhões. Em 2022, no ano eleitoral, quando buscava a reeleição, a despesa com cartões chegou a R$ 14,6 milhões. Dilma gastou R$ 9,5 milhões no seu primeiro ano como presidente. Em 2014, quando foi reeleita, torrou 16 milhões.
Maiores despesas
A maior despesa de Lula com cartões foi com hospedagem – R$ 52 milhões. A conta mais cara foi no Sauipe Park, na Bahia, onde foi realizada a Cúpula da América Latina e do Caribe sobre Integração e Desenvolvimento. A hospedagem custou R$ 690 mil. As despesas com locomoção somaram R$ 33 milhões. Os gastos com gêneros de alimentação somaram R$ 11,6 milhões.
Os cartões corporativos pagam despesas do presidente, da comitiva e dos seguranças durante as viagens. Pagam ainda despesas do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente e da sua família. Os cartões custeiam também almoços e jantares para convidados, a maioria políticos e outras autoridades. A comida é farta, por vezes muito sofisticada.
As hospedagens de Bolsonaro e comitivas custaram R$ 20,6 milhões. A mais cara, no Hotur S Paulo, custou valor de R$ 386 mil. Trata-se de um hotel do Guarujá, onde se hospedavam a comitiva e seguranças do presidente durante as suas viagens de férias ou folgas. Dez hospedagens nesse hotel somaram R$ 1,75 milhão. As 28 estadas no Blue Tree Faria Lima custaram R$ 703 mil.
Bolsonaro costumava ficar hospedado em residências militares, como o Forte dos Andradas, no Guarujá, mas os seguranças e assessores eram acomodado em hotéis. A locação de veículos e combustível totalizaram R$ 1,4 milhão. A compra de gêneros alimentícios em supermercados, padarias, açougues, peixarias, custou R$ 6,2 milhões. Todas as despesas foram pagas com cartões corporativos.
Dilma gastou R$ 25,5 milhões com hospedagens. Ela comemorava as festas de fim de ano na Base Naval de Aratu, em Salvador. No final de dezembro de 2011, um séquito de servidores acompanhou a presidente, desde seguranças até empregados domésticos. A lancha utilizada pela presidente e familiares foi alugada por R$ 40 mil (em valores atualizados). A hospedagem da comitiva e seguranças da presidente ocorria no Catussaba Hotel, que recebeu um total de R$ 1,4 milhão em quatro anos. A aquisição de gêneros de alimentação custou mais R$ 7,7 milhões. Tudo pago com cartões corporativos.
Cachaça, vinho do Porto e camarão GGG
Lula mantinha a dispensa do Alvorada bem sortida. Em 12 de agosto de 2010, foram compradas 7 garrafas de Absolut, e 6 de cachaça Anísio Santiago, mais alguns vinhos, num total de R$ 4 mil, na Casa do Vinho. No dia 25 daquele mês, no mesmo local, foram compradas mais 24 garrafas de Johnny black no valor total de R$ 5,7 mil. Em 10 de setembro de 2010, mais compras na Casa do Vinho: 12 garrafas de black, 5 Anísio Santiago e 6 Absolut, totalizando R$ 6,6 mil.
A mesa também era farta. No dia 9 de setembro de 2010, numa incursão pela Peixaria do Guará, foram comprados 16 quilos de camarão GGG, 18 quilos de filé de robalo e outros peixes, no valor total de R$ 7 mil. No Mercado Municipal, mais R$ 3,3 mil por 16 quilos de bacalhau Gadus Mohua.
O prato predileto de Lula não poderia faltar. Em 20 de agosto, na Boutique de Carnes Viande, foram adquiridos 14 quilos de rabada. O pacote incluía 51 quilos de filé mignon e 25 quilos de picanha Bassi, a R$ 130 o quilo. Em 9 de setembro, foram adquiridos mais 11 quilos de Rabada na Viande.
As bebidas eram mais sofisticadas na gestão de Dilma. Em 23 de julho, foi feito um pedido de compra de vinhos para o Alvorada. Deveriam ser 6 unidades de vinho tinto português da região Península de Setúbal e 3 unidades de vinhos da região Alentejo. Foram compradas ainda 6 garrafas do vinho português Quinta da Bacalhoa por R$ 200 a unidade e mais 3 garrafas do vinho Pêra-Manca. A conta fechou em R$ 4 mil. Em 9 de setembro, foram adquiridas mais 6 garrafas de Pêra-Manca – um vinho da Adega Cartuxa, em Évora, por R$ 3,6 mil.
Questionada sobre a compra de bebidas caras e carnes nobres para o Alvorada, a assessoria de Lula respondeu, no início do atual governo, que “o governo fazia inúmeros eventos e recepções a chefes de Estado e autoridades estrangeiras, que, na época, visitavam bastante o Brasil. Tais eventos constam da agenda da presidência da República”.
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS