O presidente Lula esteve afastado do país por 28 dias em visitas a nove países, torrando mais de R$ 6 milhões só em diárias e passagens para assessores e seguranças. Ocupado com a busca de projeção internacional, Lula cometeu gafes e afastou-se das articulações políticas com deputados e senadores, o que resultou em derrotas no Congresso Nacional. Nas viagens nacionais, que consumiram R$ 800 mil, lançou ou relançou alguns projetos e visitou obras iniciadas em governos anteriores.
O período mais intenso das viagens internacionais ocorreu em abril. A comitiva de Lula partiu para a China no dia 11 daquele mês, com escalas em Lisboa e Abu Dhabi. Passou primeiro em Xangai, dia 13, para a cerimônia de posse da “presidenta” do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff. Lula teve ainda audiência com o secretário-geral do Partido Comunista em Xangai, Chen Jining.
No dia seguinte, teve encontros restrito e ampliado com o presidente da República Popular da China, Xi Jinping. No retorno, dia 15, esteve em Abu Dhabi, onde teve reunião com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, o xeique Mohammed Al Nahyan. Chegou a Brasília no dia 16, domingo, às 21h. As diárias e passagens da viagem custaram R$ 2 milhões.
No final da visita aos Emirados, Lula voltou a afirmar que a Ucrânia também foi responsável pela guerra com a Rússia; quando, na verdade, a Ucrânia foi invadida. “A decisão da guerra foi tomada por dois países. E agora estamos tentando construir um grupo de países que não tem envolvimento com a guerra, que não querem a guerra, para conversarmos tanto com a Rússia quanto com a Ucrânia”, disse Lula. Ele acrescentou que “a Europa e os Estados Unidos terminam dando a contribuição para a continuidade desta guerra". A declaração provocou protestos principalmente da Europa e EUA.
Lula entrega regras fiscais e retorna ao exterior
No dia 18 de abril, no Palácio do Planalto, Lula entregou o Projeto de Lei Complementar 93/23, que institui o novo arcabouço de regras fiscais. Participaram da cerimônia o presidente da Câmara, Arthur Lira; o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo; e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; entre outras autoridades. Em vez negociar o PLP 93/23 com as lideranças do Congresso, Lula permaneceu apenas quatro dias em Brasília. Embarcou para Lisboa no dia 20, quinta-feira, às 22h.
Em Lisboa, no sábado (22), manteve encontros com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa; e com o primeiro-ministro, Antônio Costa. Na segunda-feira, viajou a Porto para a abertura do Fórum Empresarial Brasil-Portugal. Retornou a Lisboa em voo de demonstração a bordo da aeronave KC-390 Millennium, da Embraer. Às 16h, prestigiou a entrega do Prêmio Camões a Chico Buarque.
Na terça-feira (25), foi para Madri, onde teve encontro com centrais sindicais espanholas e participou do encerramento do Fórum Empresarial Brasil-Espanha. No dia seguinte, esteve em reunião de ministros com o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez; e teve encontro com o Rei Felipe VI, da Espanha. Partiu para o Brasil no meio da tarde e chegou a Brasília às 22h30. Só a passadinha em Madri custou R$ 400 mil. A viagem toda, R$ 1,4 milhão em diárias e passagens.
No final de janeiro, já havia passado pela Argentina e pelo Uruguai. Em Buenos Aires, firmou acordos de cooperação, defendeu a criação de uma moeda comum com a Argentina e prometeu usar Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar obras na América do Sul. O banco estatal brasileiro vai financiar o trecho do gasoduto da Patagônia argentina. Em Montevidéu, Lula conversou com o presidente uruguaio, Lacalle Pou, um político de direita, sobre o projeto da hidrovia da Lagoa Mirim, na fronteira dos dois países. As duas viagens custaram R$ 800 mil.
Em maio, Lula esteve em Londres para a cerimônia de coroação do Rei Charles III do Reino Unido da Grã-Bretanha, na Abadia de Westminster. No dia 17 de maio, partiu para Hiroshima, onde participou como convidado do G7, grupo das sete maiores potências mundiais. Ele participou de reuniões de trabalho e teve encontros com o presidente da França, Emmanuel Macron, e com os primeiros-ministros do Japão, da Alemanha, da Índia, do Canadá e da Austrália; além do secretário-geral da ONU, António Guterres.
As derrotas e sustos de Lula no Congresso
No início de maio, Lula teve sua primeira derrota expressiva no Congresso. No início de abril, o presidente havia flexibilizado, por decreto, o marco legal do saneamento, aprovado pelo Congresso em 2020, no governo Bolsonaro. Em 3 de maio, um decreto legislativo aprovado pelo Congresso anulou o decreto de Lula.
Na noite desta terça-feira (30/05), a Câmara aprovou o projeto de lei 490/2007, que transforma em lei a tese sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas. Foram 283 votos a favor e 155 contra. O texto seguiu agora para a deliberação do Senado.
Lula acabou conseguindo a aprovação do novo arcabouço de regras fiscais, que substituiu o antigo teto de gastos, mas o relator do projeto, deputado Claudio Cajado (PP-BA), incluiu gatilhos para ajuste de despesas e sanções ao governo caso as metas de resultado primário não sejam cumpridas.
Enquanto Lula viajava pelo mundo, a oposição alterou a Medida Provisória 1154/23, que reestrutura os ministérios. Os mais atingidos foram os ministérios do Meio Ambiente dos Povos Indígenas. O presidente teve que pedir a ajuda de Arthur Lira. Conseguiu, mas ele avisou: “daqui para frente, o governo tem que andar com suas próprias pernas”. No dia anterior, afirmou que “há uma insatisfação generalizada com a falta de articulação política do governo”. Após a aprovação pela Câmara, o Senado aprovou a MP na tarde desta quinta-feira (01/06), por 51 votos a 19.
Obras, relançamento de programas e Coldplay
Lula teve um início de mandato agitado. No dia 8 de janeiro, domingo, fez visita de apoio à Araraquara (SP) em decorrência das enchentes, às 14h30. Naquele momento, ocorreu a invasão e depredação dos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Presidência da República. Lula desembarcou em Brasília às 20h50. No dia 21, esteve em Boa Vista para anunciar ações emergenciais para a população Yanomami. No início da noite, partiu para Buenos Aires.
No dia 6 de fevereiro, deu início as andanças pelo país. Esteve na inauguração de unidades do complexo Super Centro Carioca de Saúde, com o aliado e prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. Mas três dias depois partiu para Washington. No dia 14, começaram as visitas eleitoreiras. Quando não tinha obra para inaugurar, visitava canteiros de obras. Lula esteve no “lançamento” do novo programa Minha Casa Minha Vida e entrega de empreendimentos em Santo Amaro (BA). No dia seguinte, visitou o canteiro de obras da frente de trabalho para a duplicação da BR-101/SE, em Aracaju. As duas viagens custaram R$ 100 mil em diárias e passagens. Em 17 de fevereiro, Lula partiu para Salvador sem agenda oficial, para o feriado de Carnaval.
Em 3 de março, prestigiou a cerimônia de entrega de 1.440 unidades do Programa Minha Casa Minha Vida em Rondonópolis (MT), acompanhado do ministro das Cidades, Jader Filho). Duas horas mais tarde, estava no encontro com representantes do agronegócio de Mato Grosso, acompanhado do ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. As diárias e passagens dos seguranças de Lula custaram R$ 72 mil.
No dia 13 de março, esteve na 52ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, em Boa Vista. Em 22 de março, viajou para a cerimônia de lançamento do Complexo Renovável Neoenergia – Parque Eólico Chafariz, em Santa Luzia (PB). No mesmo dia, presenciou a cerimônia de “relançamento” do Programa de Aquisição de Alimentos, em Recife.
Em 23 de março, Lula visitou o Complexo Naval de Itaguaí (RJ), às 15h30, onde funciona um estaleiro de submarinos. O ex-presidente Jair Bolsonaro esteve por lá algumas vezes. Às 18h, teve encontro com a banda Coldplay. Em seguida, esteve no ato “Pelo Direito à Cultura: Novo Decreto do Fomento”, no Theatro Municipal. A passagem pelo Rio custou R$ 104 mil.
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