| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
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O presidente Lula torrou R$ 5,2 milhões com viagens pelo país neste ano, considerando apenas diárias e passagens. A despesa ficou muito acima das viagens internacionais – R$ 3,6 milhões. Ele ajudou os aliados com entregas e promessas de obras públicas, visitou regiões atingidas por enchentes e queimadas, anunciou a “aceleração” de obras do Minha Casa Minha Vida, a “expansão” do programa “Pé de Meia” e aproveitou as viagens presidenciais para participar de convenções de petistas, com ocorreu em São Bernardo e Fortaleza, e de seus aliados, como Boulos.

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Lula voou para Fortaleza no avião presidencial, no dia 10 de outubro. No dia seguinte, sexta-feira, participou do comício de Evandro Leitão (PT), que buscava a virada na eleição para prefeito da capital, em disputa com candidato do PL. Acabou eleito como único prefeito petista em capitais. O presidente encerrou o comício afirmando que Evandro terá “as portas do Palácio do Planalto abertas” para parcerias com a prefeitura e o governo estadual.

Lula foi recebido pelas lideranças petistas e aliados no aeroporto Pinto Martins, na quinta-feira (11). Na sexta, além de participar do comício, fez a entrega de 1.296 apartamentos do Minha Casa, Minha Vida, no Residencial Cidade Jardim. Um investimento de R4$ 115 milhões. Foi acompanhado pelo ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Camilo Santana. Às 15h30, esteve na entrega de novos ônibus escolares do Ministério da Educação para municípios do Ceará. As diárias e passagens custaram R$ 20 mil.

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Lula já havia passado por Fortaleza no início de agosto. No dia 2 (sexta), pela manhã, esteve no Porto de Pecém, em Caucaia, para assinatura da Medida Provisória que institui o Programa Mover e do projeto de lei que institui o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono, entre outros. À tarde, esteve na cerimônia de anúncio da expansão do Programa Pé-de-Meia no Estado do Ceará. No dia seguinte, às 10h, participou da convenção do PT em Fortaleza. A viagem custou R$ 40 mil em diárias e passagens.

Despesas sob sigilo

A Presidência da República não informa o valor das despesas com a aeronave, hospedagem, aluguel de veículos e alimentação para a comitiva. Esses dados são divulgados somente após o término do mandato presidencial. Os cartões corporativos pagam despesas extras de viagem, como hospedagem e alimentação. As diárias e passagens, divulgadas pela Presidência, são pagas a seguranças e assessores do presidente.

No dia 19 de julho, uma sexta-feira, Lula viajou para São José dos Campos (SP), onde anunciou investimentos para obras na Via Dutra e Rio-Santos e financiamento do BNDES às exportações da Embraer. Às 4h da tarde, manteve encontro com lideranças de movimentos sociais em São Paulo.

No sábado, às 11h, participou da Convenção do PT para as eleições em São Bernardo do Campo. Às 16h, esteve na Convenção do PSOL para as eleições em São Paulo. Ele apoiou o candidato da esquerda, deputado Guilherme Boulos, que perdeu a eleição. O presidente retornou a Brasília no domingo (21). A viagem do presidente a São Paulo e São Bernardo custou R$ 33,6 mil em diárias e passagens.

Combate a queimadas e inaugurações

No final de julho, Lula fez um rápido roteiro para tentar demonstrar reação às queimadas no Centro-Oeste. Em Corumbá (MS), fez revista de aeronaves utilizadas na prevenção e combate a incêndios no Pantanal, incluindo o Embraer KC-390; visitou a Base Prevfogo/Ibama e conversou com brigadistas do Pantanal. Ao meio dia, sancionou o Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, e anunciou de medidas de prevenção e combate a incêndios no Pantanal.

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Em Várzea Grande (MT), entregou obras de ampliação e modernização dos Aeroportos de Cuiabá, Sinop, Rondonópolis e Alta Floresta. No final da tarde, teve inauguração e entrega de unidades habitacionais do Residencial Colinas Douradas, do Minha Casa, Minha Vida. As despesas de Lula, comitiva e seguranças no Serrado somaram R$ 250 mil, sendo R$ 194 mil com passagens.

As caravanas mais caras

No início de julho, Lula liderou uma caravana pelo Nordeste que envolveu 65 servidores, sendo 46 militares. Começou por Feira de Santana (BA), onde teve anúncios de investimentos para melhoria de rodovias e assinatura de autorizações de contratos de seleções do Minha Casa, Minha Vida. No mesmo dia (1), em Salvador, teve cerimônia de anúncios de investimentos do Governo Federal para o estado da Bahia.

No dia seguinte, em Recife, teve entrega de 448 unidades habitacionais dos Conjuntos Vila Brasil e anúncio da Pedra Fundamental do novo campus Recife-Centro do Instituto Federal de Pernambuco. Ainda teve tempo para Cerimônia de cumprimento do acordo-base relativo aos “prédios-caixão”, com entrega do cartão esperança, e assinatura de termo de repasse de recursos para o Complexo Industrial Portuário de Suape. Em ano eleitoral, foi uma festa. A caravana custou R$ 299 mil em diárias e passagens. Só as passagens custaram R$ 223 mil.

Mas cara ainda foi a turnê por Minas Gerais. Começou por Contagem, onde houve cerimônia sobre investimentos do Governo Federal, em 27 de junho. No dia seguinte: Cerimônia de anúncios de investimentos do Governo Federal para Minas Gerais, no Minas Centro. À tarde, cerimônia de inauguração do viaduto Roza Cabinda e de assinatura de Ordens de Serviço para recuperação de trechos da BR-267. A turnê custou R$ 468 mil, com R$ 350 mil de passagens. Treze passagens custaram R$ 8,6 mil – cada uma. A comitiva tinha 73 servidores – 42 deles militares.

“Fora do horário de trabalho”, diz Secom

O blog questionou a Presidência da República por que não foi registrado o retorno de Lula para Brasília após a viagem para São Paulo, em 20 de julho. A Secretaria de Imprensa da Presidência respondeu que o presidente Lula foi a São Paulo para agenda oficial, no dia 19. “Ele ficou em sua residência em São Paulo e retornou para Brasília no domingo (21), às 11h. Essa informação foi atualizada no site oficial.  Não teve retorno de agenda partidária porque a viagem para São José dos Campos e São Paulo foi para agenda oficial. As atividades partidárias foram no fim de semana, fora do horário de trabalho”.

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A Secom acrescentou que “o custeio de todas as despesas de caráter eleitoral observará rigorosamente o prazo e os procedimentos previstos na legislação eleitoral”. A Secretaria afirmou que, desde janeiro de 2023, o presidente Lula “tem se dedicado ao projeto de reconstrução de programas e ações do governo fundamentais para a melhoria da qualidade de vida da população e que foram negligenciados na gestão anterior e para restabelecer o ambiente de diálogo democrático com governos estaduais e municipais”.

“No primeiro ano, foi priorizada a organização e implementação dessas iniciativas. Já em 2024, a ênfase está em colher os frutos desses investimentos e monitorar o progresso das medidas em curso. Assim, o presidente Lula tem realizado compromissos por todo o território brasileiro”, disse a Secom.

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ATUALIZAÇÃO: Após a publicação da coluna, a Secom enviou outra nota. Publico a seguir sem fazer edições:

"Prezados Lúcio Vaz,

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É mentiroso o título “Lula gastou R$ 5,2 milhões com viagens pelo país em campanha pelos aliados”, da matéria publicada pela Gazeta do Povo nesta quinta (31/10). O jornalista maldosamente contabiliza despesas de viagens oficias como gastos para campanha.

O valor citado no texto diz respeito a agendas nacionais realizadas pelo presidente ao longo do ano: inauguração de obras, anúncios de políticas públicas e outras medidas pertinentes do extenso trabalho de reconstrução do país. Não são gastos realizados em atividades de campanha.

Conforme informado ao repórter e ignorado por ele no título da matéria, o custeio de todas as despesas de caráter eleitoral observará rigorosamente o prazo e os procedimentos previstos na legislação eleitoral. Não são despesas pagas pelo governo.

Link da matéria: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/lucio-vaz/lula-gastou-r-52-milhoes-com-viagens-pelo-pais-em-campanha-pelos-aliados/

Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República"

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Prezados leitores, lamento a falta de educação da nota acima e afirmo que é inegável o apelo eleitoral das visitas do presidente aos redutos dos seus aliados, ou mesmo adversários, com a generosa distribuição de recursos públicos.