Submarino Riachuelo ao mar, em dezembro de 2020| Foto: Divulgação/Marinha
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Considerando somente os orçamentos de investimentos em 2022, o Ministério da Defesa ocupa o primeiro lugar no “ranking” dos órgãos federais, com o valor de R$ 8,7 bilhões. Muito acima dos investimentos da Saúde (R$ 5,2 bilhões) e Educação (R$ 5,1 bilhões). Menos dinheiro para hospitais, escolas; mais dinheiro para aeronaves caça ultrassônicas, submarinos, aviões cargueiros.

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Os investimentos do Orçamento da União em armamentos, veículos de guerra, sistemas de controle aéreo, superam até mesmo os ministérios que tocam as grandes obras de infraestrutura e transportes. A pasta do Desenvolvimento Regional terá R$ 8,0 bilhões para construir barragens, habitações populares e concluir a transposição do Rio São Francisco. A Infraestrutura contará com R$ 6,8 bilhões para construção e adequações de rodovias e ferrovias.

O maior investimento do Comando da Aeronáutica neste ano será na aquisição de caças Gripen – R$ 1,2 bilhão. De 2015 até R$ 2021, o governo brasileiro já investiu R$ 11 bilhões na aquisição dessas aeronaves. A implantação do projeto Forças Blindadas tem reservados R$ 642 milhões no orçamento do Exército deste ano. Desde 2013, o Projeto Guarani já consumiu R$ 2,8 bilhões. Os valores foram apurados pela Associação Contas Abertas a atualizados pela inflação do período.

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Quanto custaram os submarinos

No orçamento da Marinha, a construção de submarinos convencionais tem autorizados R$ 558 milhões. Esse projeto já recebeu R$ 14 bilhões desde 2010. A construção do submarino nuclear contará com R$ 475 milhões. O projeto consumiu R$ 5,6 bilhões desde 2010. Haverá ainda mais R$ 315 milhões para a implantação do estaleiro para construção e manutenção desses submarinos. Desde 2009, o estaleiro já recebeu R$ 15 bilhões. No total, já foram investidos R$ 34 bilhões nos submarinos.

A aquisição de aviões cargueiros KC-390 tem reserva de R$ 466 milhões. O desenvolvimento dessas aeronaves no país conta com mais R$ 300 milhões. Os dois projetos já custaram R$ 12 bilhões. Um desses aviões buscou os brasileiros que haviam fugido da Ucrânia. Foi a "Operação Repatriação". O presidente Bolsonaro estava na Base Aérea de Brasília aguardando a chegada de brasileiros e refugiados sul americanos. (veja abaixo a lista completa dos 20 maiores projetos militares)

Bolsonaro esteve na chegada do KC-390, acompanhado por dois caças. Foto: Sgt Viegas/FAB| Foto: SAMUEL FIGUEIRA

Reportagem do blog mostrou na quinta-feira (7) a distribuição desses investimentos entre os últimos quatro governos. O maior volume de recursos foi investido pelos governos petistas – R$ 38 bilhões. Mas a maior média de gasto anual foi de Temer, com R$ 7,6 bilhões. Jair Bolsonaro gastou R$ 18,5 bilhões em três anos.

O gasto pode ser ainda maior

A previsão de recursos para investimentos das Forças Armadas já está farta, mas pode aumentar graças à utilização dos chamados “restos a pagar” – recursos do Orçamento da União “empenhados” (reservados) em anos anteriores, mas não utilizados.

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Em 2019, por exemplo, orçamento “autorizado” (aprovado pelo Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República) foi de R$ 9,6 bilhões. Com o reforço dos “restos a pagar”, os pagamentos daquele ano fecharam em R$ 9,9 bilhões. Em 2020, o aproveitamento dos “restos a pagar” foi ainda maior. O valor “autorizado” era de R$ 8,9 bilhões, mas os pagamentos somaram R$ 9,4 bilhões

O economista e fundador do Contas Abertas, Gil Castello Branco, explica como funciona esse mecanismo. O valor pago no exercício não pode ser maior do que o valor autorizado. No entanto, os restos a pagar significam valores que foram empenhados em exercícios anteriores e não foram pagos nos anos dos empenhos. Assim sendo, são inscritos como restos a pagar. No “total pago” são incluídos os valores pagos com os orçamentos dos próprios exercícios, acrescidos dos “restos a pagar” pagos, o que significa o total financeiro desembolsado.

Como apurou o Contas Abertas, o orçamento global autorizado do Ministério da Defesa em 2022 (excluindo a rolagem da dívida e a previdência social), é o quarto maior dentre os órgãos federais, num total de R$ 116,7 bilhões. Fica atrás apenas da Cidadania (R$ 174,2 bilhões), da Saúde (R$ 164,9 bilhões) e da Educação (R$ 162,8 bilhões).

Defesa da soberania

O Ministério da Defesa afirmou ao blog que “os recursos orçamentários empregados em Defesa não são gastos, mas sim investimentos, em especial em projetos estratégicos, fator relevante para o desenvolvimento e o progresso do Estado brasileiro. Esses investimentos são necessários para garantir a manutenção da soberania nacional e advém de contratos de longo prazo, que também sofrem com cortes, contingenciamentos e bloqueios orçamentários”.

O ministério acrescentou que os estudos da FIPE “também apontam efeitos positivos no registro de trabalhadores, entre os quais, engenheiros e técnicos que contribuem para reter no Brasil mão de obra altamente especializada; no PIB, em torno de 9%; e na balança comercial brasileira, ampliando a exportação de bens e serviços com alto valor agregado. Isso proporciona diversos benefícios como a projeção internacional do país; a presença do Estado nas áreas mais remotas do Brasil; e a dissuasão extrarregional em defesa da nossa soberania”.

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Os maiores investimentos da Defesa

ProjetoAté 2021 (R$ bilhões)em 2022 (R$ milhões)
Aquisição de caças Gripen11,141.213
Implantação do Projeto Guarani2,85642
Construção de submarinos convencionais13,96558
Construção de submarino nuclear5.63475
Aquisição de cargueiros KC-3903,79465
Sistema de Monitoramento de Fronteiras2,31431
Tecnologia Nuclear da Marinha2,976398
Estaleiro para construção de submarinos14,98315
Desenvolvimento do cargueiro KC-3908,54300
Modernização Operacional do Exército0,73137
Sistema de Defesa Astros1,51122
Sistema de Defesa Cibernática0,5184
Fonte: Orçamento da União