Lula com o comandante do Exército, Tomás Miguel Paiva, e o ministro José Múcio Monteiro (Defesa).| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Os militares já gastaram R$ 26,5 milhões neste ano com viagens internacionais. Além treinamentos, cursos, houve viagens de cortesia, ou institucionais. Oficiais generais fizeram 124 viagens ao exterior. Em julho, o comandante do Exército, Tomas Paiva, acompanhado de dois generais e quatro oficiais superiores, foram a Pequim para visita oficial ao Exército chinês, em atividade diplomacia militar”. As diárias e passagens custaram R$ 317 mil.

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Em junho, delegação do Exército, com três generais e oito oficiais superiores, esteve em Paris para a feira de Defesa e Segurança Eurosatory. Mais uma despesa de R$ 305 mil. Dez dias depois, o comandante da Aeronáutica e comitiva voaram para Versailles (França) para a conferência no aniversário da Força Aérea Francesa. Foram gastos R$ 102 mil em diárias.

O ministro da Defesa, José Múcio, em viagem a Londres e Bruxelas, visitou o Conselho Internacional do Desporto Militar (CISM), com Cerimônia de condecoração no Quartel General do Conselho. Foi acompanhado do tenente brigadeiro do ar Heraldo Rodrigues (cargo equivalente a general de exército). A viagem custou R$ 86 mil.

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O brigadeiro da Aeronáutica José Henrique Kaipper e comitiva foram a Amã assinar acordo de cooperação em defesa com a Jordânia. As despesas com passagens e diárias ficaram em R$ 130 mil.

Mas os valores divulgados no Portal da Transparência são ainda maiores. Os dados disponíveis são relativos ao Exército, Aeronáutica e Ministério da Defesa, mas não constam dados da Marinha. Questionada pelo blog, a Marinha afirmou que, “a fim de prestar contas à sociedade, informa que todos os dados orçamentários da Força são repassados à Controladoria Geral da União, que recebe, reúne e disponibiliza as informações no Portal da Transparência. A MB ressalta que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, dos valores éticos e sob o preceito da transparência”.

As passagens dos militares não foram tão caras quanto as dos ministros de Lula, como registrou o blog. Mas alguns bilhetes dos militares tiveram valor bem elevado. O general de exército Sérgio da Costa Negraes fez visita de orientação técnica à Comissão do Exército Brasileiro em Washington e reunião técnica no Banco do Brasil Américas, em Miami, de 27 de abril a 4 de maio. A viagem custou R$ 110 mil, sendo R$ 92 mil com passagens aéreas.

Na viagem a Pequim, em julho, a passagem do general Francisco Montenegro custou R$ 52 mil. O total da sua viagem chegou a R$ 70 mil. A passagem do comandante do Exército custou R$ 48 mil, com despesa total de R$ 66 mil. As passagens dos oficiais superiores que integraram a comitiva ficaram e R$ 13 mil.

Teve até passagem de comando internacional. O almirante de esquadra Renato Aguiar Freire esteve em Washington para presidir passagem da chefia da Representação do Brasil na Junta Interamericana de Defesa. A viagem custou R$ 71 mil, com R$ 42 mil de passagens. Ele esteve em Amã, para assinar acordo de cooperação em defesa com a Jordânia. A sua passagem custou R$ 41 mil.

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Campeonatos pelo mundo

Os militares participaram ainda de campeonatos de paraquedismo, pentatlo militar, salvamento aquático. Uma equipe de 16 militares participou do Campeonato Mundial Militar de Paraquedismo do Conselho Internacional de Esporte Militar (CISM) em Budapeste (Hungria) no início de julho. A comitiva contou com 10 sargentos e dois oficiais superiores. A despesa com diárias e passagens chegou a R$ 215 mil, com passagens no valor médio de R$ 10,3 mil.

O Campeonato Nórdico de Pentatlo Militar, realizado no final de junho, em Skive, na Dinamarca, contou com 12 militares brasileiros. Com passagens no valor médio de R$ 15 mil, os gastos chegaram a R$ 254 mil.

O Brasil enviou 18 militares para o Campeonato Mundial Militar de Salvamento Aquático do (CISM), realizado em maio, em Montpellier (França), ao custo de R$ 202 mil. Havia 12 sargentos na equipe. Mas o Brasil já havia enviado quatro oficiais superiores para a Assembleia Geral e Congresso do CISM, no período de 12 a 19 de maio, na cidade de Dar es Salaam (Tanzânia). Eles também estiveram no Mundial de Salvamento Aquático.

Air Show

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O Ministério da Defesa afirmou que o ministro José Mucio realizou viagem oficial a Londres, no Reino Unido, e à Bélgica, onde participou dos seguintes eventos: Feira de Aviação e Defesa Farnborough International Air Show. Evento voltado a produtos de defesa aeroespacial e de aviação, na qual o ministro esteve acompanhado do secretário de Produtos de Defesa da Pasta, do Comandante da Força Aérea Brasileira e representantes das Forças Armadas brasileiras. Na ocasião, ocorreu a assinatura do contrato da venda de nove aeronaves KC-390 da Embraer para Áustria e Holanda.

“A participação teve como objetivo estabelecer contatos estratégicos com líderes e profissionais da indústria aeroespacial, de aviação e de defesa, que podem resultar em parcerias, colaborações ou futuros negócios ao Brasil. Reforça, ainda, o compromisso de nosso país com as normas internacionais e fortalece relações diplomáticas e comerciais. Ressalta-se que o ministro José Mucio não esteve na Feira de Aviação Royal International Air Tattoo (RIAT)”, diz nota enviada ao blog.

Sobre a visita ao CISM, a Defesa afirmou que o ministro da Defesa visitou ao Conselho Internacional do Desporto Militar em Bruxelas. “Na ocasião, José Mucio conheceu a sede do CISM que, pela primeira vez na história, conta com um militar brasileiro na presidência. Durante a visita, eles puderam fortalecer a cooperação e promover laços entre o Brasil e a comunidade esportiva militar internacional”.

Campeonatos Mundiais

Sobre os campeonatos militares, a Defesa afirmou que se tratam de competições internacionais previstas no cronograma e no orçamento do Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento (PAAR), deste Ministério, para praças, e comissões técnicas. “Tais missões têm como propósito representar o esporte militar brasileiro, cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil junto ao CISM, fomentar o esporte nacional e a composição do Time Olímpico do Brasil, em virtude da participação de militares integrantes do PAAR.

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A Defesa acrescentou que, “a título dos resultados conquistados, nos Jogos Olímpicos Paris, neste ano, dos 274 atletas da delegação brasileira, 98 eram das Forças Armadas, maior representação do PAAR desde a primeira participação, em Londres 2012. Das 11 medalhas obtidas pelos esportistas militares nos Jogos Olímpicos 2024, duas foram de ouro, outras duas de prata e sete de bronze, o que totaliza 55% das conquistas do Brasil na competição. Os atletas militares representaram o Brasil e as Forças Armadas em 21 modalidades”.

A Aeronáutica afirmou ao blog que as missões institucionais a serviço da Força Aérea Brasileira (FAB) são planejadas e aprovadas somente após avaliação criteriosa. “Essas viagens envolvem uma série de objetivos estratégicos, tais como a preparação, capacitação, troca de experiências e o fortalecimento dos laços diplomáticos com nações amigas, os quais são essenciais para o desenvolvimento da segurança, defesa e proteção de interesses nacionais; além de contribuir para a construção de uma imagem institucional sólida e respeitada globalmente”.

O Comando do Exército afirmou ao blog que as suas missões no exterior "têm por objetivo atender a compromissos e a interesses institucionais. As viagens internacionais de integrantes da Força seguem estudo pautado em um planejamento estratégico, com a finalidade de estabelecer intercâmbios para suprir necessidades identificadas na Força Terrestre, assim como ocorre em todas as nações".

Acrescentou que as viagens "são devidamente autorizadas, cumprem o previsto nas normas em vigor e há, ainda, criteriosa avaliação acerca da pertinência de cada atividade".