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Lúcio Vaz

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Militares gastam R$ 38 milhões com viagens internacionais em 2022

Militares fizeram mais de 2 mil voos para o exterior em 2022 (Foto: Pixabay)

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Campeonatos de Equitação em Fontainebleau, (França), de Cross Country em Beja (Portugal), de Taekwondo em Teerã (Irã), de Triatlo em Águilas (Espanha), missões institucionais, visitas, feiras, cursos, treinamentos. Os militares das Forças Armadas fizeram 2,3 mil voos e estiveram em quase 200 cidades no exterior em 2022. As despesas somaram R$ 38 milhões. A passagem mais cara chegou a R$ 64,5 mil. Foi utilizada pelo general de exército Eduardo Fernandes, que representou o comandante do Exército na Defense Expo Korea, em Seul. Com mais 10 diárias, num total de R$ 24,6 mil, e seguro viagem, as despesas somaram R$ 90 mil – ou 150 benefícios do Bolsa Família.

O general de divisão da reserva Sérgio Pereira, secretário-geral do Ministério da Defesa, participou da Feira de Defesa e Segurança Indo Defence, em Jacarta, na Indonésia. A sua passagem custou R$ 64,3 mil. Incluindo as diárias, a despesa ficou em R$ 72 mil. Os gastos de toda a comitiva, incluindo três oficiais superiores, chegaram a R$ 286 mil.

O general Sérgio Pareira esteve também na “visita técnica” e reuniões administrativas nas comissões da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e na Representação Brasileira na Junta Interamericana de Defesa, todas em Washington. Nessa missão, a passagem custou R$ 49 mil, com uma despesa total de R$ 67 mil.

O tenente brigadeiro Augusto Fonseca Neubert participou do África Airspace and Defense Exibition, em Pretória, África do Sul. Sua passagem custou R$ 45,4 mil. Não há registro do pagamento de diárias. O Decreto 10.934/2022, baixado pelo então presidente Jair Bolsonaro, em janeiro do ano passado, diz que as passagens aéreas podem ser na classe executiva quando a viagem for superior a sete horas, no caso de ministros, ocupantes de cargo em comissão ou de função de confiança de níveis elevados ou de servidores que representem essas autoridades.

As viagens mais caras

As viagens mais caras

Uma caravana de 56 militares, incluindo 49 oficiais superiores e dois oficiais generais, realizou uma viagem do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, em Madri e Lisboa, de 17 a 24 de setembro. No valor médio de R$ 14,4 mil, as diárias custaram R$ 810 mill.

A viagem mais dispendiosa, realizada por 48 oficiais superiores, foi para Washington, de 1º a 9 de outubro. Eles participaram do Curso Internacional de Estudos Estratégicos. As diárias custaram R$ 729 mil; as passagens, mais R$ 406 mil; numa despesa total de R$ 1,16 milhão. A finalidade da missão era “ampliar o conhecimento dos oficiais-alunos sobre política, estratégia e alta administração”.

O roteiro das comemorações pela vitória na Segunda Guerra Mundial, na Itália, em abril, incluiu Roma, Pistoia, Gaggio Montano, Bologna e Montese. A viagem custou R$ 360 mil e contou com a presença dos comandantes do Exército e da Aeronáutica. Só o deslocamento da equipe cinefotográfica, formada por militares, custou R$ 108 mil. O diretor do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, general Luciano Sibinel, participou da visita aos sítios históricos da Força Expedicionária Brasileira (FEB), em Florença, Santa Maria a Monte, Pisa, Tenuta de San Rossore, Barga, Vergato e Castelnuevo. O comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Batista, também esteve nos eventos alusivos ao “Dia da Libertação da Itália”.

Competições, feiras e visitas mundo afora

Os militares participaram de várias competições esportivas neste ano. No início de outubro, cinco oficiais superiores participaram do Campeonato Mundial Militar de Equitação do Fontainebleau. A viagem saiu por R$ 69,7 mil, com R$ 50 mil em passagens.

Uma equipe de 14 militares esteve em Teerã, de 21 a 30 de novembro, para participar do 26° Campeonato Mundial Militar de Taekwondo do Conselho Internacional do Esporte Militar. As despesas somaram R$ 169 mil, sendo R$ 118 mil em passagens. Havia nove sargentos no grupo. Uma equipe com 11 atletas e técnicos foi a Alicante (Espanha), de 6 a 12 de junho, para participar do Campeonato Mundial Militar de Triatlo do Conselho Internacional do Esporte Militar). A viagem custou 178 mil, com 143 mil de passagens. Seis sargentos e três praças integravam a equipe.

O Campeonato Mundial Militar de Cross Country, realizado em Beja (Portugal), de 10 a 14 de outubro contou com uma equipe de 10 militares brasileiros, incluindo seis sargentos. As despesas somaram R$ 120 mil. Oito militares e dois assessores, incluindo quatro oficiais superiores e dois generais, participaram da World Defense Show, em Riad, na Arábia Saudita, no início de março, fazendo um gasto de R$ 286 mil, sendo R$ 150 mil com passagens.

No início de dezembro, seis militares participaram da feira de defesa e segurança Indo Defence, em Jacarta (Indonésia), ao custo de R$ 219 mil. Quatro militares estiveram na feira de Cingapura em fevereiro, fazendo uma despesa de R$ 65 mil.

O então comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, fez “visita oficial” ao Exército americano de 15 a 21 de março. As despesas da comitiva de cinco militares chegaram a R$ 93 mil. Em outubro, quatro militares realizaram “Visita Político-Estratégica” à Missão Permanente do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos (OEA), à Representação do Brasil na Junta Interamericana de Defesa e à Junta Interamericana de Defesa, em Washington. A viagem custou R$ 108 mil.

Defesa justifica viagens

O Ministério da Defesa justificou a viagem para Madri e Lisboa: “O objetivo do curso é preparar civis e militares para o exercício de funções de direção e assessoramento de alto nível na administração pública, em especial na área de Defesa Nacional. As viagens de estudos constituem um dos meios de aprendizagem mais eficazes, uma vez que propiciam maior aprofundamento do conhecimento de áreas político-estratégicas de interesse da Defesa”.

Quanto às viagens para campeonatos mundiais militares, afirmou que são competições previstas na programação e no orçamento do Departamento de Desporto Militar para a participação das equipes esportivas militares brasileiras, compostas por atletas, oficiais e praças, e pela comissão técnica de cada modalidade.

“Tais missões tiveram como propósito representar o esporte militar brasileiro e cumprir os compromissos assumidos pelo Brasil junto ao Conselho Internacional de Esporte Militar. Além disso, fomentam o esporte nacional e a composição do Time Olímpico do Brasil, uma vez que há a participação de militares integrantes do Programa Atletas de Alto Rendimento do Ministério da Defesa”, diz nota da Defesa.

Sobre a “Visita Político-Estratégica” à Missão Permanente do Brasil junto à OEA, à Representação do Brasil na Junta Interamericana de Defesa (RBJID) e à Junta Interamericana de Defesa (JID), a Defesa afirmou que “a viagem é necessária para que o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas identifique as ações de assessoria entre a RBJID e a Missão Permanente do Brasil junto à OEA.

O Ministério destacou, ainda, que “a Indústria de Defesa é uma das principais geradoras de tecnologia, emprego e renda para o país, o que pode ser percebido pelo recorde de exportações autorizadas em 2019, com crescimento de 34,9% em relação a 2018, e o recorde histórico em 2021, que superou US$ 1,7 bilhão, em um setor que emprega 2,9 milhões de pessoas e representa 4,78% do PIB nacional”.

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