As viagens dos militares para cursos, treinamentos, competições esportivas, feiras, relações institucionais, somaram R$ 56 milhões em 2023 – 16% a mais do que as despesas em 2019 (em valores atualizados), primeiro ano do governo Bolsonaro. Em setembro e outubro do ano passado, foram gastos R$ 4,3 milhões com viagens de estudos de 271 militares em Washington. Foram contemplados 186 oficiais superiores. Teve também campeonato de basquete 3X3 em Vilnius (Lituânia), campeonato de judô em Santo Domingo e o Paris Air Show.
A viagem de estudos estratégicos para Washington, para fazer o curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército, contou com 53 oficiais superiores (cargos de coronel, tenente coronel e major), de 23 de setembro a 3 de outubro. As despesas com diárias e passagens somaram R$ 1,28 milhão.
De 14 a 21 de outubro, outra comitiva voou para Washington, dessa vez com 88 integrantes, sendo 49 oficiais superiores. O objetivo foi proporcionar aos estagiários do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia “a ampliação do conhecimento sobre o entorno estratégico do país”. As despesas chegaram a R$ 1,3 milhão. Simultaneamente, também em Washington, foi realizada viagem de Estudo Interdisciplinar de Campo, sob a coordenação da Escola Superior de Defesa, com 131 alunos, sendo 84 oficiais superiores. Mais R$ 1,6 milhão na conta do contribuinte. As duas viagens de outubro foram de responsabilidade do Ministério da Defesa.
Teve ainda a viagem de intercâmbio dos “alunos destaques” dos cursos de aperfeiçoamento de sargentos, novamente na capital americana, de 15 a 23 de outubro. As despesas com diárias para 16 sargentos somaram R$ 244 mil.
Nem mesmo no governo Jair Bolsonaro, que tinha uma relação bem mais próxima com os militares, houve tanta viagem internacional de militares. As suas viagens em 2019 – primeiro ano do governo Bolsonaro – somaram R$ 35,9 milhões. Em valores atualizados pela inflação, foram R$ 46,8 milhões.
Basquete 3X3, Wrestling, triatlo
As despesas com competições esportivas foram mantidas em 2023. Em julho, 14 militares – oito deles sargentos – participaram do 2º Campeonato Mundial Militar de Basquete 3X3 do Conselho Internacional do Esporte Militar. A viagem custou R$ 172 mil entre diárias e passagens. Também foram enviados 30 militares para o 41º Campeonato Mundial Militar de Judô, de 24 de julho a 2 de agosto, em Santo Domingo de Gusmán, na República Dominicana. A caravana tinha 20 sargentos. A despesa fechou em R$ 206 mil.
O Campeonato Mundial Militar de Triatlo, em Brive-la-Gaillarde, na França, de 5 a 9 de maio, recebeu delegação brasileira com 19 integrante. Além de 9 sargentos, integravam a comitiva 9 oficiais superiores. Sete militares estiveram no campeonato Mundial Militar de Vela, realizado de 7 a 14 de junho, em Pireu na Grécia. Os gastos ficaram em R$ 82 mil.
Uma comitiva de 14 militares esteve no Campeonato Mundial de Pentatlo Militar, em Málaga (Espanha) e Gotemburgo (Suécia), com despesas de R$ 197 mil. A equipe brasileira tinha seis sargentos e sete oficiais, três deles superiores. O primeiro campeonato Mundial Militar de Meia Maratona, em Lucerne, na Suíça, contou com 11 brasileiros, quase todos sargentos. A viagem custou R$ 135 mil. A viagem para o campeonato Mundial Militar de Wrestling em Baku, no Azerbaijão, no final de novembro, custou R$ 120 mil.
Paris Air Show
Dezessete militares brasileiros participaram da 54ª edição do Salão Internacional de Aeronáutica e Espaço - Paris Air Show, em Le Bourget, Paris. Dois oficiais generais e o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, estiveram no evento. As despesas chegaram a R$ 394 mil, sendo R$ 270 com passagens aéreas. Dali, o ministro da Defesa seguiu para o Fórum Jurídico de Lisboa, acompanhado de dois assessores. A passagem do ministro da Aeronáutica, Marcelo Damasceno, a Paris custou R$ 45 mil.
Na época em que a viagem do ministro a Paris foi revelada, o Ministério da Defesa afirmou ao blog que o ministro José Múcio, além de participar do Paris Air Show, reuniu-se com o ministro da Defesa da França, Sébastien Lecornu, para debater oportunidades de parcerias no setor de defesa, como o Programa de Submarinos, “projeto estratégico da Marinha do Brasil e resultado de parceria com a França, que prevê transferência de tecnologia”. O ministro também teve um almoço com o presidente da França, Emmanuel Macron.
O Comando da Aeronáutica afirmou que as viagens de “missões institucionais a serviço da Força Aérea Brasileira envolvem uma série de objetivos estratégicos, tais como a preparação, capacitação, troca de experiências e o fortalecimento dos laços diplomáticos com nações amigas; além de contribuir para a construção de uma imagem institucional sólida e respeitada globalmente”.
O Comando do Exército afirmou que as viagens internacionais "visam atender aos objetivos como intercâmbios e atividades de cooperação com nações amigas, com o objetivo de construir e fortalecer relações de confiança mútua além de possibilitar a capacitação dos recursos humanos".
A resposta do Exército
O Exército informa que a viagem de estudos estratégicos realizada pelo Curso de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército (CPEAEx) e pelo Curso Internacional de Estudos Estratégicos (CIEE) da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) ocorre, anualmente, dentro de um contexto de intercâmbio de atividades acadêmicas entre o Exército Brasileiro e o Exército dos Estados Unidos da América (EUA).
No período de 23 de setembro a 03 de outubro 2023, 44 militares, entre Instrutores e alunos, visitaram diversos órgãos militares e de governo dos EUA. A viagem possibilitou que os alunos pudessem debater temas relacionados à Política, Defesa, Estratégia e Relações Internacionais; atualizar e ampliar os conhecimentos sobre assuntos relativos à política de Defesa do Brasil e dos EUA, na ótica das autoridades brasileiras em comissão nos EUA, e verificar os fatores que afetam a conjuntura internacional nos diversos campos do poder, com ênfase nos campos político e militar, sob a ótica do Departamento de Defesa dos EUA.
O Ministério da Defesa afirmou que " as viagens de estudos estratégicos dos Cursos da Escola Superior de Guerra (ESG) e da Escola Superior de Defesa (ESD) destinam-se a proporcionar maior aprofundamento e integração dos conhecimentos de nível político-estratégico que sejam de interesse para a área de Defesa. A programação das referidas viagens institucionais visou a interação acadêmica, o intercâmbio e a cooperação nas áreas de Segurança, Desenvolvimento e Defesa."
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