Senador eleito por Alagoas, o ex-presidente Fernando Collor viaja mais para São Paulo do que para o estado que representa. No ano da sua reeleição, em 2014, porém, Maceió foi a cidade mais procurada. Era hora de buscar os votos para a reeleição. É o que mostram os relatórios das despesas de seguranças e assessores com diárias e passagens pagas pela Presidência da República, ou melhor, pelo contribuinte. Em três anos analisados, ele gastou R$ 972 mil em viagens pelo país.
O blog teve acesso às prestações de contas de 2013, 2014 e 2019 – justamente os anos em que ocorreram as maiores despesas. Para São Paulo, os deslocamentos da equipe de apoio do ex-presidente custaram R$ 527 mil – 54% do total. Para Maceió, as despesas somaram R$ 364 mil – 37%. As demais viagens foram para o Rio de Janeiro (6%) e municípios no Paraná e na Paraíba. Todos os valores citados na reportagem foram corrigidos pela inflação.
Os ex-presidentes da República têm direito a oito servidores pagos com recursos públicos, sendo quatro seguranças, dois motoristas e dois assessores – esses com salários que chegam a R$ 16 mil. A Presidência também oferece dois veículos oficiais (alguns blindados), os mais novos comprados por R$ 108 mil a unidade. Paga ainda o combustível e a manutenção dos carros e as diárias e passagens dos servidores. Os benefícios são previstos na Lei 7.474/1996. As despesas dos ex-presidente já somam R$ 60 milhões, como revelou reportagem do blog.
Carros na estrada e comida para empregados
Em 2014, veículos oficiais à disposição de Collor fizeram quatro deslocamentos a Maceió, fora do período da campanha eleitoral, mais dois ao Rio de Janeiro e outro de Maceió para São Paulo. As 11 diárias para os motoristas custaram R$ 2,6 mil.
Collor gastou R$ 13 milhões desde que passou a receber os benefícios, em 2007, segundo os registros da Secretaria Geral da Presidência. Foram R$ 9,5 milhões com assessores e R$ 3,3 milhões com viagens. A Presidência não paga passagens nem despesas pessoais dos ex-presidentes.
Mas o senador recebe mordomias em dose dupla. Como senador, ele usou mais R$ 5,2 milhões da cota para o exercício do mandato – a maior parte com segurança privada, divulgação, combustível e alimentação. Como exemplo, ele pagou 158 refeições a seus empregados, no valor de R$ 247 mil, servidas pelo restaurante Boka Loka, de 2009 a março de 2013. Além dos oito servidores da Presidência, conta com os assessores do Senado. Chegou a ter 86 servidores no seu gabinete na legislatura passada – mais uma despesa mensal próxima a R$ 500 mil.
Viagens de até 18 dias durante campanha
As despesas de Collor com diárias e passagens para Maceió em 2014 chegaram a R$ 183 mil – 50,1% do que foi gasto naquele ano, um total de R$ 365 mil. Os deslocamentos a São Paulo somaram mais R$ 163 mil – 44,7% do total.
No período pré-eleitoral, em julho de 2014, e durante a campanha, de agosto a outubro, as despesas com passagens e diárias de seguranças ou assessores em Maceió somaram R$ 49 mil. Foram pagas 111 diárias. A mais longa estada foi de um servidor que ficou de 2 a 20 de outubro na capital alagoana, recebendo 18,5 diárias, no valor total de R$ 5,2 mil. Com as passagens, a viagem custou R$ 6,9 mil.
Mais dois servidores da equipe de apoio passaram 15 dias em Maceió, alternadamente, de 21 de agosto a 19 de setembro, dando uma despesa de R$ 6,8 mil com diárias. As duas viagens custaram R$ 11,5 mil.
O senador foi reeleito com 674 mil votos – 56% do eleitorado, batendo a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), que fez 31% dos votos.
Dilma usou assessores da Presidência durante campanha ao Senado em 2018
Viagens a São Paulo
No ano anterior à eleição, em 2013, Collor tinha mais interesses em São Paulo. Dos R$ 327 mil gastos com viagens naquele ano, R$ 210 mil foram consumidos com deslocamentos para a capital paulista – 64% do total. As viagens para Maceió custaram R$ 105 mil – 32% do total.
De 26 de março a 2 de abril, Collor esteve acompanhado por três servidores, que receberam um total de 26 diárias. As despesas chegaram a R$ 17,7 mil. Em outra viagem para São Paulo, o ex-presidente teve a companhia de três seguranças de 16 a 29 de julho. As 38 diárias custaram R$ 12,7 mil. Com as passagens, a conta fechou em R$ 17,2 mil.
Em 2019, os deslocamentos somaram R$ 280 mil, sendo R$ 154 mil – 56% – com destino a São Paulo. As viagens para Maceió custaram R$ 76 mil. Para o Rio de Janeiro, as despesas ficaram em R$ 40 mil. Mas o trajeto mais caro foi para Maceió, de 30 de dezembro a 12 de janeiro. Só com as passagens de ida e volta foram gastos R$ 4,7 mil. O custo total, incluindo 13 diárias, ficou em R$ 7,6 mil.
Collor não viajou para o exterior acompanhado por seguranças da Presidência. O contrário do que fez o ex-presidente Lula, que gastou R$ 1,44 milhão com viagens em 2011, primeiro ano fora do mandato. Só as viagens internacionais custaram R$ 1,1 milhão. Em 2019, a ex-presidente Dilma Rousseff gastou R$ 697 mil com viagens, sendo R$ 544 mil com deslocamentos para o exterior, visitando 13 países.
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