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Novos senadores copiam a ‘velha política’ e gabinete vira cabide de empregos

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado (Foto: )

A renovação do Senado Federal – dos 54 eleitos em 2018, 46 são novatos – não resultou em renúncia a práticas da “velha política”, como transformar os gabinetes em cabide de empregos. Entre os dez senadores que mais contrataram assessores neste mandato, seis são ‘novatos’. Apenas esses 10 contrataram 580 assessores, com gasto mensal de R$ 4,4 milhões. Isso projeta uma despesa anual de R$ 57 milhões – dinheiro suficiente para construir 2 mil casas populares.

Levantamento das maiores rendas entre esses assessores mostra que 18 recebem mais do que o salário dos senadores, com uma média R$ 37 mil. Três deles sofrem a regra do abate-teto para não ultrapassar o salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (R$ 39,3 mil), que é o teto constitucional. São servidores efetivos do Senado lotados nos gabinetes. Cada senador tem direito a até quatro desses servidores.

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Entre os comissionados – de livre nomeação –, os dez maiores salários têm média de R$ 23,6 mil, com o teto de R$ 28 mil. Cada senador tem direito a 11 assessores com salários elevados, mais um motorista, mas ele pode subdividir esses cargos em dezenas de outros com salários a partir de R$ 2,2 mil. É o milagre da multiplicação dos cargos, que resulta no cabide de empregos, em Brasília e nos estados.

Campeões

O maior número de assessores está no gabinete do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), senador estreante, mas que já tinha três mandatos de deputado federal. Ele contratou 78 assessores, com gasto mensal de R$ 527 mil – ou R$ 6,8 milhões ao ano. Todos os assessores estão lotados no seu gabinete no Senado. O escritório de apoio no centro de Brasília está fechado, em fase de montagem, embora o Senado já pague o aluguel há dois meses.

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Mas a maior despesa é feita por outro tucano: Roberto Rocha (PSDB-MA). Os seus 52 assessores custam R$ 558 mil por mês, ou R$ 7,2 milhões por ano. Outra novata que encheu o gabinete foi Renilde Bulhões (PROS-AL). São 38 em Brasília e 29 no estado, a um custo mensal de R$ 516 mil. O novato Lucas Barreto (PSD-AP) tem 60 assessores, com folha salarial de R$ 470 mil (veja a lista dos 10 maiores no final desse post).

“Graças a isso fui eleito”

Os menores salários são geralmente pagos a assessores que trabalham nos escritórios nos estados. Eles fazem o contato com as bases eleitorais dos senadores, levantando reivindicações de cada localidade. Muitas delas são atendidas pelas emendas dos parlamentares ao Orçamento da União. Em período eleitoral, esses assessores são praticamente cabos eleitorais dos senadores.

Nos 10 maiores gabinetes, 150 assessores recebem o menor salário. O maior número, 27 cargos AP-1, está no gabinete do senador Randolfe Rodriques (Rede-AP). Ele conta com 11 assessores em Brasília e 45 no Amapá. O senador novato Messias de Jesus (PRB-RR) tem 56 assessores, sendo 37 no estado. Vinte deles recebem o “piso salarial”. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) preencheu 21 cargos AP-1, sendo 19 no escritório de apoio.

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Questionados pelo blog, os senadores não explicaram qual a atividade desses servidores menos privilegiados. O único que fez um relato foi Izalci Lucas. Ele explicou, incialmente, que o gabinete precisa estar presente em todas as cidades – são 33 regiões administrativas, algumas delas com 600 mil habitantes, como Ceilândia.

Então, falou dos baixos salários. “Tem algumas lideranças de cidades que têm salário menor. Não é uma pessoa muito qualificada, mas tem penetração na comunidade. Na Estrutural (invasão urbana), tem um menino meu que ganha o mínimo. Não é um especialista, mas não é isso que espero dele. Como liderança, ele sabe o que está acontecendo na comunidade e traz para gente. Quem sabe o que é melhor para a Estrutural é quem vive lá. É graças a isso que fui eleito”.

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