A passagem aérea do ministro do Itamaraty Eduardo Saboia para Xangai e Pequim, como integrante da comitiva do presidente Lula, custou R$ 114 mil. Na viagem para o G20, em Nova Delhi, a passagem do ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores), custou R$ 81 mil. O bilhete do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) para Nova Iorque custou R$ 82 mil. O valor médio de 103 passagens de servidores federais para o mesmo destino ficou em R$ 12 mil.
Os valores são muito acima das passagens pagas no ano passado, até início de junho, no governo Bolsonaro. Naquela época, a maior passagem teve o valor de R$ 82 mil, no voo do secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz, para Cingapura. Entre os voos mais caros estavam os da ex-ministra Tereza Cristina, R$ 79 mil, para Teerã (Irã); e do ex-ministro Bento Albuquerque, R$ 64 mil, para Washington e Nova York.
Muitas das passagens mais caras em 2023 foram para autoridades que acompanharam o presidente Lula em suas viagens pelo mundo. O diretor de Promoção ao Comércio e Agricultura do Itamaraty, Alex Giacomelli, viajou à China para preparar e participar de eventos de promoção comercial em Pequim, por ocasião da visita do presidente da república. Sua passagem custou R$ 80 mil.
O ministro de primeira classe do Ministério das Relações Exteriores Michel Arslanian viajou a Washington para acompanhar a comitiva do presidente Lula em fevereiro, com passagem a R$ 78 mil. O preço médio das 213 passagens de servidores do governo federal para a capital americana ficou em R$ 8,4 mil.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, participou da visita presidencial à Pequim para acompanhar o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, em reuniões com autoridades. Sua passagem custou R$ 67 mil. Mauricio Carvalho Lyrio, embaixador do Brasil na Austrália, viajou a Hiroshima para preparar e participar da comitiva brasileira à Cúpula do G7, com passagem a R$ 72 mil.
Viagens sem comitiva presidencial
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pagou R$ 72 mil de passagem para participar de Reuniões da Cúpula do G20, na Índia. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, viajou a Washington, em abril, para representar o ministro Haddad no Spring Meetings 2023 (Reunião da Primavera) do Fundo Monetário Internacional, com passagem a R$ 79 mil. O ministro de segunda classe Demétrio Carvalho fez viagem bem mais curta. Viajou a Santiago do Chile em março para participar da reunião consular da América do Sul. A sua passagem custou R$ 75 mil.
Cíntia Araújo viajou a Londres, em março, para tratar do Protocolo de Intenção com a Embaixada do Reino Unido, com passagem a R$ 72 mil. O ministro do Itamaraty Guilherme veio a Brasília em maio para participar de sabatina no Senado Federal. A sua passagem custou R$ 68 mil. O almirante da reserva Renato Freira foi a São Tomé e Príncipe para participar da Reunião dos Chefes do Estado-Maior das Forças Armadas da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com passagem a R$ 66 mil.
Viagens com dois destinos
Alguns servidores de alto escalão fizeram viajem duplas com passagens de valores ainda mais elevados. O ministro de primeira classe Sarquis Buainain voou até a Índia para participar de reunião de trabalho com o presidente do Banco Nacional para Financiar o Desenvolvimento de Infraestrutura, em Mumbai; e chefiar a delegação do Brasil à 2ª Reunião de Sherpas do G20, em Kumarakom. A sua passagem custou R$ 133 mil.
O ministro Mauro Vieira esteve em Santo Domingo (República Dominicana), e seguiu viagem para acompanhar o presidente da República em viagem oficial à China (Pequim e Xangai). As suas passagens custaram R$ 129 mil.
Em maio, o ministro de Minas e Energia foi a Toronto (Canadá) Toronto, participar da Associação de Prospectores e Desenvolvedores e reuniões com autoridades governamentais e representantes do setor privado de mineração; e a Houston (EUA), participar da CERAWeek e de reuniões com representantes do setor privado e autoridades governamentais. As passagens custaram R$ 97 mil.
Itamaraty justifica valores altos
O blog enviou ao ministério das Relações Exteriores uma planilha com as passagens mais caras e perguntou se seriam de classe executiva ou primeira classe. O ministério respondeu que os bilhetes listados são referentes a passagens em classe executiva, em casos de servidores ocupantes de cargo em comissão ou de função de confiança de nível FCE-17, CCE-17 ou CCE-18 ou equivalentes; ou em casos de chefes de postos no exterior. Os demais bilhetes foram adquiridos em classe econômica.
O Itamaraty destacou que o valor informado no campo "passagem" refere-se à soma dos bilhetes incluídos em cada PCDP que, por vezes, inclui trechos diversos. “Ou seja, frequentemente, no Portal de Viagens, o sistema apresenta os gastos totais de viagens com vários destinos fazendo referência apenas a um único destino”.
O ministério de Relações Exteriores acrescentou que “o presidente Lula realizou, nos cinco primeiros meses de 2023, visitas a nove países em três continentes e reuniu-se com 36 líderes estrangeiros, o que reflete atividade diplomática consideravelmente mais intensa do que a exercida pela gestão do presidente da República anterior, conforme dados já divulgados pela imprensa”.
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