Além do presidente da República, do vice e dos ex-presidentes, os familiares do presidente também contam equipes de segurança nas viagens no país e pelo mundo. Em 2021, período mais crítico da pandemia da Covid-19, as 76 viagens da família de Bolsonaro custaram R$ 900 mil em diárias e passagens para seguranças. Em três anos, essas escoltas somam R$ 1,94 milhão. Bem mais do que gastavam os familiares de Dilma Rousefff. Teve viagens para praias do Nordeste, Santiago do Chile, Nova Iorque e Roma.
Mesmo no período de março a julho do ano passado, quando a média de mortes pelo coronavírus estava acima de 2 mil por dia, a gastança com viagens chegou a R$ 346 mil. Foram gastos mais R$ 330 mil em 2020, primeiro ano da pandemia, e R$ 709 mil em 2019. A viagem mais cara foi para Santiago – R$ 63 mil. Os parentes de Dilma gastaram R$ 270 mil em 2014 e R$ 590 mil em 2015 (únicos dados disponíveis). Todos os valores foram atualizados pela inflação.
Como os gastos do presidente e dos seus familiares estão sob sigilo durante o mandato, como prevê a Lei de Acesso à Informação, a Presidência da República informa apenas as despesas com diárias e passagens dos integrantes da equipe de segurança. Mas documentos relacionados a governos anteriores, agora sem sigilo, mostram que cartões corporativos pagam também outras despesas, como locação de carro, hospedagem e horas extras para os seguranças.
Roteiros de praias paradisíacas
Familiares do presidente Bolsonaro foram para Breves (PA), de 11 a 16 de maio do ano passado, acompanhados de 11 seguranças, todos militares, incluindo um oficial superior. Cada passagem custou R$ 2,4 mil. Todas as despesas da escolta chegaram a R$ 33 mil. No mês seguinte, de 17 a 21, os familiares estiveram em Paraipaba (CE), acompanhados de nove seguranças. A passagem de cada um deles custou R$ 3,3 mil. As passagens e diárias somaram R$ 33 mil. O roteiro passando por Recife, Olinda, Ipojuca, em Pernambuco; e Maceió e Maragogi, em Alagoas; de 6 a 13 de julho, deixou uma despesa de R$ 31 mil.
A viagem a Campina Grande (PB) e João Pessoa, de 11 a 14 de agosto, com oito seguranças, custou R$ 29,4 mil. O passeio em Saudades (SC), mais R$ 18 mil. O deslocamento a Caldas Novas, pertinho de Brasília, de 16 a 19 de abril, com 17 seguranças, mas sem passagens aéreas, ficou por R$ 6 mil. Três viagens a São Paulo, em junho, julho e agosto, custaram R$ 72 mil com o trabalho de 24 seguranças.
No primeiro ano do mandato de Bolsonaro, a maior parte dos gastos aconteceu em viagens para o Rio de Janeiro, Resende e Angra dos Reis. As despesas com o deslocamento de 95 seguranças/militares chegaram a R$ 280 mil. Os familiares do presidente também estavam deslumbrados com Florianópolis. Em quatro viagens para Floripa até março de 2019, fizeram uma despesa de 50 mil com o deslocamento de seguranças.
No final de 2020, cinco seguranças acompanharam familiar do presidente em viagem ao Guarujá, onde o presidente curtia féria por conta do contribuinte, no Forte dos Andradas. A escolta custou R$ 23 mil.
Viagens ao exterior
Além das viagens para locais paradisíacos no Brasil, os familiares do presidente Bolsonaro também fizeram viagens internacionais. Na viagem de familiares do presidente a Santiago do Chile, em outubro de 2019, foram gastos R$ 28,6 mil com diárias, R$ 14 mil com passagens e R$ 21 mil com outras despesas. Na viagem a Roma, em dezembro daquele ano, as despesas com diárias e passagens somaram R$ 28 mil.
Em 2020, de 3 a 16 de março, quando ainda estava iniciando a pandemia, familiares do presidente estiveram em Nova York e Washington, acompanhados por duas equipes de segurança chefiadas por oficiais superiores. O custo da escolta foi de R$ 29 mil.
Despesas de Dilma e Lula
No segundo mandato de Dilma Rousseff, pelos dados disponíveis na Presidência da República, as maiores despesas com escolta a familiares ocorreram em 2015 – R$ 590 mil. Desse total, R$ 439 foram gastos com 39 viagens para São Paulo, sendo R$ 323 mil com passagens. Viagens para o Rio de Janeiro consumiram mais R$ 90 mil. Em 2014, os deslocamentos para São Paulo custaram R$ 109 mil.
As despesas com os familiares de Lula não estão disponíveis na Presidência da República. Mas alguns gastos foram apurados pelo blog nas prestações de contas dos cartões corporativos utilizados pelo presidente e seus familiares.
No dia 26 de abril de 2003, por exemplo, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) solicitou à Secretaria de Administração da Presidência a locação de quatro veículos Vectra ou similar, dois deles com motoristas, por 30 dias, a partir de 3 de maio, para atender às necessidades de segurança de familiares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Florianópolis. A segurança deveria ser mantida por 24 horas, em dias úteis ou não. O GSI acrescentou que haveria ainda despesas com horas extras e hospedagem dos seguranças que acompanharam a "comitiva".
Em 15 de abril, já haviam sido solicitados dois veículos quatro portas com motoristas para familiares do presidente, para o período de 15 dias, a partir de 23 de abril. O blog apurou que algumas viagens têm datas coincidentes porque eram fornecidos carros e seguranças para vários filhos do presidente ao mesmo tempo, em diferentes lugares do país, o que exigia uma logística ágil e muito cara.
Perguntas sem resposta
O blog perguntou ao GSI até que grau de parentesco familiares do presidente têm direito ao acompanhamento de equipes de segurança em suas viagens. O Gabinete de Segurança respondeu que a Lei nº 13.844, de junho de 2019, estabelece que compete ao GSI zelar pela segurança pessoal dos familiares do presidente da República e do vice-presidente da República, “sem estabelecer exigência de grau de parentesco”.
O GSI também foi questionado se, além de diárias e passagens, a equipe de apoio tem direito a outras despesas. O blog também perguntou se a Presidência da República paga despesas relativas aos familiares, como passagens, hospedagem, alimentação, ou são pagas apenas as despesas das equipes de apoio. O GSI respondeu que cabe à Secretaria Especial de Administração informar os gastos da Presidência da República. Procurada a Secretaria Especial não respondeu.
O blog questionou ainda se a esposa, os filhos e outros familiares do presidente têm direito de usar as aeronaves presidenciais, mesmo não estando acompanhados do presidente, e em que situações isso ocorreria – emergência médica, segurança, viagens de lazer. O GSI não respondeu, afirmando apenas que o Decreto 9.668/2019 dispõe o transporte aéreo em aeronaves do Comando da Aeronáutica. Mas esse decreto não cita expressamente os familiares do presidente.
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