O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cotado para o cargo de presidente da República, já está experimentando as mordomias que o poder oferece. Em cinco meses no cargo, ele gastou R$ 800 mil com viagens para casa nos finais de semana ou para compromissos em São Paulo e no Rio de Janeiro, alguns deles fora da agenda oficial. Dos 42 deslocamentos, 25 foram de ida e volta para Belo Horizonte.
A maior despesa de Pacheco foi com os jatinhos da FAB (R$ 486 mil), mas as diárias e passagens dos seguranças, além de despesas sigilosas feitas com cartões corporativos, somaram mais R$ 200 mil. As despesas com a residência oficial chegaram a R$ 100 mil, mas essas também estão sob sigilo, supostamente para garantir a “segurança” do presidente do Senado. São feitas com os cartões corporativos.
A primeira viagem de descanso na capital mineira, de 5 a 8 de fevereiro, custou R$ 35 mil, incluindo a despesa com o jatinho, as diárias e passagens de seguranças em voos de carreira. No feriado de Carnaval, de 13 a 17 de ferreiro, Pacheco também esteve na capital mineira, fazendo mais uma despesa de R$ 38 mil.
Viajar para casa de jatinho oficial nos finais de semana é privilégio para poucos brasileiros, mais exatamente cinco: o presidente da República, o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelas normas do Decreto 10.267, do presidente Jair Bolsonaro, publicado em março de 2020, os deslocamentos dessas autoridades de jatinho ao local de residência permanente se justificam “por motivo de segurança”.
Reportagem de Rodolfo Costa na Gazeta do Povo mostrou que o PSD opera para se viabilizar como alternativa de uma "terceira via" para as eleições de 2022. Diante das dificuldades do centro em lançar uma candidatura única, o presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab, mira em Rodrigo Pacheco com um projeto inspirado na trajetória do ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK).
Reuniões com empresários
O presidente do Senado fez duas viagens oficiais para São Paulo em março, onde manteve reuniões com dirigentes da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Federação das Associações Comerciais. Ele fez mais três viagens para o Rio de Janeiro e três para São Paulo sem agenda oficial. Questionado sobre o motivo dessas viagens, a maioria nos finais de semana, Pacheco não respondeu ao blog.
As 188 diárias pagas a assessores e seguranças que acompanharam o presidente custaram R$ 130 mil aos cofres públicos. Eles gastaram mais R$ 25 mil com passagens aéreas porque nem todos viajam no jatinho oficial. Pelos registros das diárias, é possível verificar que alguns viajam antes ou depois do deslocamento do presidente.
Os seguranças e assessores também contam com cartões corporativos para pagar despesas extras. O Senado divulga os valores pagos, mas sem o detalhamento das despesas, mais uma vez por motivos de segurança. No caso dos seguranças, os maiores gastos são com passagens e despesas com locomoção — R$ 63 mil neste ano. O blog apurou que a maior parte é com locação de veículos.
Despesas com a residência oficial de Pacheco em sigilo
As despesas com a residência oficial do presidente do Senado são mantidas sob sigilo. Assim, não é possível apurar o que é consumido e quanto custam os banquetes oferecidos na residência. Pelos gastos dos cartões corporativos é possível verificar que o administrador da residência, Francisco Cordeiro Gomes, fez pagamento no valor de R$ 80 mil neste semestre, tudo com material de consumo.
Há mais despesas num total de R$ 17 mil com material de consumo feitas pelo servidor Djalma da Silva Lima, da Coordenação de Administração de Residências Oficiais. A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, gastou mais R$ 33 mil com “serviços de terceiros”.
Segundo o Senado respondeu ao blog, no caso das despesas para a residência oficial, “pelos motivos de segurança e proteção de autoridades, os dados não serão divulgados”. Pelos mesmos motivos, não são divulgados os gastos com passagens e despesas com locomoção. O blog questionou o presidente do Senado se, mesmo os gastos estando de acordo com as normas da Casa, não seriam desnecessários em tempos de pandemia e de crise fiscal. Não houve resposta.
A transparência opaca do Senado
Dos R$ 3,6 milhões gastos com cartões corporativos do Senado nos últimos sete anos, R$ 1,8 milhão cobriu despesas da residência oficial do presidente, como informou o blog em janeiro deste ano. Nos últimos três anos, os gastos com segurança dos presidentes somaram R$ 530 mil.
O Senado havia prometido divulgar detalhes das despesas com cartões corporativos a partir de janeiro deste ano, mas manteve em segredo as notas fiscais com os gastos dos presidentes. Nos últimos cinco anos, aparecem apenas os valores totais com as informações: “material de consumo”, “locomoção” ou “serviços de terceiros”.
Mas o Senado passou a divulgar o nome dos fornecedores do final de 2013 a 2015, o que esclarece algumas despesas. Em 2014 e 2015, na gestão de Renan Calheiros (MDB-AL), foram gastos R$ 140 mil com alimentação na residência oficial.
Há gastos curiosos. A direção do Senado fez 26 compras de buquês de flores, ao custo total de R$ 17 mil. Há também 72 pagamentos ao restaurante do Senado, no valor total de R$ 12 mil Há quatro pagamentos acima de R$ 400, um deles no valor de R$ 642.
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