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Quatro senadores do PT ficaram entre os mais gastadores em 2022, considerando as despesas com a cota para o exercício do mandato (o "Cotão"), correios e viagens. O maior gasto foi de Humberto Costa (PE) – R$ 658 mil. Jaques Wagner (BA), líder do governo no Senado, ficou na segunda colocação, com R$ 587 mil. O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates (RN), ficou na terceira posição, com R$ 585 mil. Paulo Rocha (PA) ficou no quinto lugar, com R$ 578 mil. Eliziane Gama (PSD-MA) gastou R$ 580 mil e ficou na quarta colocação.
Humberto Costa gastou R$ 432 mil com o “Cotão”, sendo R$ 196 mil com locomoção, hospedagem e alimentação. As viagens para México, Montevidéu, Bogota, Londres, Osford e Washington custaram R$ 151 mil, sendo R$ 78 mil com passagens e R$ 73 mil com diárias. Ele ainda gastou R$ 71 mil com correios. As maiores despesas de Wagner com o "Cotão" foram também com locomoção no seu estado, num total de R$ 246 mil. Os gastos com viagens oficiais somaram R$ 126 mil, sendo R$ 83 mil com passagens aéreas para o exterior. Só a viagem para a COP27, no Egito, em novembro, custou R$ 47 mil. Contando com as despesas de um assessor, a viagem de Wagner chegou a R$ 82 mil.
Prates usou R$ 432 mil do “Cotão” e mais R$ 125 mil com viagens, sendo R$ 72 mil com diárias. Esteve em missão no segmento de eólicas em New Jersey (EUA), em abril. Em junho, participou do fórum sobre energia renovável em Newcastle e Oxford, no Reino Unido. Sete meses mais tarde, seria eleito presidente da Petrobras. Em novembro, esteve na Cop27 e em Roma, recebendo 12 diárias num total de R$ 27 mil. Paulo Rocha gastou R$ 442 mil do “Cotão” e R$ 130 mil com correios.
As diárias e passagens dos 13 senadores que estivaram na COP27 somaram R$ 633 mil. As despesas com passagens e hospedagem do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), atualmente líder do governo no Congresso, foram custeadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que promoveu eventos na conferência.
Os senadores torraram R$ 1,95 milhão com correios. As viagens de todos os senadores somaram R$ 1,77 milhão. Foram gastos R$ 808 mil com diárias e R$ 963 mil com passagens aéreas em missões oficiais.
Carrões, propaganda, consultorias
As despesas dos 81 senadores totalizaram R$ 29,4 milhões. A maior parte foi gasta com o “Cotão” – R$ 25,3 milhões. As passagens aéreas somaram R$ 6,8 milhões. As despesas com locomoção, hospedagem, combustível e alimentação, muito úteis em ano eleitoral, consumiram mais R$ 5 milhões. A maior gastança nesse item foi de Telmário Mota (PROS-RR) – R$ 248 mil. De março a julho, ele alugou uma caminhonete Triton e uma Frontier, por R$ 12 mil cada. Nos três últimos meses do ano, trocou para uma Hilux, por R$ 20 mil ao mês.
Os aluguéis de imóveis para escritório político custaram mais R$ 3,7 milhões. A maior despesa foi feita por Roberto Rocha (PTB-MA) – R$ 163 mil. Quase a totalidade foi aplicada em locação e segurança patrimonial do escritório de apoio em São Luís, com despesa mensal de R$ 13 mil. Carlos Viana (Podemos-MG) gastou R$ 130 mil com a locação e despesas de condomínio, eletricidade e impostos de uma sala num edifício no centro de Belo Horizonte.
A divulgação da atividade parlamentar ficou em R$ 3,2 mil. Mas a propaganda dos trabalhos do senador também conta com a contratação de serviços de apoio ao parlamentar – mais R$ 5,6 milhões. Quem mais gastou nesse item foi Omar Aziz (PSD-AM), com R$ 380 mil destinados a empresas de consultoria e assessoria. Davi Alcolumbre (União-AP) chegou perto, com R$ 343 mil gastos com serviço de consultoria de apoio ao exercício do mandato.
O rei das picanhas
Entre as mordomias oferecidas aos senadores chamam a atenção os gastos com restaurantes. São elevados porque eles podem pagar a conta de assessores e convidados. Mas quem paga, na verdade, é o contribuinte. O senador Giordano (MDB-SP), que assumiu a vaga do senador Major Olímpio (PSL-SP), gastou um total de R$ 52 mil com restaurantes, a maior parte em churrascarias. Só na Churrascaria Rodeio ele torrou R$ 8,5 mil.
Em 69 refeições, a conta superou os R$ 300 – valor do Auxílio Brasil na época – com o valor médio de R$ 516. Em 18 ocasiões, a conta superou os R$ 600 – o valor do auxílio turbinado durante a campanha eleitoral – com média de R$ 766. As notas fiscais apresentadas ao Senado detalham os pratos oferecidos aos convidados do senador.
Na Churrascaria Rodeio, em março, foi servida uma picanha para duas pessoas no valor de R$ 385. A conta fechou em R$ 860. No mesmo local e mês, Giordano pagou R$ 242 por uma picanha para uma pessoa, com a conta fechando em R$ 812. Na NB Steak Leme, em dezembro, foram servidos quatro pratos de R$ 210, num banquete de R$ 887.
Vade Mecum
O blog procurou os gabinetes dos senadores mais gastadores. A assessoria de Humberto Costa afirmou que o material enviado pelos Correios é, basicamente, um Vade Mecum, “coleção de leis nacionais enviada a cidadãs e cidadãos brasileiros em todo o país”. Sobre os demais gastos, acima da média do Senado, o gabinete respondeu: “Os gastos estão todos dentro da legalidade e, sobretudo, do limite estipulado pelo Senado. Parte expressiva do valor está ligada a passagens aéreas, cujos preços têm subido enormemente nos últimos anos. Em novembro de 2022, o aumento em 12 meses era de mais de 40%”.
Segundo a assessoria de Giordano, “todos os pedidos são feitos em respeito às normas legais, estando restritos a compromissos de natureza política, funcional ou de representação parlamentar, nos moldes do regramento estabelecido pelo Senado Federal, razão pela qual os referidos ressarcimentos são deferidos pela casa legislativa”.