Os salários dos assessores do senador Eduardo Gomes (PL-TO) somaram R$ 10 milhões em 2023. Seu gabinete tem hoje 88 assessores. Outros sete senadores gastaram mais de R$ 7 milhões com assessores dos seus gabinetes. A despesa total com esses servidores totalizou R$ 400 milhões – uma média de R$ 5 milhões por senador. Os salários são atrativos. O teto salarial do serviço público foi alcançado por centenas de assessores dos gabinetes.
Dos 18 senadores que mais gastaram com salários de assessores, 8 são do PSD – partido do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG). Ele foi o sexto colocado no ranking da gastança com assessores, com um total de R$ 7,1 milhões. Lucas Barreto (PSD-AP) foi o segundo colocado, com R$ 7,9 milhões. Rogério Carvalho (PT-SE) ficou em terceiro lugar, com R$ 7,5 milhões.
Na lista dos que menos gastaram, a liderança foi de Oriovisto Guimarães (Podemos-PR), com R$ 2,3 milhões. Ele tem hoje 17 assessores. Em segundo lugar, Eduardo Girão (Novo-CE), com R$ 2,5 milhões. No ano passado, ele gastou apenas R$ 36 mil com a cota para exercício do mandato. Na lista dos 11 senadores que gastaram menos de R$ 3 milhões, há três do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, além da sua ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina (PP-MS). Apenas 1 senador do PT, partido do presidente Lula, entrou nessa seleta lista.
A radiografia dos grandes salários
Os dados atuais permitem traçar um perfil dos maiores salários dos gabinetes dos senadores, todos eles servidores efetivos do Senado. Eduardo Gomes conta com seis deles. O seu chefe de gabinete, um secretário parlamentar, de nível médio, tem salário de R$ 30,8 mil. Mas o subchefe de gabinete, cuja especialidade é processo industrial gráfico, tem renda básica de R$ 37,6 mil. Com o abono de permanência, a sua renda bruta vai para R$ 42,8 mil.
Ele não sofre abate-teto porque o abono não entra nesse cálculo. O abono é pago a servidores de carreira que completaram o tempo de contribuição para a aposentadoria, mas optaram por continuar tralhando. Em compensação, eles recebem um abono equivalente ao que seria a sua contribuição social.
A renda bruta dos seis servidores de Gomes é de R$ 240 mil. A renda líquida chega a R$ 235 mil. Mas o gabinete de Gomes conta com mais 78 cargos comissionados (de livre nomeação). São 43 em Brasília e 35 no escritório político no estado – com salários bem mais modestos. Há ainda quatro servidores terceirizados, totalizando 88 assessores no gabinete.
Lucas Barreto conta com quatro servidores efetivos no seu gabinete. Ao todo, são 71 assessores. O chefe de gabinete recebe R$ 36 mil. Um policial legislativo lotado no gabinete tem salário de R$ 35 mil. O maior salário é de um analista legislativo, de nível superior. A sua renda bruta é de R$ 45,7 mil. Com o abate-teto, tem renda bruta de R$ 41,6 mil. Rogério Carvalho tem 80 assessores no seu gabinete, sendo quatro efetivos. A maior renda, de um analista legislativo, é de R$ 39,8 mil.
Assessora de Pacheco recebe R$ 48 mil
Rodrigo Pacheco conta com 40 assessores no seu gabinete de senador. Dois são efetivos. O maior salário é pago a uma analista legislativa. Ela tem renda bruta de R$ 43,7 mil. Sofre abate-teto de R$ 2 mil, mas conta com o abono permanência de R$ 6,6 mil. A sua renda total é de R$ 48,3 mil.
O maior salário entre os assessores do líder da poupança, Oriovisto Guimarães, é de R$ 24,3 mil, pago a um servidor comissionado. Ele não conta com servidores efetivos no seu gabinete. São 13 comissionados e 4 terceirizados. Girão tem 19 assessores, 14 comissionados e cinco terceirizados. O maior salário é de R$ 24,3 mil.
Questionada sobre os gastos de R$ 10 milhões e sobre o número elevado de assessores, a assessoria de Eduardo Gomes afirmou ao blog que o gabinete do senador “utiliza os recursos para contratação de servidores dentro dos limites legais determinados pelo Senado Federal e, com o inestimável apoio dessa equipe, presta relevantes serviços, destinando emendas para todos os 139 municípios do estado do Tocantins, cumprindo com efetividade o seu mandato”.
O blog questionou também o presidente do Senado sobre as despesas com os salários dos assessores do seu gabinete. Perguntou se não seriam muito elevadas, uma vez que ele também conta com os assessores lotados na Presidência. Não houve resposta.
Maiores e menores gastos
Quem gastou mais | |
Senador | (R$ milhões) |
Eduardo Gomes (PL-TO) | 10 |
Lucas Barreto (PSD-AP) | 7,9 |
Rogério Carvalho (PT-SE) | 7,5 |
Omar Aziz (PSD-AM) | 7,2 |
Renan Calheiros (MDB-AL) | 7,2 |
Rodrigo Pachego (PSD-MG) | 7,1 |
Plínio Valério (PSD-AM) | 7,1 |
Ângelo Coronel (PSD-BA) | 7,1 |
Irajá (PSD-TO) | 6,8 |
Mecias de Jesus (Republicanos-(RR) | 6,8 |
Sérgio Petecão (PSD-AC) | 6,7 |
Izalci Lucas (PSDB-DF) | 6,7 |
Nelsinho Trad (PSD-MS) | 6,7 |
Ciro Nogueira (PP-PI) | 6,7 |
Leila Barros (PDT-DF) | 6,5 |
Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) | 6,4 |
Marcio Bittar (União-AC) | 6,1 |
Weverton Rocha (PDT-MA) | 6,1 |
Quem gastou menos | |
Senador | (R$ milhões) |
Oriovisto Guimarães (Podemos-PR) | 2,3 |
Eduardo Girão (Novo-CE) | 2,5 |
Styvenson Valentim (Podemos-RN | 2,5 |
Professora Dorinha Seabra (União-TO) | 2,6 |
Cleitinho (Republicanos -MG) | 3 |
Magno Malta (PL-ES) | 3 |
Fabiano Contarato (PT-ES) | 3 |
Tereza Cristina (PP-MS) | 3 |
Wilder de Morais (PL-GO) | 3,2 |
Alessandro Vieira (MDB-SE) | 3,2 |
Astronaura Marcos Pontes (PL-SP) | 3,4 |
Fonte: Senado Federal |
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