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Senadores empregam seus suplentes nos próprios gabinetes, com salários que variam de R$ 3 mil a R$ 23 mil. Só neste mandato, esse cabide de emprego já custou R$ 3 milhões aos cofres públicos. A maior despesa foi feita pelo senador Flávio Arns (Podemos-PR). Os salários do seu 2º suplente, Flávio Marcelo, ex-vereador de Maringá, já somam R$ 630 mil. Ele trabalha em Brasília, mas a maior parte dos suplentes/assessores está lotada nos escritórios nos estados.
Com o mesmo salário, R$ 22,9 mil, o assessor Miguel Capobiango, 2º suplente do senador Eduardo Braga (MDB-AM), trabalha no escritório de Manaus. Foi contratado em janeiro de 2020 e já recebeu um total de R$ 358 mil. A 1ª suplente do senador Weverton (PDT-MA), Suely Torres, com salário de R$ 11,5 mil, já acumulou R$ 293 mil. Trabalha em Brasília.
Há alguns casos curiosos. O 2º suplente do ex-senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), Eládio Carneiro, esteve lotado no gabinete do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) de abril de 2019 até julho de 2020. A soma dos salários chegou a R$ 260 mil. Mas Caiado deixou o mandato para ser governador de Goiás, em 2919. Eládio é agora suplente de Luiz do Carmo.
O segundo caso é ainda mais complicado. Júnior Souto, presidente do PT do Rio Grande do Norte, é 1º suplente da senadora Zenaide Maia (PROS-RN), mas está lotado no gabinete do senador Jean Paul Prates (PT-RN), com salário de F$ 18 mil. Prates assumiu o mandato quando a titular, Fátima Bezerra (PT-RN), foi governar o estado, em 2019. A assessoria de Prates afirmou que Souto já estava no gabinete antes de se tornar suplente. Foi incluído na chapa de Zenaide, em 2018, num acordo eleitoral entre os dois partidos. Ele trabalhava no gabinete de Fátima desde 2015. Juntou R$ 468 mil só nesta legislatura.
“Para valorizar as mulheres”
Jacira Alves de Souza, 2ª suplente do senador Plínio Valério (PSDB-AM), trabalhou no escritório em Manaus até novembro do ano passado, com salário de R$ 3,8 mil. O próprio senador explica a contratação: “Era uma atendente do público no nosso escritório em Manaus. Foi colocada para a valorização das mulheres. Ela faz parte do movimento das mulheres do PSDB do Amazonas”.
Questionado se seria ético a contratação de uma suplente no seu gabinete, respondeu: “Não consigo enxergar falta de ética contratar uma pessoa que trabalha com você, que serviu para te ajudar na campanha. Só o fato de ser segundo suplente não pode alijar de todo o processo”. Ela recebeu um total de R$ 100 mil.
O pastor Orlando Gaia, 2º suplente de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), atua no escritório regional do senador, em funções políticas e administrativas. Com salário de R$ 4,5 mil, já acumulou um total de R$ 126 mil.
O 1º suplente do senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), Fernando Dueire, com salário de R$ 10 mil, já acumulou R$ 277 mil nesta legislatura. Renata Cordeiro, atual suplente de Carlos Portinho (PL-RJ), recebeu um total de R$ 210 mil, com salário que variou de R$ 6,7 a R$ 11,5 mil. Ela foi eleita suplente do senador Arolde Oliveira (PSD-RJ), que morreu em outubro do ano passado, vítima da Covid-19.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) contratou o seu 1º suplente, Fernando Carvalho, com salário de R$ 6,7 mil. O emprego já rendeu R$ 185 mil. Telmário Mota (PROS-RR) empregou o seu 2º suplente, Rudson Leite, para trabalhar no seu escritório no estado, em março deste ano, com renda de R$ 12,2 mil. No mesmo mês, a 2ª suplente de Rogério Carvalho (PT-SE), Maria da Taiçoca, ganhou um emprego de R$ 3 mil no escritório de apoio do senador no estado.
“Nomeação absolutamente ética”
O senador Flávio Arns afirmou que o suplente/assessor Flávio Marcelo presta assessoria nas atividades de plenário e comissões. “Profundo conhecedor do Paraná e experiente no legislativo municipal, faz interlocução do mandato com autoridades do estado, como prefeitos, vereadores, secretários de governo, bem como com entidades não estatais paranaenses”.
Acrescentou que a nomeação do suplente “foi absolutamente ética e atende ao melhor interesse público, devido à sua atuação política proativa, funcionalmente produtiva e alinhada com os interesses do Paraná”.
Jarbas Vasconcelos afirmou que o suplente Fernando Dueire trabalha e está ao lado dele há mais de 20 anos. Funcionário público de carreira, foi secretário de estado nos dois mandatos de Jarbas quando governador de Pernambuco. “Foi por conta dessa parceria duradoura e da experiência de Fernando, principalmente na área de Infraestrutura, que Jarbas o convidou para seguir ao seu lado e contribuir com o mandato no Senado integrando a sua equipe de trabalho”, diz nota da sua assessoria.
A assessoria de Eduardo Braga disse que Capobiango trabalha como coordenador político no escritório de Manaus, fazendo a interação do gabinete com políticos e lideranças do estado do Amazonas. “É um técnico, não um profissional da política”. Ocupou mandato como deputado estadual no Amazonas de 1995 a 1999. “Não há qualquer problema ético, uma vez que ele exerce regularmente e profissionalmente as funções para as quais foi designado” diz nota do gabinete.
Randolfe Rodrigues afirmou que o Pastor Gaia trabalha no Amapá desenvolvendo atividades de representação do parlamentar. Nunca exerceu cargo eletivo. Hoje ele desenvolve funções políticas e administrativas. “Consideramos de muita relevância, principalmente para o povo do Amapá, a contribuição do Pastor Orlando Gaia junto ao mandato por ele representar uma importante liderança no estado”.
"Somos do mesmo time", diz Vieira
A assessoria do senador Carlos Portinho afirmou ao blog que Renata Guerra é advogada, "altamente qualificada, especializada em direito tributário". Acrescentou que o senador "achou por bem inseri-la no gabinete porque ela, além de contribuir com sua expertise na análise de projetos e demandas da sociedade, como sua suplente, em uma possível substituição, já teria conhecimento do rito processual da casa, além do conhecimento acumulado sobre os projetos e o trabalho do gabinete e demandas do Rio de Janeiro. Além do mais, na gestão do senador Carlos Portinho, é bom frisar, Renata Guerra teve o salários reduzido para se adequar ao trabalho demandado".
O senador Alessandro Vieira, por meio da sua assessoria, afirmou que Fernando Carvalho trabalha na articulação local com prefeituras, câmaras de vereadores e lideranças do Estado, além do acompanhamento da execução de emendas, recebendo uma remuneração compatível com a sua qualificação e a responsabilidade.
Sobre a questão ética, o senador respondeu: “Ético e necessário. O suplente precisa estar conectado e ser parte do mandato. Ocorrendo a falta do titular, tem a possibilidade de dar continuidade aos trabalhos. Muitos candidatos são desconectados dos seus suplentes. Eu e Fernando somos do mesmo time, nada mais coerente do que trabalhar juntos e em busca da melhoria da realidade do nosso Estado”.