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As viagens do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para sua casa no Rio de Janeiro, fora do período crítico da epidemia da Covid-19, custaram R$ 292 mil ao contribuinte. Os valores incluem despesas com diárias, passagens de segurança e com os jatinhos da Força Aérea Brasileira em um período de 100 dias. Contando as viagens internacionais, os custos superam R$ 1 milhão.
No dia 10 de janeiro, uma sexta-feira, Maia voou para o Rio de Janeiro, sem agenda oficial. Lá permaneceu até o dia 14, acompanhado por cinco seguranças que receberam um total de 22 diárias. A maioria deles havia chegado no dia anterior. Quatro deles fizeram o deslocamento em voo de carreira. As passagens e diárias custaram R$ 16,8 mil. Com o custo do jatinho, a conta fechou em R$ 39 mil.
Em 14 de janeiro, uma quarta-feira, o jatinho da FAB levou Maia para São Paulo. No mesmo dia, o presidente da Câmara seguiu para o Rio, onde uma escolta de cinco seguranças o aguardava. No dia 17, uma sexta-feira, o presidente retornou a São Paulo. Os gastos com passagens aéreas e diárias de seguranças chegaram a R$ 30,6 mil. Um deles recebeu 8,5 diárias, num total de R$ 5,6 mil. Incluindo a despesa com o avião oficial, o total da viagem chegou a R$ 46 mil. Não há registros na agenda de Maia nesses dias.
Descanso, homenagem e bacalhau
O presidente da Câmara retornou ao seu local de residência nos dias 21, 26 e 30 de janeiro; 21 de fevereiro; e em 12 e 19 de junho; sempre aos finais de semana e sem agenda oficial. Em 7 de fevereiro, uma sexta-feira, Maia esteve no Rio em missão oficial – um almoço no Rei do Bacalhau, em Duque de Caxias, para tratar do futuro das concessões das rodovias no estado.
Em 10 de fevereiro, uma segunda-feira, houve um café da manhã na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro e uma homenagem na Associação Comercial, no Almoço do Empresário. Na maioria das viagens, Maia foi acompanhado por quatro seguranças. Eles geralmente viajam antes da comitiva para a atividade precursora, quando planejam a segurança do presidente da Câmara. Quando ele está na cidade, fazem proteção pessoal e escolta motorizada.
Nos dias 12 e 19 de junho, os voos do presidente da Câmara para o Rio estão registrados nos arquivos da FAB como sendo de “serviço”, mas ele viajou à capital fluminense nas sextas-feiras. Segundo informações da assessoria do presidente, ele também costuma viajar ao Rio para reuniões políticas e partidárias.
Em seis viagens no final de maio e no mês de junho, havia em média apenas três passageiros nos voos de Maia para o Rio ou São Paulo. Num deles, apenas dois. Nesses deslocamentos, foram compradas passagens para dois seguranças em voos comerciais.
Todas as viagens nacionais custaram R$ 133 mil em diárias e passagens, mais R$ 433 mil em voos da FAB, num total de R$ 566 mil. Mas aconteceram também as viagens internacionais.
Missão oficial a Paris e Madri
Com uma comitiva de três deputados federais, Rodrigo Maia esteve em “missão oficial” a Paris e Madri, de 23 de fevereiro a 2 de março. Eles foram estudar os modelos de França e Espanha para a profissionalização dos clubes de futebol, valorização campeonatos e negociação coletiva dos direitos e imagem, para elaborar o “novo marco legal” para os clubes de futebol no Brasil.
Também tiveram reuniões com empresários e autoridades do Executivo e Legislativo dos dois países, incluindo o rei de Espanha, Felipe VI, com quem tiraram fotos, buscando criar oportunidades de cooperação mútua. Estavam na comitiva os deputados Elmar Nascimento (DEM-BA), Marcos Pereira (Republicanos-SP) e Pedro Paulo (DEM-RJ). Eles receberam R$ 37 mil em diárias da Câmara.
Vamos aos gastos. O roteiro do jatinho da FAB, com escalas na Ilha do Sal e Praia, em Cabo Verde, teve o custo estimado de R$ 240 mil. As 51 diárias pagas a seguranças e assessores totalizaram R$ 134 mil. As passagens aéreas dos servidores somaram R$ 51 mil. Na ponta do lápis, o total foi de R$ 462 mil.
Houve, ainda, uma viagem que não aconteceu, mas também custou caro. Uma “missão oficial conjunta” de Maia com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), estaria em Washington no início de fevereiro. Os escalões avançados das duas casas seguiram para os Estados Unidos. Na última hora, porém, a aeronave da FAB não pode viajar porque os pilotos e a própria aeronave não haviam cumprido a quarentena obrigatória após a missão de resgate dos brasileiros que estavam em Wuhan, na China.
Quatro servidores da Câmara que preparavam a visita já haviam gasto R$ 99 mil com locomoção e hospedagem em Nova York e Washington. Eles receberam 20 diárias num total de R$ 51 mil e gastaram R$ 48 mil com passagens aéreas. Assim, as viagens internacionais custaram R$ 561 mil. Somando com as nacionais, a despesa fechou em R$ 1,13 milhão.