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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

O fim do império da lei

A covardia que nos leva às profundezas

Senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Davi Alcolumbre (União-AP) cumprimentam o advogado Cristiano Zanin, novo ministro do STF. (Foto: Pedro França / Agência Senado)

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O princípio básico é não ter princípios, é desprezar a realidade, a busca pela verdade. O objetivo é a extinção de investigações, inquéritos, processos, julgamentos que não tenham um descarado jogo de interesses, desejos insanos, inqualificáveis. Investigação deixa de ser investigação. Inquérito deixa de ser inquérito. Processo deixa de ser processo. Julgamento deixa de ser julgamento. É arbitrário, é abusivo, é imoral, é ilegal.

Virou regra. Passamos a ser um país em que pessoas são julgadas e condenadas por crimes que não cometeram, por crimes que poderiam cometer, por crimes não tipificados. Podem ser condenadas sem julgamento também. Somos um país de culpados sem culpa, escolhidos apenas. Somos um país de culpados “inocentados”, protegidos, blindados. Somos um país sem jurisprudência, sem equilíbrio, sem a balança na mão, a venda nos olhos... A espada brandida, a espada bandida, na ditadura do relativismo.

Passamos a ser um país em que pessoas são julgadas e condenadas por crimes que não cometeram, por crimes que poderiam cometer, por crimes não tipificados. Podem ser condenadas sem julgamento também

Há indultos que valem, há indulto que não vale. Há mandatos cassados, políticos tornados inelegíveis... Apenas os inimigos do autoritarismo estatal, claro. Contra eles vale qualquer absurdo, qualquer mentira, qualquer narrativa. A seu bel-prazer, quem está no poder decide o que dizem as leis, a quem as desvairadas interpretações delas se aplicam. A virtude da justiça – “dar a cada um o que é seu, aquilo que é justo” – vira pó, desaparece.

Quem ainda pensa em praticar o bem? Não há mais virtudes. Não há virtudes na maioria que tenta sabotar a CPMI do 8 de Janeiro. Quem quer fazer a todos todas as perguntas, perguntas indispensáveis, inadiáveis? Quem quer respostas? Quem não tem medo da verdade? Não há virtudes também na aprovação de mais um advogado para o cargo de ministro do STF... Impessoalidade, notório saber jurídico... Os senadores não estão nem aí para os desmandos, os desatinos do Executivo e do Judiciário. O total de senadores decentes não chega nem a 20.

Não temos mais freio, não temos mais o vigia, não temos quem trabalhe pela verdade, pelo cumprimento das leis. Descemos a ladeira a profundezas inimagináveis. Estamos sozinhos, somos milhões empurrados por gente comprometida com mentiras. Políticos que não prestam temos aos montes, baciadas, lotes. E o que podem os poucos políticos corajosos? E o que podemos nós? É normal ter medo, o medo é necessário, mas é preciso entender que medo não é o contrário de coragem. O contrário de coragem é covardia... E, com covardes, não se vai a nenhum lugar decente.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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