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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

Ditadores e seus amigos

A gangue do Qin e uma lista de malvados

O novo ministro das Relações Exteriores da China, Qin Gang, em coletiva de imprensa durante o Congresso Nacional do Povo, em Pequim. (Foto: EFE/EPA/Mark R. Cristino)

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Idi Amin Dada. Eu achei o nome engraçado. Eu era criança. Ouvi na tevê, ouvi os adultos falando. Achei engraçado, mas durou pouco. Um nome que soava como o tatibitate dos bebês, mas um homem odiável. Foi meu pai quem disse, eu me lembro como se fosse hoje: assassino sanguinário, déspota, tirano. As sílabas tônicas bem marcadas. Eu nem precisei abraçar o pesado dicionário. Sabia do que se tratava. Idi Amin Dada me assombrou por um bom tempo e abre minha lista de malvados reais.

Muamar Kadafi teve boa relação com Dada, mas nunca me enganou. Eu me lembro do líbio no noticiário, nada de bom perto dele. A excentricidade dos maus. As imagens falavam por si. E a turma da malvadeza do Oriente Médio aterrorizou o mundo por muito tempo... O aiatolá Khomeini governou o Irã, eliminando seus opositores, enquanto eu passava da adolescência para a juventude. O iraquiano Saddam Hussein foi executado quando eu já andava nos 40 anos de idade.

Fidel Castro e Che Guevara até hoje enganam os trouxas, quem quer ser enganado. A América Latina insiste nessa gente: Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Daniel Ortega...

O comunista cambojano Pol Pot também tinha um nome que não me assustava. Era sonoro, curto, leve, quase brincalhão. Na minha meninice, eu tinha essa impressão, mas, antes de eu nascer, Pol Pot já estava pronto para a matança. E perseguiu e eliminou muita gente, pelo menos 1,5 milhão de pessoas. Juntou-se aos assassinos que sempre me atormentaram: Stalin, Hitler e Mao Tsé-tung. As mortes aos milhões, minha família devastada na Alemanha, a dura compreensão de que sempre haverá muita gente sem coração no poder.

Fidel Castro e Che Guevara até hoje enganam os trouxas, quem quer ser enganado. Criaram campos de concentração, torturaram, executaram, fuzilaram. E andam em camisetas, bonés, bandeiras e discursinhos alucinados de revolucionários, adoradores de guerras. A América Latina insiste nessa gente: Hugo Chávez, Nicolás Maduro, Daniel Ortega... Os maus e seus disfarces malfeitos, suas mentiras insistentes, as pedras no peito, o ódio tomando conta de tudo, a malvadeza inquebrantável, perpétua.

Com Daniel Ortega estive uma vez. Eu tinha 23 anos, começava minha carreira de jornalista. Fui escalado pela TV Bandeirantes para produzir a entrevista que o experiente comentarista Newton Carlos faria com o presidente nicaraguense. Ortega estava hospedado num hotel de luxo em Copacabana. Um andar inteiro do hotel tinha sido interditado. Havia muitos seguranças mal-encarados nos corredores, na enorme suíte de Ortega, na qual a entrevista foi feita. Não consegui localizar essa gravação. Eu era jovem, mas o sandinista nunca me enganou: sempre esteve na minha lista de malvados.

Infelizmente, o mundo continua caminhando mal, agora ouvindo que o “farol de força e estabilidade” é a aliança entre a China, de Xi Jinping, e a Rússia, de Vladimir Putin. O novo ministro chinês das Relações Exteriores afirma que a “fonte de tensão e conflito” são os Estados Unidos e seus aliados... O nome dele é Qin Gang, e o recado é: “se os americanos continuarem acelerando no caminho errado, haverá confronto”... E, se chegarmos a isso, é fácil saber de que lado vão ficar Irã, Cuba, Venezuela, Nicarágua, as ditaduras africanas... E me dói muito, nessa minha incômoda lembrança de tantos déspotas, imaginar de que lado vai ficar o Brasil do PT.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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