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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

Como era bom o Brasil

(Foto: Bigstock)

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O Brasil foi, entre 2003 e 2016, assim, uma espécie de Suíça, mas com todas as delícias e benesses dos trópicos. Era o melhor lugar do mundo, não havia termos de comparação com quase nenhum outro país. Alto índice de desenvolvimento humano, população toda alfabetizada, letrada, quase uma massa de intelectuais. Claro, nosso ensino era de primeira qualidade, aparecíamos no topo da lista em qualquer pesquisa internacional sobre o desempenho dos estudantes. Éramos incríveis!

Os investimentos em cursos técnicos cresceram; foi uma época em que entendemos que a universidade não é para todos, que a realização profissional não passa necessariamente por uma faculdade. E aqueles que se tornaram universitários tiveram a chance de desenvolver estudos e pesquisas importantíssimos. Nesses 13 anos, o Brasil brilhou no meio acadêmico e científico, ganhou prêmios Nobel, desenvolveu tecnologias, soluções para tantos problemas que afligiam a humanidade. Éramos quase sobrenaturais.

O Brasil, nesse período, foi o país dos empreendedores. Os empresários, todos eles, eram reconhecidos e valorizados, seu empenho, seu trabalho árduo, toda a responsabilidade e todos os riscos que assumiam. Foram ajudados, é verdade, por um ótimo ambiente de negócios, pelo livre mercado, o fim da burocracia, um Estado enxuto, a responsabilidade fiscal. Livraram-se de uma política tributária insana e, com competência, organização e inovação, puderam crescer, investir, puxar o país. Éramos campeões.

O Brasil foi, entre 2003 e 2016, assim, uma espécie de Suíça, mas com todas as delícias e benesses dos trópicos. Era o melhor lugar do mundo, não havia termos de comparação com quase nenhum outro país

Foi o período em que o Brasil verdadeiramente apostou no capital privado. Criaram-se milhões de empregos, só não trabalhava quem não queria. Era o pleno emprego, que durou até aquele fatídico dia: 31 de agosto de 2016. Até essa data, não havia recessão, o PIB crescia num ritmo alucinante. Todos os setores da nossa economia apresentavam resultados positivos, muito positivos. Nossa moeda era forte. A inflação era baixa. Éramos tudo de bom.

Foram 13 anos sem corrupção, sem que o governo comprasse parlamentares, sem desvio de verbas de empresas estatais, de fundos de pensão. Nunca o dinheiro dos pagadores de impostos foi tão valorizado, nunca foi investido com tanta assertividade. Não despejávamos nosso dinheiro em ditaduras latino-americanas e africanas. Nunca! Estávamos sempre ao lado daqueles que, como nós, praticavam e defendiam a democracia. Éramos justos.

O Brasil chegou perto de livrar-se da violência, assim, em apenas 13 gloriosos anos. Os índices de criminalidade foram os menores da história. Os roubos de celular eram contados nos dedos de uma mão. A taxa de homicídios despencou, o tráfico de drogas foi sufocado. As leis contra os bandidos endureceram, a impunidade foi praticamente banida, as forças de segurança foram valorizadas. Éramos fortes.

Ninguém passava fome. Todo mundo tinha acesso a bons serviços de saúde, tinha uma casa, um apartamento, um cantinho decente. E tinha água tratada, rede de esgoto. Nesses 13 anos, o mar, os rios, os lagos e as lagoas foram salvos. A poluição sumiu. O desmatamento foi interrompido. Nenhuma mineradora provocou destruição e mortes. Não havia garimpo ilegal. Os índios eram chamados de índios e viviam saudáveis e felizes. Éramos do bem.

Entre 2003 e 2016, o Brasil esteve muito perto da perfeição, abrindo mão de ideias antiquadas, que nunca funcionaram e nunca funcionarão. Seguíamos o ensinamento do “tempo que o mundo já viveu”. Nesse período, o Brasil foi moderno, foi exemplo. O país tinha compromissos sérios, que representavam estabilidade. Tínhamos paz, segurança, paciência, um caminho para a felicidade, mas aí veio o golpe, e o Brasil afundou. Sim, éramos uma grande mentira. E agora voltamos a ser.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

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