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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

O duplo padrão

Lockdown
Há quem queira que todos "fiquem em casa" enquanto sai por aí para jogar futebol ou ir à praia. (Foto: BigStock)

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A verdade absoluta está acima da capacidade de percepção humana, mas isso não nos dá o direito de usar critérios tortos, de não ter critérios justos, de usar um duplo padrão, nossas preferências e nossos interesses para decidir o que é certo e o que é errado, o real e o imaginário. Verdades não se criam. Deduções e interpretações são sempre questionáveis. O mundo é feito de opiniões diversas, prova e contraprova, argumento e contra-argumento, tese e antítese. O autoritarismo, as ideias impostas, a censura de qualquer espécie, a questionamentos e indagações, a censura a qualquer pessoa, isso ninguém deveria aceitar.

O duplo padrão e a falta de critérios são uma praga mundial e permeiam tudo o que estamos vivendo. Vale clamar pelo “autoritarismo necessário” e acusar os outros de fascistas. Vale citar a “ciência, ciência, ciência” ou dizer que “não devemos ser tão cientistas”. Vale defender todas as vidas, mas desejar a morte, o suicídio de alguns. Vale exigir que todos se tranquem e sair para jogar futebol, sinuca, para pegar uma praia. Vale não usar máscaras, mas exigir que os outros usem, aglomerar e condenar aglomerações. Vale dizer, sem ter como provar, que salvou milhares de vidas. Vale trancar tudo e partir para uma “liberdade vip”.

O duplo padrão e a falta de critérios são uma praga mundial e permeiam tudo o que estamos vivendo

Os hipócritas, demagogos, oportunistas e egoístas, tentando sinalizar virtudes, também são dados a condenar pesadamente o protesto de uma juíza num shopping e ignorar os absurdos que o STF faz quase todos os dias. Querem restringir de todas as maneiras a liberdade de expressão, interditar o debate, impor um pensamento único. Querem decidir o que se pode e o que não se pode falar, controlar o comportamento humano, impor o “politicamente correto”, exatamente como fazem as grandes empresas de tecnologia.

Banir Donald Trump das redes sociais é um absurdo. Não estou aqui defendendo a invasão ao Capitólio americano, que deve ser repudiada, mas é pura interpretação dizer que o presidente dos Estados Unidos “incitou seus apoiadores à insurreição”. E o que fez a deputada democrata Maxine Waters? Na rua, microfone na mão, pediu que integrantes do governo Trump fossem perseguidos em restaurantes, lojas, aeroportos... Kamala Harris, vice-presidente eleita, fecha os olhos para a violência dos “antifas” e do movimento Black Lives Matter. Ela quer libertar integrantes desses grupos presos no ano passado.

Há muita gente fingindo preocupação com ataques à democracia. Há pouca gente questionando o duplo padrão das chamadas Big Techs, que, de certa forma, derrubaram o monopólio da informação da imprensa tradicional para instaurar um monopólio próprio, uma falsa ética. Os democratas de meia-tigela aplaudem os filtros ideológicos, a guerra às mídias sociais alternativas, os oligopólios. São eles que andam dizendo por aí que, em breve, você não terá nada (nem liberdade, claro) e será feliz.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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