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A turma no poder é a lei. É essa turma que decide quem é criminoso e quem não é. Só esse grupo sabe o que é verdade e o que é mentira, o que é importante, o que é importantíssimo e o que é irrelevante. E pronto, não há discussão. O debate está interditado. Opiniões contrárias à elite no poder são proibidas. Melhor concordar com tudo o que dizem Lula, Dino, Moraes... Melhor defender suas ideias fajutas, toda e qualquer espécie de abuso, como se nossa salvação realmente dependesse dos absurdos em curso.
Quem precisa de um PL da Censura para calar opositores? Não há tempo a perder. Se o texto não passa na Câmara, vai na força bruta mesmo, como tem sido há quatro anos, desde a abertura do tal inquérito das fake news, que não termina nunca. Quantos juristas respeitáveis já disseram que esse inquérito é ilegal? Quantos especialistas acima de qualquer suspeita reclamaram do inquérito dos atos antidemocráticos, que virou inquérito das milícias digitais? O STF pode “investigar” e “julgar” qualquer um, mesmo quem não tem foro privilegiado... O Supremo não precisa da provocação da Procuradoria-Geral da República ou de autoridades policiais, não precisa de objeto definido... Repito: a turma no poder é a lei.
Quem precisa de um PL da Censura para calar opositores? Não há tempo a perder. Se o texto não passa na Câmara, vai na força bruta mesmo, como tem sido há quatro anos, desde a abertura do tal inquérito das fake news, que não termina nunca
O importantíssimo é ligar Jair Bolsonaro a algum crime, qualquer um, mesmo inexistente, é tirá-lo do jogo político. Então, um dos sistemas judiciários mais caros do mundo, com todo o aparato da Polícia Federal, resolve fiscalizar carteira de vacinação. A PGR afirma que “não há indícios minimamente consistentes para vincular o ex-presidente da República e sua mulher aos supostos fatos ilícitos descritos na representação da Polícia Federal, quer como coautores, quer como partícipes”. E nada muda, a operação policial é urgente.
Seis prisões são feitas, prisões preventivas... E lembro-me do assaltante que invadiu minha casa em São Paulo, que eu capturei, entreguei à polícia e que foi libertado no dia seguinte, na audiência de custódia. Era urgentíssimo devolvê-lo às ruas, liberar Lula, Sérgio Cabral, André do Rap, tantos corruptos, traficantes, assassinos, estupradores. Assim, a lista de prioridades da Justiça e da polícia empurra o país, cada vez mais, para o inferno dos crimes, não os supostos, os pequenos, menos ofensivos... Sempre defendi tolerância zero à prática de crimes, mas com a força, com o peso que cada caso exige, com base na lei. Infelizmente, tudo passou a ser determinado por interesses políticos, por desejos tirânicos.
Importante é prender o tenente-coronel Mauro Cid, prender Anderson Torres, Daniel Silveira, o cacique Serere, Bismark Fugazza, do canal Hipócritas, um monte de gente que nem estava na Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro. São esses os maiores criminosos do Brasil. Importantíssimo é prender Bolsonaro. Lula é um santo homem. Se está cada vez mais próximo do Eixo do Mal, da China, da Rússia, do Irã, da Venezuela, da Nicarágua, é na melhor das intenções. Se ele diz que os criminosos do MST são boa gente, vamos acreditar, vamos defender a participação do grupo no governo. É uma ordem; cumpra-se.
Importantíssimo é espancar o agronegócio, pedir a estrangeiros que não invistam no Brasil. É urgente falar mal dos Estados Unidos, de Israel, constranger a Europa. É urgentíssimo salvar a Argentina... Lula vai fazer “todo e qualquer sacrifício” (com o dinheiro dos nossos impostos) para ajudar o país vizinho, um caloteiro contumaz, levado ao fundo do poço por quem pensa exatamente como o PT. E quem vai salvar o Brasil? Um arcabouço fiscal fajuto, mal montado sobre duna de areia bem fina, na areia movediça. O governo quer gastar, gastar, gastar... Urgentíssimo é criar impostos, aumentar alíquotas dos já existentes; alguém precisa pagar a conta.
E a ironia termina no último parágrafo. O que nos resta, parece, é pressionar os parlamentares, deputados e senadores. Arthur Lira, presidente da Câmara, disse que sonha com o dia em que “o plenário da Casa vai saber se comportar”... E o bedel já teve duas belas demonstrações de avanço: nossos deputados barraram o PL da Censura e a tentativa do governo federal de destruir o Marco do Saneamento Básico. É muita ingenuidade esperar que, como mágica, Lira e Pacheco, eles próprios, passem a se comportar? Podemos esperar que eles decidam respeitar a democracia, abandonar a politicagem, os interesses próprios e escusos, os acordos espúrios, as barganhas rasteiras e passem a trabalhar pelo Brasil e pelos brasileiros? Isso é urgente, é urgentíssimo.
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos