Sinto que exagerei no nariz de cera nas minhas duas últimas colunas. Em vez de ir direto ao assunto, ao principal, os primeiros parágrafos ficaram entregues a pensatas, a um tipo de crônica que desapareceu. Não quero me perder de novo em lirismo, em sentimentalismo... E temo que três frases nesse caminho já indiquem que estou repetindo o equívoco. Então, vamos ao que interessa: quem ainda acredita em pesquisa eleitoral? Já não bastam todos os erros recentes que foram cometidos, nos Estados Unidos, no Brasil, até na boca de urna? É uma bobagem acreditar nessa historinha de que as empresas que fazem os levantamentos são institutos, que todos os que encomendam pesquisas – veículos de comunicação, bancos, federações e confederações empresariais – são isentos até o último fio de cabelo.
Estudei estatística por um ano na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Ainda tenho pesadelos com o quadro azul coberto de números em giz nas aulas intermináveis de Cálculo, Cálculo Integral e Álgebra. Quem sou eu para ficar discutindo metodologia de pesquisa, coleta de dados, amostragem? Minha ignorância matemática é tremenda, apenas tive sorte de ser de uma geração que ainda era obrigada a decorar a tabuada. Pelo menos, ouvi boas piadas sobre estatística na Uerj, enquanto sonhava estudar literatura brasileira (jornalismo não me passava pela cabeça)... Estatístico é alguém capaz de morrer afogado num lago com profundidade média de 30 centímetros... É uma pessoa que deveria matar a fome, apenas observando um amigo devorar sozinho um galeto inteiro. Afinal, na média, os dois teriam comido meio galeto, cada um.
No caso de pesquisas eleitorais, o mais grave é que haja pessoas que ainda se guiem por elas na hora de decidir em quem votar. O ideal seria comparar propostas de governo, entender bem o que cada candidato representa e propõe
Não quero desdenhar da estatística e dos estatísticos. Sim, eles têm sua importância, continuarão tendo, mesmo que digam por aí que os números sempre confessam quando são torturados, mesmo que exista até livro explicando como é possível mentir usando a estatística. No caso de pesquisas eleitorais, o mais grave é que haja pessoas que ainda se guiem por elas na hora de decidir em quem votar. O ideal seria comparar propostas de governo, entender bem o que cada candidato representa e propõe. Corruptos, bandidos contumazes não deveriam nem participar de uma eleição. E ninguém deveria mais defender o que nunca deu certo, e nunca dará. As fórmulas corretas estão na cara, são simples... A estatística comprova: mais Estado quer dizer sempre mais atraso, mais roubalheira, menos liberdade.
Há multidões nas ruas, nas redes sociais, acompanhando um podcast. Há manifestações quilométricas, democráticas. Apoio verdadeiro, genuíno, não remunerado... Há pesquisas que não precisam ser feitas, estão escancaradas, gritando contra um Judiciário politizado e sua interpretação muito própria das leis. Um consórcio de imprensa, numa guerra particular insana, tentando derrubar os fatos, o que é exato, irrefutável. Há um resultado desonestamente desejado, que escapa de qualquer ciência, que tentam estabelecer como correto. E não dá para dizer que a imprensa, o Judiciário, que a estatística e a política são uma fraude... O problema é que há fraudadores em todo canto.
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