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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

Um instinto assassino

O filósofo Olavo de Carvalho
O filósofo Olavo de Carvalho quando morava em Curitiba, em 2004, durante entrevista para a Gazeta do Povo. (Foto: Rodolfo Bührer/Arquivo Gazeta do Povo)

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Há um instinto assassino em quem festeja a morte. Um ódio disparado como fogos de artifício sem graça, apenas barulhentos, incômodos. Execração assim denota medo, fraqueza, covardia. Festejam a morte física de quem não puderam derrotar com argumentos, com sabedoria. Saem de suas tocas os pequenos, os miúdos, rondam, achando-se vencedores. Vão estrebuchar de ódio, deparando-se com seu impossível desejo de evitar, de limitar, de banir ideias diferentes das suas. Odeiam quem não pensa como eles, quem provoca o pensar, quem oferece o debate. Imaginam-se vingadores, mas nunca haverá vingança contra o que é eterno.

Falsos intelectuais desnudados, comunistas destruídos, eles estão cuspindo por aí. Acham que derrotaram um malvado... Não se olham no espelho, não querem saber de senso crítico, ou talvez pudessem entender que o pior dos males é aquele que se disfarça de bem. Querem transformar o mundo, achando que sabem o que é o mundo, que sabem exatamente de tudo. Não têm ideia do que se trata a busca pelo conhecimento, são inconsequentes. E Olavo de Carvalho ensinou: “Saber primeiro para julgar depois é o dever número um do homem responsável”.

Festejam a morte física de quem não puderam derrotar com argumentos, com sabedoria. Saem de suas tocas os pequenos, os miúdos, rondam, achando-se vencedores. Odeiam quem não pensa como eles, quem provoca o pensar, quem oferece o debate. Imaginam-se vingadores, mas nunca haverá vingança contra o que é eterno

Os idiotas e imbecis não têm coragem moral, coragem para pensar, tentam nos empurrar para a tirania do coletivismo, a tirania total. São ardilosos, mas não podem disfarçar bem seu mundinho de mentiras e fantasias. Não admitem nem perguntas, e sem elas não se chega à verdade... Quando perguntei, certa vez, a Olavo de Carvalho o que é inteligência, a resposta foi direta: “Inteligência é a capacidade de perceber a verdade”. E é sofrido entender que essa definição nos atira a um mundo de néscios e ignorantes, gente que nunca leu sequer um livro do filósofo, ensaísta, pensador, do grande provocador, no bom sentido da palavra.

E como Olavo de Carvalho lidou com a morte daqueles com os quais tinha divergências? Primeiro, costumava pedir orações... Quando o filósofo marxista Leandro Konder morreu, em 2014, por exemplo, Olavo elogiou sua capacidade intelectual. Quando morreu o escritor Júlio Severo, a mensagem foi: “Que Nosso Senhor perdoe seus pecados”. Olavo ainda pediu doações para a viúva e os seis filhos de Severo, e conseguiu. Era um homem bondoso, e o ódio contra ele é uma tentativa de barrar sua obra, de desestimular a leitura de seus livros. Ele, que incentivava a leitura de autores marxistas. Para refutá-los, claro. E assim deve ser. Refutem os pensamentos de Olavo de Carvalho. Suas “teorias da conspiração”, infelizmente, estão todas se confirmando.

Sobre o ódio, ele é podre, destrutivo. Não quero o ódio, não importa de onde venha, mas sou contra o banimento, o cancelamento até mesmo de quem destila sentimento tão ruim. Só não venha posar de empático, fraterno, tolerante e solidário, se só age dessa maneira com aqueles que pensam como você, ou com aqueles que não têm um mínimo de informação e de sensibilidade para perceber a hipocrisia, a mentira, o fingimento. A ira, um dos sete pecados capitais, fica pior assim, mas sempre há uma chance, pois, como Olavo de Carvalho ensinou, “o perdão é a lei estrutural do universo”.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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