Sindicalistas e estudantes causam tumulto na votação da privatização da Sabesp.| Foto: Lucas Saba/Gazeta do Povo
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Em “defesa das liberdades democráticas”, a galeria do plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo foi tomada por jovens... Era dia de aprovar a privatização da Sabesp, a companhia de saneamento do estado. Era dia de quebrar tudo, para impedir uma decisão legislativa absolutamente legal e democrática.

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Os mais novos talvez sejam mesmo dados a incoerências, já que podem lhes faltar conhecimento, experiências educadoras, condutoras... Mas a selvageria na galeria da Alesp não autoriza eufemismos, nenhuma tentativa de compreensão dos imaturos, nenhuma possibilidade de aceitação do ódio à liberdade, da violência, da ignorância e do desapego ao mundo real.

Talvez as novas gerações tenham entendido de forma equivocada o conselho que Nelson Rodrigues deu à juventude de outro tempo: “Jovens, envelheçam”. Já que é impossível acelerar a passagem do tempo, e o conselho do dramaturgo nada tinha a ver com isso, o que se viu foi uma autocondenação à pior espécie de velhice: a velhice das ideias, capaz de parar o tempo e inverter o que é bom em ruim, e vice-versa.

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Os nossos jovens estão apodrecendo antes da idade adulta. Os zumbis descontrolados da Alesp, os fascistas, comunistas e terroristas das escolas e universidades. Os apoiadores do Hamas, os inimigos da polícia, do bem, do correto, da família, de Deus

Os distraídos, usando Calvin Klein, Adidas e Nike, eram minoria, mas estavam lá, na galeria transformada em trincheira do mofo, do atraso. Claro, o uniforme padrão não era de “grifes capitalistas”. As camisetas da maior parte dos jovens confirmavam o retardamento da turba, o compromisso com o lixo que tenta arrastar a humanidade há mais de um século para o extermínio das almas, o extermínio da própria espécie.

Os mais agressivos apresentavam no peito e nas costas os nomes de suas gangues: Unidade Popular pelo Socialismo; Movimento Luta de Classes; União da Juventude Rebelião; Poder Popular Socialista; MTST. Todos se renderam precocemente à demência, se enfearam, se embruteceram, querendo achar que representam o amor, a fraternidade, a solidariedade.

E eles têm seus programas políticos, ideológicos, econômicos, sociais... Todos iguais, uma redundância de infantilidade, imaturidade e senilidade. A ideia genial é estatizar tudo, tudo mesmo: propriedades rurais, indústrias, bancos, empresas de comunicação, gravadoras de música, produtoras de filmes, empresas de transporte, estabelecimentos de ensino... Quem quiser cursar uma faculdade deve ter a vaga garantida pelo Estado, sem necessidade de vestibular.

O Estado também deve garantir emprego para todo mundo. Vamos todos virar funcionários públicos. E vamos trabalhar menos, esse é o desejo dos jovens da Alesp e de tantos outros. Eles defendem a redução da carga de trabalho, com folgas obrigatórias aos domingos, em dias festivos e feriados. Com aumento de salários, claro, e liberdade total para fazer greve por qualquer motivo, ou mesmo sem motivo.

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Os ricos vão pagar os impostos, pelo menos até que eles, os ricos, sejam extintos... E não haverá remessa de lucros, de dividendos a investidores estrangeiros. O pagamento de dívidas do país, das dívidas do Estado com “os capitalistas estrangeiros”, será suspenso. O Brasil terá “total independência frente aos países imperialistas, em particular ao imperialismo norte-americano”. E ainda vamos apoiar “a luta de todos os povos e países pela libertação da dominação e espoliação capitalista”.

Estão assim os nossos jovens, já apodrecendo antes da idade adulta. Os zumbis descontrolados da Alesp, os fascistas, comunistas e terroristas das escolas e universidades. Os apoiadores do Hamas, os inimigos da polícia, do bem, do correto, da família, de Deus. Os iludidos, os enganados, os burros... Precisamos reagir... Jovens, despertem. Jovens, amadureçam!

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]