Já pensaram como seriam os debates políticos, se houvesse um detector de mentiras infalível, do tipo que ninguém conseguisse enganar? Que apitasse na primeira lorota, a cada embuste, emitindo um extremo agudo “piiii”... Como o som que é usado para cobrir palavrões em reportagens de rádio e tevê. Não teríamos uma sinfonia, nada que agradasse aos ouvidos, mas seria melhor do que uma mentira atirada descaradamente, e que as regras dos debates não permitiriam que fosse rebatida de imediato. “Piiii”, “piiii”, “piiii”, essa seria a “trilha sonora”.
No primeiro encontro entre os principais candidatos a presidente da República, Lula não tentou negar a corrupção nos governos do PT, preferiu não comentar sua torcida pelo coronavírus, sua paixão por ditadores socialistas... Teria escapado, com seu silêncio, de provocar o apitaço do imaginado detector de mentiras. E, se a tecnologia permitisse também a identificação de bobagens proferidas, de gafes, o “piiii” teria sido ouvido quando Lula anunciou uma pergunta à candidata “Simone Estepe”. E, ainda, quando ele disse que “Dilma foi derrubada por causa de uma pedalada, mas não se fala nada da motociata”... No momento em que Lula travou, no melhor estilo Joe Biden, o aparelho talvez tivesse emitido... gargalhadas.
Já pensaram como seriam os debates políticos, se houvesse um detector de mentiras infalível, do tipo que ninguém conseguisse enganar? Que apitasse na primeira lorota, a cada embuste, emitindo um extremo agudo “piiii”...
Lula disse que foi preso para que Bolsonaro fosse eleito... “Piiii”! Afirmou que foi inocentado no Brasil... “Piiii”! E na ONU... “Piiii”! Desmatamento na Amazônia? O menor foi no governo dele... “Piiii”! Sem o detector de mentiras, bobagens e gafes, o petista acabou levando pancada de Ciro Gomes. O Cirão, que receberia Sergio Moro a tiros (mas fez discurso contra as armas... “Piiii”!), que já distribuiu xingamentos, agressões, que achou justo seu irmão jogar uma retroescavadeira contra policiais amotinados. “Chega de ódio”, disse Ciro. “Piiii”! “Eu quero reconciliar o Brasil...” “Piiii”! “Hora de me conectar com o seu coração...” “Piiii”!
O primeiro debate dos candidatos a presidente foi praticamente uma convenção de mulheres. Quase todas as perguntas foram delas. E viva a igualdade! Simone Tebet adorou, disse que precisamos de uma mulher para arrumar a casa... “Piiii”! Ela afirma sempre que mulher faz o que quer, mas só pode votar em mulher. “Piiii”! Soraya Thronicke concorda, sem pestanejar. Ela confessou que vira onça... “Piiii”! Mas, por via das dúvidas, pediu reforço de sua segurança... “Piiii”! Ninguém pode esquecer que o Brasil tem 75 mil feminicídios por ano... Estatística inventada por uma jornalista, que também mereceria um “piiii”.
Outra jornalista já sabe o que fez a cobertura vacinal contra doenças como a poliomielite cair no Brasil. E não tem nada a ver com as vacinas contra a Covid, que não imunizam... Ela já zombou da ex-ministra Damares, que sofreu abuso quando criança, e precisa decidir logo se quer igualdade no tratamento entre homens e mulheres, ou se é proibido confrontar mulheres com firmeza num debate. Foi criticada por sua militância, pelo ódio a um governo, não por ser mulher. Sua pergunta malandra, provocativa, com resposta falsa embutida, não faz parte do bom jornalismo. E o detector de mentiras, bobagens e gafes a pegaria também, num “piiii” irritante e redentor.
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