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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

Terceirização da culpa

Os estúpidos são os outros

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva. (Foto: EFE/Andre Borges)

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A estupidez já não dá manchete. Quase deixou de ser notícia. Mesmo que seja uma estupidez, assim, presidencial, vai para o meio do jornal. Ganha o mesmo espaço nos principais jornais do país: quatro parágrafos curtos apenas, caindo para o pé da página. As matérias trocam a falta de compostura, de decoro, de respeito à liturgia do cargo, trocam o indecente, o palavrão por uma historinha que fala em “mágoa”, em “emoção”, que cita a dureza da prisão. E os estúpidos somos nós.

A estupidez latente, cheia de raiva e rancor, selvagem, não ganha nem disfarce de gafe, deslize, nada disso. Ninguém questiona. Fica sendo uma reação legítima a uma injustiça... A vítima chora. Quem vai pagar por suas lágrimas recolhidas num guardanapo de papel? As lágrimas e as páginas secundárias dos jornais querem estabelecer que o “injustiçado” pode ser dominado por rancor, raiva, ódio, desejo de vingança, pode ser tomado pelo que nada tem de bom, e continuar sendo o transcendental salvador de todos nós, ou melhor, de quase todos.

Os estúpidos estão na rua, pedindo cabeças, reinventando o fogo. Querem destruir pessoas, destruir um país inteiro

Claro, há estupidez na primeira página dos jornais, mas não tratada dessa forma. Vem embaladinha como coisa boa, interpretada e reinterpretada. O problema é que vai dar errado, quem não é estúpido sabe disso. Quando vai ficar tudo bem? Quando ferrarem tudo? Quando implodirem o teto de gastos? Quando derrubarem a autonomia do Banco Central? Quando acabarem com as metas de inflação e baixarem a taxa de juros na marra? Quando controlarem os preços de produtos e serviços? Quando aumentarem mais e mais os impostos, estatizarem geral? Talvez quando todo mundo for funcionário público...

Há estupidez de todo tipo. Há grosserias, indelicadezas, descortesia. Há burrice, tolice, idiotice. No fim das contas, há ignorância; o estúpido acha lindo o não saber. Ele é preguiçoso, não gosta de estudar. Ler não é com ele, mas o estúpido sabe que os livros que não leu, ou seja, todos os livros, estão ultrapassados... Ele acha que é só chamar gasto de investimento que tudo se resolve. Então, enquanto não houver como gastar mais, não tem “ajuste fiscal”. Estamos nesse nível de estupidez.

Os estúpidos dizem que responsabilidade fiscal é inimiga da responsabilidade social. Eles ainda acreditam no Estado fomentador de crescimento e desenvolvimento. Não gostam do capital privado, de quem faz sucesso na economia de mercado. Os estúpidos abominam o mérito, têm seus escolhidos podres. Eles adoram imprimir dinheiro e não querem saber do Brasil na OCDE. Vão distribuir nossos impostos aos “irmãos menores” da América Latina. Agora os estúpidos amam o orçamento secreto, não reclamam mais da falta de transparência nem da barganha política. Estupidez na veia sempre.

Os estúpidos estão na rua, pedindo cabeças, reinventando o fogo. Querem destruir pessoas, destruir um país inteiro. Fazem tanta bobagem, falam tanta besteira... E correm para a China, em grande comitiva, porque nada é tão ruim que não possa piorar. Eles têm segredos, têm sigilos, e suas ideias velhas e imbecis jamais se transformarão em coisa boa. A desculpa para o fracasso é antecipada, é esfarrapada. A estupidez inventa que recebeu uma herança maldita... São os estúpidos os velhos novos falsos heróis. Eles não têm culpa de nada; a culpa é dos outros.

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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