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Luís Ernesto Lacombe

Luís Ernesto Lacombe

Reino dos absurdos

O empresário Luciano Hang e o presidente da CPI, Omar Aziz
O empresário Luciano Hang e o presidente da CPI, Omar Aziz. (Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado)

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É um absurdo atrás do outro. O avesso de tudo o que é desejável: a verdade, o fato, o argumento, o bom senso, a isenção, a imparcialidade... Quer saber como não se realiza um depoimento? É só assistir às sessões da CPI da Covid. A maior parte dos senadores está descontrolada. Claro, o que essa turma fala e faz é irrelevante; sua guerra eleitoral é muito particular. Por isso, entendo que, com o tempo curto, ninguém decente deve perder um minuto sequer com sessões fedorentas, mas é urgente que se faça um alerta.

Não ouse tratar pelos nomes seres tão especiais. “Eu sou senador da República!” virou “Sabe com quem está falando?” Você conseguiria chamar Renan Calheiros e Omar Aziz de “vossa excelência”? Não enroscaria na garganta? Acho que “senhor” não pode. Mas eles são, sim, os “senhores dos absurdos”. Nunca pensaram em tomar o Código de Processo Penal como referência. Autoritarismo, abuso de poder e cerceamento de defesa, isso não falta na CPI, para horror dos verdadeiros juízes, procuradores e delegados de polícia. “Não adianta reclamar porque vai fazer do jeito que eu quero”, deixou claro Omar Aziz. Renan Calheiros já disse que, como relator, “pode produzir prova”...

Esses senadores da CPI são “comordidades”, doenças que o Brasil enfrenta há tempos. Mas eles não desistirão. São os brasileiros que precisam desistir deles

Crime não há. Eles estão à procura de um. O criminoso já estava escolhido. Quem é próximo dele vira cúmplice. No mínimo, cai por propagação de “fake news”. E você sabe o que é isso? Mentiras a gente conhece bem. Os senadores são muito afeitos a elas, num plural bem generoso: “Metade das mortes por Covid poderia ter sido evitada”, “Poderíamos ter o dobro de vacinas hoje no Brasil”, “Não existe imunidade de rebanho”, uma consequência lógica de infecções e vacinação...

Mentem com tanta cara de pau que chegam ao ponto de propor um concurso de honestidade. “O senhor não é mais honesto nem mais trabalhador do que ninguém aqui”, afirmou Aziz para o empresário Luciano Hang (Lula, que já se declarou “a alma mais honesta do Brasil”, será hors concours). Claro que, num concurso de honestidade sério, Aziz, Lula e Renan não teriam chance. São colecionadores de investigações, processos, indiciamentos e até condenações, no caso do ex-presidente.

Sim, a CPI é esquizofrênica. Num dia, ouve a advogada que fala por 12 clientes que se mantêm anônimos... É a nova modalidade de depoimento por procuração, o advogado substitui o cliente na audiência. No outro dia, o advogado não pode abrir o bico. É do jeito que eles querem, esqueceu? Esses senadores são “comordidades”, doenças que o Brasil enfrenta há tempos. O “rezisto” é de que eles têm alto potencial de destruição. Definitivamente, eles “fragelam” a nação. E nem a língua portuguesa escapa.

Então, aqui vem meu alerta... Omar Aziz sai da sessão com Luciano Hang com 200 cilindros de oxigênio, que o empresário enviou para Manaus, tilintando na cabeça. Renan Calheiros não terá como produzir nada além de um relatório final juridicamente nulo. Mas eles não desistirão. São os brasileiros que precisam desistir deles. Ou vamos ficar em casa até sentirmos falta de ar?

Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos

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